Obra do Polo Automotivo começa no Ceará com investimento de R$ 8,5 milhões em terraplenagem
A planta terá capacidade de produção de 80 mil veículos por ano.
O primeiro passo para a obra do polo automotivo de Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza, já foi dado. Nessa segunda-feira (10), foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) a ordem de serviço para a terraplenagem da área.
A intervenção abrangerá uma área de aproximadamente 49.996,33 m², localizada no antigo pátio da Troller. Somente na primeira fase, o Polo Automotivo do Ceará contará com R$ 400 milhões em investimento.
A planta terá capacidade de produção de 80 mil veículos por ano, com expectativa de chegar a até 9 mil empregos de alta qualificação no Ceará.
O primeiro carro a ser produzido no polo, que foi anunciado há um ano, será da General Motors (GM).
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Começo da obra
A obra de terraplanagem está orçada em R$ 8,5 milhões, com dispensa de licitação por se tratar de uma ação de “contratação emergencial”, segundo o DOE, feita pela Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece).
A Adece não informou mais detalhes sobre prazos e entrega da estrutura. Ainda conforme o DOE, a empresa responsável pela obra será a Athos Construções.
O que já se sabe do polo automotivo
O polo automotivo do Ceará teve o anúncio concreto da primeira montadora no último mês de setembro, com a confirmação da General Motors (GM), dona da marca Chevrolet, uma das mais populares do Brasil.
O empreendimento, que deve ser multimarcas, o primeiro do Brasil nesses moldes, terá como empresa responsável a Comexport, maior empresa de comércio exterior e supply chain do Brasil. Mercedes-Benz, Honda, BYD, GWM, Renault, Ford, Volvo, GM, Toyota, Higer, Chery, Volkswagen e Porsche são algumas das marcas que já atuam no Brasil por meio da Comexport.
O Diário do Nordeste, na coluna de Victor Ximenes, já havia adiantado o assunto do polo automotivo e explicado como ele deve funcionar no Ceará. Confira abaixo:
Como funciona uma montadora multimarcas?
Trata-se de uma indústria onde uma infraestrutura unificada é compartilhada para a produção de carros de marcas diversas. No Brasil, a primeira aplicação desse modelo será no polo automotivo do Ceará. As demais montadoras em operação no País atuam em sistemática própria de produção, com cada bandeira produzindo seus veículos.
Outros países têm montadoras multimarcas?
Sim, vários. Alguns exemplos são Holanda, Finlândia, Áustria, México, Tailândia e Argélia. Na América do Sul, a pioneira fica no Uruguai. Por lá, a Nordex produz carros da Kia, Peugeot, Citroën, Ford, Geely, Renault, entre outras. Essa planta, aliás, serviu de inspiração para o projeto do Ceará.
Quem vai montar os carros é a GM?
Não. A General Motors (GM), dona da Chevrolet, vai terceirizar a produção do SUV elétrico Spark e da Captiva EV para a Comexport, principal investidora do empreendimento. As peças virão da China em kits que serão montados na fábrica de Horizonte.
Embora a GM seja norte-americana, o carro será mais chinês e brasileiro do que estadunidense. Para esse modelo, a GM tem parceria firmada com as montadoras chinesas SAIC e Wuling. O Spark, portanto, será basicamente uma versão do Baojun Yep Plus, nome utilizado na China.
Quais marcas estão confirmadas?
Por enquanto, apenas a Chevrolet, especificamente com o Spark. Há, porém, negociações com outros players. Fala-se nos bastidores em marcas chinesas, como a Omoda Jaecoo, que faz parte da holding da Chery. Os nomes são preservados por contratos de confidencialidade.
Quando começa a montagem dos carros?
Não há data oficial ainda, mas a GM tem pressa. Ainda em 2025, a empresa quer receber algumas centenas de unidades. Em 2026, a produção deverá variar conforme a demanda do mercado. Estima-se algo entre 8 mil e 12 mil.
Por que o Ceará foi escolhido?
Houve um longo e intenso período de prospecção envolvendo agentes do Governo do Estado, a Comexport e as marcas. O Ceará ofereceu vantagens fiscais e de desburocratização. A utilização da antiga fábrica da Troller, fechada pela Ford, foi essencial para materializar o projeto.