Logística do Hidrogênio Verde será um desafio para o mercado; veja alternativas possíveis
Tema foi discutido na feira Expolog, nesta quarta-feira (23), em Fortaleza
O transporte do hidrogênio verde (H2V) será um desafio para o mercado, mas já há diversas alternativas sustentáveis testadas mundo afora, conforme aponta a Consultora Internacional da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Monica Saraiva Panik.
Para ela, o transporte do elemento químico em caminhões, por exemplo, “só faz sentindo se ocorrer de forma limpa, sem emissão de gases”. A especialista participou de painel, nesta quarta-feira (2), na feira Expolog. Na ocasião, foram debatidos os obstáculos e os avanços dessa “energia do futuro”.
O hidrogênio já é um gás usado como fonte para transportes e para a indústria. As duas formas mais consumidas desse elemento químico são a marrom (gerado por carvão) e a cinza (gerado por metano).
Ambas são extremamente poluentes e vão de encontro à descarbonização da economia. Já a terceira é o H2V, produzido a partir de fontes renováveis.
A geração via energia eólica, solar ou de biomassa garante um processo limpo e sustentável para reduzir as emissões de gás carbônico de diversos setores econômicos que utilizam a substância. Diferenciando-se dos demais, portanto, por não utilizar combustíveis fósseis (não renováveis) na sua produção.
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Durante o evento, Monica apontou que a Europa e a Califórnia pretendem ter 100 mil caminhões operando de forma sustentável para carregar o produto, até 2023.
Além disso, há o transporte marítimo, mas, frisou, também exige combustíveis sustentáveis para os navios. Portanto, avaliou, é fundamental também descarbonizar a cadeia logística. Outro caminho é o envio do H2V através de gasodutos.
"Oportunidade especialíssima"
O consultor em energia da Fiec, Jurandir Picanço, destacou que o Ceará tem ao seu favor a logística do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). “Quando participamos da conferência do clima no Egito, vimos que todos os países estão empenhados com a descarbonização", disse.
"Sabemos que, nessa linha do Hidrogênio Verde, terão dificuldades de antecipar as metas porque não tem navios preparados para esse transporte, ou seja, [esse movimento] ainda está começando”, completou. Contudo, ponderou, a expectativa é de que o Brasil tenha sucesso nesse processo mundial.
Temos uma oportunidade especialíssima, em especial o Ceará. Todos os estudos mostram que temos as melhores condições para energia renovável e para o hidrogênio verde"
Jurandir lembrou que diversas empresas firmaram memorandos de entendimento e estão em processo avançado para a abertura de uma usina no Ceará.
O coordenador do Núcleo de Energia da Fiec, Joaquim Rolim, explicou que a logística para o H2V a ser produzido aqui é avaliada pelas próprias companhias interessadas, com estudos técnicos e operacionais.
“Há várias possibilidades, como um hidrogênio comprimido e em forma de amônia. No mercado interno, também há a possibilidade de usar e tubulação”, enumerou.
“O hidrogênio tem uma capacidade muito grande de se adaptar e de poder ser um vetor energético, com tantas características e a melhor opção em substituição aos combustíveis fósseis”, enfatizou Rolim.
A Expolog segue nesta quinta-feira (24), no Centro de Eventos, em Fortaleza. As inscrições são gratuitas e podem ser efetuadas no local do evento ou no site da Expolog.