Investimento em infraestrutura de telecom traz mais benefícios

O retorno no setor é de US$ 1,4 para cada US$ 1 aplicado, o que supera a média observada na indústria automotiva

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Legenda: Estado conta com 11 cabos submarinos de fibra ótica que conectam o Ceará à África, Europa e Estados Unidos. Estão previstos investimentos internacionais no setor, além de projetos de polos tecnológicos

Com projetos para polos de tecnologia planejados por governo estadual e Prefeitura de Fortaleza, investimentos internacionais e o promissor segmento de pequenos provedores de internet, o Ceará tem tudo para gerar mais riqueza do que uma das indústrias mais cobiçadas pelo Estado, a automotiva. A relação entre investimento e retorno em telecom é de US$ 1,4 para cada US$ 1,4 aplicado - superando a média de US$ 1,2 apresentado pela outra indústria.

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A relação foi destacada pelo diretor de Infraestrutura do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móveis Celular e Pessoal - SindiTelebrasil, Ricardo Dieckmann. Ele observou que, apesar de todo potencial existente no Ceará, se as condições básicas de infraestrutura não forem asseguradas, o setor pode não apresentar o desenvolvimento almejado.

"Telecomunicação tem se tornado infraestrutura básica e necessária para o desenvolvimento. Ninguém vai instalar indústria em município que não tem telecomunicações. Além de tudo, é preciso ter serviços inteligentes, para que o cidadão possa acessar da casa, do celular dele, sem precisar deslocar e gastar o tempo da pessoas", analisa.

Dieckmann alerta que só os 11 cabos submarinos de fibra ótica - que estão conectados na Praia do Futuro e fazem de Fortaleza a cidade de maior concentração deste equipamento em toda América Latina - não são suficientes para garantir ao Ceará serviços de telecom mais rápidos e de preços mais baixos.

Gargalos

Para que isso ocorra realmente, é necessário que todos os agentes envolvidos neste mercado - iniciativa privada nacional e internacional e, principalmente, poderes públicos - atuem de forma conjunta, em um trabalho de fortalecimento e desenvolvimento do setor no Estado.

Porém esta articulação não tem funcionado a contento, o que ocasiona em um prejuízo financeiro e no progresso das telecomunicações no Brasil de um modo geral, segundo avalia o diretor de Infraestrutura do SindiTelebrasil. Ele conta que o gargalo de maior persistência para o setor em todo o País é o da instalação de novas antenas.

"Tivemos uma evolução de tecnologia que a legislação não acompanhou", lamenta Dieckmann referindo-se ao desenvolvimento de novos equipamentos de retransmissão de sinal.

De acordo com o diretor, a instalação das grandes estruturas para antenas ocorre apenas em casos bem específicos, "em locais bem afastados, onde não há cobertura".

Foi por conta desses equipamentos que a maioria das legislações municipais se resguardaram, na busca de evitar problemas à população por conta da radiação emitida pelas Erbs. No entanto, segundo defende o diretor, não há estudos que comprovem qualquer dano ao ser humano e, hoje, o que se mais utiliza são pequenos retransmissores para fazer com que o sinal das antenas se propague pelas áreas da cidade onde há maior concentração de pessoas - e, por isso, maior necessidade de sinal.

Antenas e fibras

Neste cenário, Fortaleza é destacada pelo executivo como uma das piores no quesito, de acordo com levantamento feito pelo SindiTelebrasil em março deste ano. "O Brasil tem uma constituição que dá competência ao município a fazer uso do solo e o ente federal, no caso a Anatel, cuidar das questões de telecomunicações. Apesar de ser uma lei das antenas ser muito boa e já ser em 2015, o que a gente nota? Há uma demora dos municípios em prover essa adequação", aponta.

Além da dificuldade de instalar, Dieckmann ainda aponta dificuldades enfrentadas em cobranças pelo uso de postes. Outra questão levantada por ele diz respeito à instalação de cabos de fibra ótica.

"No nosso País tem uma dificuldade muito grande de competitividade, custo Brasil e por aí a fora. Quando você tem município sem infraestrutura adequada, o custo de produção, custo para a população... O impacto disso tudo é muito negativo e isso pode e deve ser agilizado", observou Dieckmann. (AOL)

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