Petrobras tem prejuízo de R$ 17,7 bilhões no 4T2024, reduz lucro anual e distribui dividendos

Desempenho da Petrobras no último trimestre de 2024 ficou abaixo das expectativas de analistas

Escrito por
Alberto Pompeu falbertosneto@gmail.com
(Atualizado às 08:15)
Legenda: Resultado da companhia foi impactado principalmente pela variação cambial negativa, menor produção de petróleo e margens mais apertadas no refino
Foto: Agência Petrobras

A Petrobras divulgou seus resultados financeiros referentes ao quarto trimestre de 2024 e ao consolidado anual. Os números revelam um período desafiador para a estatal, que registrou um prejuízo de R$ 17,7 bilhões nos últimos três meses do ano, bem acima das expectativas de mercado, que não esperavam por um desempenho negativo nesses patamares. O resultado foi impactado principalmente pela variação cambial negativa, menor produção de petróleo e margens mais apertadas no refino.

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Apesar do prejuízo no trimestre, a companhia encerrou o ano de 2024 com lucro líquido de US$ 7,5 bilhões (R$ 36,6 milhões), resultado impulsionado pela forte geração de caixa e pelo corte no endividamento, que atingiu o menor nível desde 2008.

Prejuízo no 4T2024 e impacto no mercado

O desempenho da Petrobras no último trimestre de 2024 ficou abaixo das expectativas de analistas. A empresa reportou receita líquida de R$ 121,3 bilhões, um recuo de 9,7% em relação ao mesmo período de 2023, enquanto o EBITDA ajustado caiu 38,7%, totalizando R$ 40,9 bilhões.

O prejuízo líquido de R$ 17,7 bilhões foi explicado por três fatores principais:

  1. Variação cambial negativa: a desvalorização do real frente ao dólar impactou a contabilização das dívidas da empresa, reduzindo o lucro líquido, mas sem afetar diretamente o caixa;
  2. Queda na produção de petróleo e gás: a produção total da companhia caiu 10,5% no trimestre, pressionando a receita operacional;
  3. Deterioração das margens no refino: o crack spread do diesel recuou 39% no período, reduzindo a rentabilidade da Petrobras no setor.

Com isso, o resultado do 4T2024 gerou reação negativa entre investidores e analistas, que agora monitoram a capacidade da empresa de reverter esse quadro ao longo de 2025.

Lucro de US$ 7,5 bilhões em 2024 e redução da dívida

Mesmo com o prejuízo no último trimestre, a Petrobras encerrou o ano de 2024 com lucro líquido de US$ 7,5 bilhões, evidenciando a força da sua geração de caixa ao longo do ano.

A empresa também conseguiu reduzir sua dívida financeira para US$ 23,2 bilhões, o menor nível desde 2008, garantindo maior flexibilidade para investimentos futuros. O fluxo de caixa operacional somou US$ 38 bilhões, permitindo à companhia continuar sua estratégia de crescimento.

Os investimentos da Petrobras em 2024 totalizaram US$ 16,6 bilhões, um aumento de 31% em relação ao ano anterior. Os recursos foram majoritariamente destinados à exploração e produção no pré-sal, com destaque para os campos de Búzios e Marlim, que receberam novos sistemas de produção.

Dividendos seguem, mesmo com resultados pressionados

Apesar do prejuízo no 4T2024, a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 9,1 bilhões em dividendos adicionais, que serão pagos em duas parcelas nos meses de maio e junho de 2025. No total, a estatal distribuiu R$ 75,8 bilhões em proventos ao longo do ano, reafirmando seu compromisso com a remuneração aos acionistas.

O valor representa um payout de 45% sobre o fluxo de caixa livre da companhia. Analistas ressaltam que, mesmo diante de um cenário de lucros menores, a estatal manteve sua política de remuneração, o que pode sustentar o interesse de investidores em suas ações.

O que esperar para 2025?

Para 2025, a Petrobras projeta um aumento na produção de petróleo, impulsionado pela entrada em operação de três novas plataformas:

  • FPSO Almirante Tamandaré (Búzios), prevista para fevereiro de 2025.
  • FPSO Alexandre de Gusmão (Mero).
  • P-78 (Búzios).

Além disso, a companhia estima um crescimento na oferta de gás natural, com expectativa de alcançar 50 milhões de metros cúbicos por dia até 2026.

A recuperação do desempenho financeiro da empresa dependerá da evolução dos preços do petróleo, da estabilidade cambial e da capacidade de execução dos investimentos planejados. A volatilidade do setor e possíveis mudanças regulatórias continuam sendo fatores de risco que devem ser monitorados ao longo do ano.

E agora, Petrobras?

Os resultados da Petrobras no 4T2024 mostraram um cenário desafiador, com prejuízo expressivo e queda na produção, mas sem comprometer a solidez da empresa no longo prazo. O lucro anual de US$ 7,5 bilhões, a redução da dívida e a manutenção dos dividendos indicam que a companhia segue equilibrada financeiramente, mesmo em meio a desafios operacionais e de mercado.