Diretoria da Americanas omitiu do conselho operações que causaram rombo, diz colunista

Executivos teriam negado, pelo menos em quatro ocasiões, que a varejista executava as operações que provocaram o prejuízo bilionário

Escrito por Redação ,
Fachada de loja americanas em shopping
Legenda: Suposta fraude maquiagem a saúde do empreendimento, que aparentava ser saudável e distribuía mais dinheiros aos acionistas e executivos
Foto: divulgação

O rombo bilionário nas Americanas, que provocou a recuperação judicial da empresa, teria sido omitido do conselho pela diretoria. A informação, revelada nesta quinta-feira (2), consta em documentos da investigação interna, em curso no empreendimento, que indicam que os executivos foram questionados pelo comitê de auditoria, em ao menos quatro ocasiões, sobre movimentações que geraram o prejuízo na varejista, mas, em reposta, eles negaram a existência das operações.

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Segundo a colunista do jornal O Globo, Malu Gaspar, o núcleo de audição, formado por três conselheiros, era uma das instâncias em que o balanço financeiro tinha que ser submetido antes de ser aprovado pelo conselho de administração para, então, ser divulgado para o mercado. 

Os registros internos, revelados pela publicação, indicam que, em agosto de 2020, maio de 2021, agosto de 2021 e novembro de 2022, a diretoria declarou ao comitê de auditoria que a Americanas não tinha operações de "risco sacado". A descoberta pode mudar o rumo das investigações sobre o rombo na varejista. 

O mecanismo "risco sacado" funciona da seguinte forma: os bancos liberam linhas de crédito para que fornecedores descontem suas faturas com desconto, e depois cobram o valor da Americanas. Esse tipo de financiamento é comum no setor.

A regra indica que o valor de empréstimo realizado nessa categoria seja declarado no balanço como dívidas (passivo). No entanto, a empresa não indicava que realizava esse tipo de transação, que somava R$ 20 bilhões em janeiro, pelo menos desde 2016. Ao todo, o empreendimento possui mais de R$ 43 bilhões em dívidas. 

A suposta fraude maquiava a saúde financeira da Americanas, que aparentava está saudável. Com o lucro inflado, também era possível que a empresa distribuísse um número elevado de dividendos para acionistas e bônus para os executivos. 

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Após o novo CEO, Sérgio Rial, admitir publicamente que encontrou “inconsistências contábeis” no balanço, a varejista solicitou recuperação judicial, a diretoria foi demitida, Rial se afastou, e as instituições financeiras credoras começaram a acusar os acionistas principais do empreendimento — o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles — de serem responsáveis pela “maior fraude corporativa da história do Brasil”, como classificaram. 

Em nota, os acionistas principiais da Americanas se defenderam e declararam que não tinham conhecimento de "manobras ou dissimulações contábeis na companhia".  

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