Popularização dos atacarejos é responsável por aumento de vendas de produtos de limpeza
Os números do Termômetro Abad NielsenIQ refletem um aumento do consumo fora do lar e em segmentos como bebidas, limpeza e higiene
Atibaia (SP). A popularização e o crescimento dos atacarejos no País são responsáveis pelo aumento das vendas de produtos de limpeza, higiene e beleza.
Segundo o Termômetro Abad NielsenIQ, os segmentos com maior destaque em valor de faturamento foram limpeza e higiene e beleza. Os dados foram divulgados, nessa segunda-feira (19), em coletiva de imprensa na 42ª Convenção Anual do Canal Indireto, realizada pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) em Atibaia, São Paulo.
Além disso, o setor atacadista distribuidor vem acumulando alta de faturamento neste ano, mesmo após um período de alta de vendas na pandemia. O aumento foi de 18,7% nos cinco primeiros meses deste ano, em comparação com igual período de 2022.
De acordo com Daniel Asp, gerente de atendimento de varejo da NielsenIQ, o aumento no faturamento nesses artigos de limpeza e higiene pessoal é reflexo direto do crescimento do número de atacarejos pelo País. Ele explica que muitas famílias preferem comprar esses itens em quantidade.
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Os números retratam o cenário nacional e têm como base as informações de cerca de 50 atacadistas e distribuidores, traçando comparativos entre os períodos selecionados. A pesquisa é aberta à colaboração de mais empresas do setor e deve refletir dados regionais apurados à medida que sejam disponibilizadas mais informações.
Na comparação entre maio deste ano e maio de 2022, o setor teve alta média de 17,3% no faturamento. Também foi notado um crescimento de faturamento mês a mês, com alta de 20,2% em maio frente a abril.
Daniel Asp ressalta que enquanto no primeiro trimestre do ano passado o consumidor ainda demonstrava certa influência da pandemia, neste ano foi percebido um aumento do consumo fora do lar.
Principais segmentos
Os segmentos com maior destaque em valor na pesquisa foram limpeza (21,9%), higiene e beleza (19,1%) e bebidas (18,5%). Ao contrário dos anos de pandemia, o segmento alimentação teve uma alta inferior à média geral (17,3%).
No caso de higiene e limpeza, a alta segue o crescimento do canal de farmácias (24,6% nas farmácias de cadeia e 23,2% nas independentes). A alta no setor de bebidas, por fim, demonstra o aumento de faturamento nos bares (21,25%), decorrente do maior consumo fora do lar.
O presidente da Abad, Leonardo Miguel Severini, destaca o papel do setor atacadista e distribuidor para o crescimento desde os atacarejos até os supermercados pequenos, de conveniência.
A gente vê o setor varejista, supermercadista, muito pujante, a gente vê aí marcas regionais e nacionais. Mas o que a gente promove é essa granularização, essa capilarização, para o pequeno e médio varejo, para que ele tenha seu protagonismo local para abastecer as famílias na conveniência”.
Crescimento do setor no Nordeste
A pesquisa ainda não traz uma segmentação por regiões por se tratar de uma metodologia nova. Analisando o mercado, Asp percebe que o setor tem um crescimento abaixo da média no Nordeste.
“A gente vê o Nordeste performando abaixo da média. A gente também tem grande Rio e grande São Paulo performando um pouco abaixo, as regiões que estão performando melhor são Sul, Centro-Oeste e região de Minas Gerais. Isso se dá, não é coincidência, que as taxas de empregos são mais baixas nessas regiões de menor desempenho”, diz.
Desempenho dos hipermercados
Os hipermercados tiveram queda de 8,1% de volume no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. O movimento de redução do modelo de negócio já vem sendo percebido há algum tempo, com a substituição de lojas por atacarejos.
“O hipermercado no passado era o que o atacarejo é hoje, ele tinha um papel de abastecimento quando os preços aumentavam muito ao longo do mês. Nossas famílias buscavam se abastecer porque ao final do mês o preço mudava. Hoje o cenário não é exatamente esse, mas o grande atributo que o atacado autosserviço tem hoje é o custo-benefício”, aponta Daniel Asp.
Segundo ele, os atacarejos vieram ocupar esse espaço que era dos hipermercados, mas os players desse segmento devem tomar cuidado com a concorrência.
“Os players desse segmento têm que tomar um cuidado para não agregar custos desnecessários porque isso no final acaba caindo no preço. E tem um nível de concorrência cada vez maior, quando se tem uma concorrência maior, se não consegue competir com preço, tenta-se agregar serviços, e serviços custam”, coloca.
*A jornalista viajou a Atibaia a convite da Abad