Levy: Oportunidades de investimento serão decisivas na retomada

As possibilidades de negócios evitariam que os recursos deixem o País diante de uma taxa de juros tão baixa, segundo o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy. Para ele, momento para o Brasil é de se reposicionar no mercado externo

Escrito por Redação , negocios@svm.com.br
Legenda: Lide Ceará promoveu debate entre empresariado cearense e o ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy
Foto: Foto: Reprodução

Com o último corte da Selic para 2,25% ao ano, novas possibilidades de investimentos precisam ser criadas para evitar a consequente saída de capital do País. Para o ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o cenário favorece a retomada econômica brasileira mediante oportunidades de negócios que sejam atrativas a investidores estrangeiros.

Durante transmissão ao vivo na tarde de ontem (18) promovida pelo Lide Ceará, Levy ressaltou que é momento de aproveitar a situação para sair na frente. "É hora de ligar a política de juros, a inflação baixa e novas áreas de investimentos. Se não houver oportunidade de investimentos, o dinheiro vai sair do Brasil. E aqui eu tenho que ressaltar o trabalho do senador Tasso Jereissati no novo marco regulatório do saneamento, que não vai usar recursos externos, não vai aumentar a pressão da dívida, e deve ajudar na criação de empregos", destacou. Segundo ele, há uma convergência para a aprovação do projeto.

Por abrir caminho para maior envolvimento de empresas privadas no setor, o ex-ministro acredita que poderá vir a ser uma boa possibilidade de investimento. "É uma área que pode reunir recursos privados domésticos que vão render mais que a Selic. Imagina conseguir financiar um projeto a 5%, é bom pra todo mundo: poupador, empresas, e população", argumenta.

Energia

Uma das principais vantagens do Brasil para a retomada e o fortalecimento da econômica no cenário externo é a diversidade de possibilidades de geração de energia. Segundo Levy, o País tem capacidade de triplicar a capacidade instalada apenas com a energia eólica offshore.

Ele ainda detalha que o Brasil possui uma correlação favorável entre as fontes que permitem uma produção estável enquanto os períodos mais fortes de chuvas, ventos e sol alternam entre si. "Nós conseguimos continuar aumentando a parcela de geração renovável mantendo a produção firme", apontou o ex-ministro, citando o Ceará como um dos pioneiros a investir em energias alternativas.

Além da própria independência energética, o investimento em energias renováveis pode beneficiar a produção brasileira por reduzir a emissão de carbono. "Se o Brasil se posicionar como um país de energia limpa, será muito melhor que outros. Em um período no qual pode haver tantas barreiras ao comércio, com restrições, ter isso claro é muito bom. Mostrar que a nossa produção tem baixa emissão de carbono é vantagem, e quase sem gastar mais".

Ele ainda sugere que leilões conjuntos, abrangendo lotes de energia eólica e solar ao mesmo tempo, poderiam aumentar a atratividade para os investidores.

Indústria

Ter uma energia mais limpa pode contribuir para a inserção da indústria brasileira em grandes cadeiras mundiais, defende. Segundo Levy, alguns países perceberam durante a pandemia do novo coronavírus que dependem de um único fornecedor e estão repensando a questão, o que abriria uma oportunidade para o Brasil entrar em cadeias mais robustas. Para ele, a continuidade da abertura da economia ainda irá ajudar no ganho de produtividade, melhorando a qualidade da produção nacional. "Competir faz a gente ser melhor", aponta.

O ex-ministro ainda observa que a pandemia acelerou o processo de mudanças tecnológicas que afetam tanto o trabalho como o consumo. Diante disso, ele ressalta que é necessário capacitar o trabalhador para a nova realidade, que tem por objetivo aumentar a produtividade, seja do setor privado, seja da própria máquina pública na prestação de serviços.

"Trabalhar em casa aumenta a produtividade. Em vez de ficar duas horas na condução, o trabalhador tem mais tempo para si, além de diminuir o engarrafamento das cidades. Alguns serviços que antes demoravam 20 dias para serem realizados, hoje são entregues em 20 minutos. Mas também temos que cuidar daqueles que vão conseguir encontrar um trabalho de volta, repartir essa maior produtividade com alguns que vão ser deslocados".

 

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