'Desempenho do Nordeste será melhor que média brasileira', diz economista
Ricardo Amorim falou sobre perspectivas econômicas em painel na Convenção Anual do Canal Indireto
Após um período turbulento na economia brasileira, o economista Ricardo Amorim acredita que o País deve voltar a crescer já no fim deste ano. A queda da inflação e a tendência de redução dos juros básicos são pontos que devem ajudar na movimentação econômica.
Ele considera que o Nordeste e o Ceará têm potencial de crescimento até superior à média brasileira, puxado pela revolução energética em busca de fontes de energia limpa como o hidrogênio verde.
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“Se de fato eu sou mais otimista que a maioria em relação à economia brasileira, em relação ao Nordeste e ao Ceará, mais ainda”, ressaltou.
O economista participou de painel durante a Convenção Anual do Canal Indireto, realizada pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) em Atibaia, em São Paulo.
Potencial de crescimento
Segundo Amorim, além da questão energética, o desempenho no Nordeste deve ser maior que a média já que a recuperação de salário e renda tem um impacto mais significativo onde a renda média é menor, que é o caso da região.
Ele afirma que é otimista sobre o crescimento da economia justamente por esse ser um momento “pessimista”.
“Não é apesar do cenário pessimista, é por conta do cenário pessimista que eu trouxe otimismo. Eu acredito que uma das coisas que gera oportunidades é exatamente quando quase ninguém consegue vê-las, porque a competição é menor”, colocou.
A questão de inadimplência foi apontada pelo economista chefe do Serasa Experian, Luiz Rabi, como um ponto negativo que ainda atravanca o crescimento econômico.
“A inadimplência alta é um custo para quem está sofrendo inadimplência, o crédito acaba ficando mais caro, quem concede crédito acaba tendo prejuízo e aumenta o custo do crédito que é repassado. E crédito caro não combina com crescimento econômico, a economia cresce quando o crédito está fluindo de uma forma mais tranquila a um custo razoável, que não é ainda o que está acontecendo”, disse.
Ele considera, contudo, que esse é um cenário temporário, já que o aumento da inadimplência foi causado por fatores que estão se regularizando, no caso, a inflação e os juros altos. Ele acredita que uma mudança nesse indicador deve começar a ser percebida a partir do terceiro trimestre deste ano, à medida que o Banco Central comece a realizar um ciclo de baixas na Selic.
Contudo, a mudança deve chegar mais tarde para estados como o Ceará.
“Outros estados como Bahia, Pernambuco e Ceará, que são estados mais desenvolvidos no Nordeste, dependem muito ainda do setor de serviços, são estados com capitais muito grandes. E aí por conta do desemprego ainda relativamente alto, são estados que ainda vão demorar um pouco mais de tempo para começar um processo de crescimento”, refletiu.