Descubra o que está por trás da falta de tangerina nos supermercados de Fortaleza

Variedade da fruta está mais escassa no setor de hortifrúti das lojas

Escrito por
Luciano Rodrigues luciano.rodrigues@svm.com.br
pessoa escolhe tangerina no supermercado
Legenda: Tangerina importada está no período de entressafra e por isso está em falta em alguns supermercados de Fortaleza
Foto: Shutterstock

Quem frequenta a seção de hortifrúti de supermercados da Capital deve ter notado escassez de tangerinas. A percepção é de que a fruta mais alaranjada, vendida sob o nome de 'tangerina clemenville' ou ainda 'tangerina importada', está desaparecendo das lojas, muito em virtude da pressão pela colheita fora do Brasil.

A situação foi confirmada por Antônio Sales, secretário executivo da Associação Cearense de Supermercados (Acesu). Pouco a pouco, a oferta de tangerina importada está sendo reduzida nos supermercados, incluindo ainda o abastecimento em demais cidades para além de Fortaleza.

Segundo ele, "não está faltando produto", no caso a tangerina. A redução da oferta ou até mesmo a falta do produto se deve a uma variante específica da fruta, chamada de clemenville ou importada, que vem do exterior, sobretudo China, Argentina e Chile, para ser comercializada no Estado.

A gente consome umas cinco variantes de tangerina, e as que são importadas estão em entressafra. Realmente esse produto, em alguns supermercados, já não está presente. Mas nas demais espécies têm o produto, inclusive as mais vendidas, que são as nacionais, estão disponíveis.
Antônio Sales
Secretário-executivo da Acesu

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As variantes de tangerina comercializadas no Brasil são divididas, de acordo com Antônio Sales, em 'casca fina' e 'casca grossa'. A primeira é representada pelo grupo das frutas importadas, de maior tamanho e mais caras; já a segunda são as nacionais, como a ponkan, a mais difundida em todo o país, de porte e dulçor médios.

As tangerinas nacionais estão sendo comercializadas em Fortaleza por, em média, R$ 13 o quilograma (kg). Já as importadas, antes da escassez no hortifrúti, eram vendidas por volta de R$ 25/kg, mas o secretário-executivo admite que os preços devem subir consideravelmente.

"Como ela está em falta, se ela for encontrada, provavelmente vai estar com preço médio um pouco mais caro do que isso, mas tem disponibilidade das outras espécies, como a ponkan e a murcote. A importada tem consumo menor, mas independente do consumo, se faltar, a pessoa vai reclamar", reflete.

Apesar da escassez de uma variante de tangerina, Antônio Sales afirma que "não há risco de desabastecimento nem de tangerina, nem de qualquer outra fruta ou legume" no Ceará. Outros cítricos similares, como a laranja, também estão com fornecimento estabilizado.

Nem a tangerina nacional escapa de alta nos preços

Conforme outro levantamento do IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o valor da tangerina no Brasil vem de duas altas em 2025. A primeira foi de 2,34% no mês de março, e de 0,18% em abril.

O analista de Mercado das Centrais de Abastecimento do Estado do Ceará (Ceasa S/A), Odálio Girão, explica que a safra da tangerina nacional não veio em volume suficiente, o que acaba pressionando o preço na ponta, no caso para o consumidor final, que está pagando mais de R$ 10 pelo kg da fruta.

"Isso se deve a queda de safra, em São Paulo, Minas Gerais, maiores produtores, e isso levou a uma queda na oferta, e estamos pagando um preço bem maior. A oferta de tangerina nos mercados do Sudeste declinou 10%, e aqui no Nordeste foi bem maior, de 15% a 20% do produto", avalia.

Foto que contém diversas tangerinas ponkans, variante da fruta produzida no Brasil
Legenda: Preço da tangerina nacional, como a ponkan, está acima dos R$ 10
Foto: Incaper/Divulgação

Em relação ao volume necessário para o consumo no mercado interno cearense, contudo, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) informou que a produção local é insuficiente.

O Ceará até produz tangerinas, mas em escala bem menor do que na comparação com outros estados. Conforme a última Produção Agrícola Municipal (PAM), pesquisa elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, o Estado gerou 3,6 mil toneladas da fruta, ficando na 12ª posição nacional. 

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