Como dívida da Americanas pode afetar o preço do ovo de Páscoa neste ano? Entenda
Fábricas podem decidir reduzir produção ou redirecionar a oferta que normalmente vai para a varejista, importante distribuidora do produto
A dívida de R$ 43 bilhões reportada pela Americanas nas últimas semanas deixou o mercado em alerta para uma possível falência ou fechamento de lojas. A situação pode, inclusive, afetar o preço dos ovos de Páscoa nos meses de março e abril.
As lojas da Americanas são importantes distribuidoras do chocolate produzido sazonalmente. Para o economista Alex Araújo, a instabilidade na empresa pode pesar na decisão das fábricas quanto ao volume de produção neste ano.
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Caso os produtores optem por reduzir a produção por escolher não contar com a Americanas para a distribuição, o preço do ovo de Páscoa pode se tornar mais alto. Outra opção pode ser o escoamento da produção em outros distribuidores, como supermercados, envolvendo negociações que podem acabar sendo vantajosas ao consumidor.
Momento incerto
Alex Araújo explica que desde a polêmica envolvendo a Americanas vários fornecedores começaram a revisar políticas de crédito e prazos para evitar não receber pagamentos. Ele destaca que essa postura pode afetar a comercialização de itens pela empresa.
No caso da Páscoa, como hoje temos o início das decisões de produção das fábricas, é muito provável que as fábricas tomem a decisão ou de reduzir a oferta ou redirecionem para os supermercados. O impacto no preço depende muito de como os distribuidores alternativos se colocam no mercado. Teria um aumento de preços caso haja uma produção menor que a demanda".
Segundo o economista, a tendência é que os fornecedores busquem distribuidores alternativos, já que uma redução de produção traz prejuízos às fábricas. Os supermercados ficam dessa forma em uma posição favorável para negociações, podendo conseguir preços melhores.
“Pode ser que o consumidor acabe ganhando depender dos acordos dos supermercados, eles agora têm a vantagem porque têm que substituir esse grande distribuidor”, coloca.
Para além dos supermercados, Alex aponta que as fábricas devem investir nos e-commerces e atacarejos para escoar a produção de ovos de Páscoa, passando a contar menos com a Americanas.
Indústria acompanha desdobramentos
Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) afirmou que está acompanhando as atualizações da Americanas, considerada importante parceira de negócio das empresas representadas pela entidade.
A associação também ressaltou que não comenta sobre estratégias comerciais das empresas.
“Reforçamos que as indústrias atuam para atender às necessidades dos consumidores, garantindo o abastecimento em multicanais e a disponibilidade de seus produtos”, informou.