Empresa de consórcio do Anel Viário já estava em recuperação judicial antes de licitação
Obras estão paralisadas há vinte dias de prazo para conclusão.
Uma das empresas responsáveis pelas obras do 4° Anel Viário de Fortaleza, que estão interrompidas após paralisação e demissão dos funcionários, já estava em recuperação judicial antes de assumir a licitação.
A Coesa Construção e Montagens está nessa situação desde outubro de 2021.
Veja também
A recuperação judicial é um instrumento legal para que empresas em crise renegociem suas dívidas, evitando a falência e a demissão dos funcionários.
Segundo o Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral, a empresa foi fundada em agosto de 2013 e tem sede no bairro Itaim Bibi, em São Paulo.
A Coesa atua com serviços de engenharia, construção e aluguel de máquinas e equipamentos comerciais.
O Diário do Nordeste questionou o Governo do Ceará se a contratação de uma empresa em recuperação judicial poderia indicar problemas no andamento dos trabalhos, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para posicionamento.
A reportagem também tentou contato com a Coesa e as outras empresas do consórcio para entender mais sobre a pausa nas obras e aguarda retorno.
A construção do 4° Anel Viário se arrasta há 15 anos e já passou pelas mãos de diversas empresas.
A rodovia começou a ser projetada em 2010, com a promessa de ser uma alternativa ao tráfego intenso entre Fortaleza e os portos do Pecém e do Mucuripe.
CONSÓRCIO DE QUATRO EMPRESAS GANHOU LICITAÇÃO
O consórcio formado pela Coesa, Laca Engenharia, Dact Engenharia e Saied Engenharia ganhou a licitação e assumiu as obras do 4° Anel Viário em 2024.
Laca, Coesa e Dact têm 30% de participação no consórcio, sendo a primeira líder do consórcio. Já a Saied têm 10% de participação. A associação foi nomeada 'Consórcio Novo Anel Viário'.
O investimento público para a execução dos serviços remanescentes da construção da rodovia foi de R$ 97 milhões. O consórcio iniciou as atividades em agosto de 2024, com prazo de conclusão para o fim de 2025.
As obras estão paralisadas deste a última segunda-feira (8), a menos de um mês do prazo previsto para a entrega, no fim de 2025.
A Secretaria de Obras Públicas (SOP) do Governo do Ceará afirmou, em entrevista em coletiva de imprensa, que as obras foram paralisadas de forma unilateral e indevida pelas empresas.
TRABALHADORES DA OBRA FORAM DEMITIDOS
Todos os trabalhadores da obra foram demitidos, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral do Estado do Ceará (Sintepav-CE).
Um funcionário de uma das empresas do consórcio alega que os pagamentos do serviço estavam atrasados. A reportagem também questionou o Governo do Ceará sobre a informação e aguarda retorno.
Segundo o Sintepav-CE, os trabalhadores paralisaram as atividades por atrasos recorrentes no pagamento de salários, horas extras e cestas básicas.
Após o sindicato ser acionado, o consórcio decidiu pela demissão e deu aviso prévio a todos os trabalhadores.
Ainda segundo informações do coordenador de fiscalização do Sintepav, Archimedes Fortes, um representante do consórcio teria relatado que os problemas financeiros seriam resultado de uma pendência de cerca de R$ 13 milhões do Governo em relação às empresas.