Como vai ser a produção do Chevrolet Spark no Polo Automotivo do Ceará?
Primeiro modelo da planta multimarcas começa a ser produzido nesta quarta-feira (3).
O Polo Automotivo do Ceará inicia nesta quarta-feira (3) a produção do carro elétrico Chevrolet Spark, da General Motors (GM), com um estilo de montagem inédito para a montadora e para o Brasil.
A operação no polo inicia em fase de adequação e assume modo regular em fevereiro de 2026, com expectativa de produção de 6 mil unidades ao longo do ano.
É a primeira vez que a GM se engaja em um modelo de compartilhamento da produção. A fabricação no polo deve garantir agilidade e permite agregar conteúdo local, destacou Fábio Rua, vice-presidente da General Motors para a América do Sul, em entrevista ao Diário do Nordeste.
“De largada, a gente já começa com 35% de conteúdo local [peças compradas no Brasil]. E a expectativa, considerando o histórico da GM, com centenas de fornecedores cadastrados, é cadastrar outros fornecedores para aumentar esse conteúdo local”, projeta.
A montagem do Spark será diferente das produções tradicionais de carros semi-montados. No processo industrial SKD (semi knocked-down), o carro já vem praticamente montado em kits, apenas finalizado na fábrica final.
Já no processo CKD (completely knocked down), as peças são importadas totalmente separadas. “O nosso modelo não é nenhum dos dois, não tem nomenclatura específica. É um modelo que traz o carro semi montado, mas com a perspectiva de ampliar o número de fornecedores e conteúdo local”, afirma Fábio Rua.
Com a maturação do projeto, há expectativa que o Spark, que sairá da planta cearense, também seja destinado para exportação, abastecendo o mercado da América do Sul, para países, como Argentina, Colômbia e Equador.
OUTROS MODELOS DA GM PODEM INTEGRAR O POLO AUTOMOTIVO CEARENSE
O Spark chega com uma proposta 'acessível', com custo de lançamento de R$ 159 mil, ticket médio abaixo dos outros eletrificados consolidados no Brasil, como Blazer, Equinox e Captiva.
Para esse modelo, a GM tem parceria firmada com as montadoras chinesas SAIC e Wuling. O veículo tem motor zero emissão, com bateria LFP que oferece autonomia média de 258 quilômetros e recarga rápida em 35 minutos. O design combina a robustez de SUVs com um interior confortável.
O modelo se encaixa na categoria 'urbano inteligente', com freio de estacionamento eletrônico, câmera 360°, sensor de chuva, personalização eletrônica da sensibilidade dos pedais de acelerador e breque, além de outras funções de segurança.
A montadora não descarta destinar a produção de outros modelos para o polo automotivo cearense. O empreendimento é voltado apenas para carros eletrificados - totalmente elétricos ou híbridos.
“Estudamos outros modelos que podem eventualmente ser produzidos aqui. Não temos garantia, precisamos ir um passo de cada vez, mas com um olhar bastante estratégico e otimista em relação ao futuro”, aponta o executivo.
A escolha de um novo modelo para terceirizar a produção depende do resultado da primeira fase com o Spark. O executivo afirma que o SUV elétrico teve uma boa aceitação do público no lote inicial, com 750 comercializadas rapidamente.
Além da proximidade com um mercado promissor, a produção no Ceará é considerada estratégica pela estrutura logística e disponibilidade de mão de obra favoráveis, segundo o vice-presidente.
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“O Nordeste tem sido uma surpresa muito positiva. A GM tem aumentado as vendas de veículos elétricos aqui também. As pessoas estão interessadas em novas tecnologias, em um preço acessível, sem abrir mão da confiabilidade, segurança e design, com cada vez mais autonomia”, avalia.
INAUGURAÇÃO DO POLO AUTOMOTIVO
Anunciado em agosto de 2024, o polo automotivo do Ceará será inaugurado nesta quarta-feira (3), com início da produção do Spark. O evento que marcará o começo das operações contará com a presença do presidente Lula.
A planta ocupa o local onde funcionou a fábrica da Troller, em Horizonte. O investimento inicial da Comexport, responsável pelo empreendimento, de R$ 400 milhões, com previsão de gerar a 9 mil empregos
O modelo da GM é o único confirmado até o momento, mas a Comexport diz ter negociação avançada com outras três montadoras.
O polo funcionará com estilo multimarcas, com infraestrutura compartilhada para a produção de carros de diferentes empresas.
A Comexport adquire os direitos de produção e estrutura a linha de montagem dos veículos. Ou seja, a produção é terceirizada pelas montadoras.
A empresa tem planos de expandir a planta, que hoje ocupa 120 mil m². Conforme novos modelos forem adicionados ao portfólio, a área fabril deve escalar, explica Rodrigo Teixeira.