Com valor de até R$ 20 milhões, venda de helicópteros e carros de luxo cresce e tem fila de espera
Empresários relatam aumento de até 40% nas vendas, com filas de espera para determinados modelos de alto padrão
Mesmo em um cenário de inflação e preços mais altos, o mercado de veículos de luxo tem perspectivas otimistas em Fortaleza. De acordo com empresários e profissionais do segmento, a procura por automóveis e helicópteros de alto padrão não deu trégua nem com a pandemia.
Veja também
A demanda persiste, inclusive com fila de espera para alguns modelos. Há quem pague R$ 700 mil em carros importados e até R$ 20 milhões em um helicóptero para voos particulares, sem contar com as despesas de manutenção, garagem e piloto.
O Diário do Nordeste inicia nesta quarta-feira (23) uma série de reportagens mostrando o mercado de luxo no Ceará, desde os veículos, imóveis e até a parte de alimentação, com insumos que podem fazer com que uma refeição custe milhares de reais.
Demanda apesar da pandemia
Quando as lojas tiveram que fechar as portas na pandemia por razões sanitárias, muitos negócios passaram por tempos difíceis. Não foi o caso, contudo, do segmento de automóveis de luxo.
De acordo com o diretor comercial da Auto Gallery, Alexandre Pinto, a alta liquidez de dinheiro no mercado e os juros baixos durante 2020 favoreceram uma explosão no mercado de alto luxo. Ele conta que mesmo tendo passado metade de um ano com as portas fechadas, o faturamento foi igual ao de anos normais.
Alexandre Pinto conta que hoje, para além da venda, a empresa trabalha com serviços, orientando quem possui ou quer comprar um automóvel de luxo com relação à manutenção ou o modelo ideal. A loja também atua com a blindagem de veículos.
“A pandemia foi um susto inicialmente nos primeiros meses e as pessoas começaram a entender que o dinheiro não estava rendendo tanto no banco, que eu sou mortal, então não vou adiar nenhum plano, nenhum prazer, para o futuro. Eu vou fazer já”, percebe.
Naquele período, o problema maior era a existência de produto no mercado. Problemas de logística internacional e montadoras fechadas fizeram com quem quisesse comprar veículos de luxo novos tivessem que esperar longas filas.
2020 e 2021 as pessoas compravam pelo preço que tinha. A dificuldade era mercadoria, o dinheiro estava, na verdade, sobrando”
O gerente comercial da Montcar, Felipe Monteiro, afirma que as filas persistem até hoje a depender do modelo. Em alguns casos, a espera é de meses até que o cliente possa sair da concessionária de luxo com um carro novo e blindado.
“Teve esse problema porque não tinha carro zero na fábrica, impactou o mercado pela falta do carro zero. Teve carro zero que a espera chegava a até 7 meses. Hoje em dia tem carros ainda que só tem para entregar em junho do próximo ano”, destaca.
Ele percebe que houve uma baixa na procura nos últimos 3 ou 4 meses, o que atribui à instabilidade do período eleitoral. Passadas as eleições, o empresário destaca que a demanda por veículos de luxo já voltou a subir.
Para Alexandre, as expectativas são positivas para o próximo ano com a regularização do fornecimento de veículos nas montadoras e novos lançamentos importados. Ele projeta que a concessionária deve acumular crescimento de 11% em 2022.
Veja também
Procura por helicópteros
De acordo com o proprietário da North Star Táxi Aéreo, Paulo Barros, a empresa já percebe um crescimento de 40% na demanda de clientes, comparando a situação pré-pandemia à atual. O negócio atende prioritariamente um público de classes A e B+, tanto para a venda de aeronaves como para táxi aéreo.
O empresário aponta que neste ano a demanda de táxi aéreo foi puxado pelo segmento político, em razão das eleições, e pelo turismo. A menor tarifa para o serviço é de R$ 360 por pessoa, no caso de um voo panorâmico de duração de 12 minutos. A diária da aeronave chega a até R$ 15 mil.
Já quem quer comprar um helicóptero precisa desembolsar bem mais. O preço do veículo é baseado em dólar e uma aeronave nova custa na faixa de US$ 4 milhões, o que dependendo do câmbio pode ultrapassar os R$ 20 milhões.
Um helicóptero só se viabiliza se a pessoa tiver uma utilização acima de 30 horas mês, se não tiver é melhor alugar. A aeronave depende de pilotos, garagem, manutenção. A pessoa teria uma despesa mensal girando em torno de 20 mil reais, fora os extraordinários”
Ainda assim, ele conta que a empresa vendeu 4 helicópteros no último ano, um número bastante alto, considerando que hoje há apenas 50 helicópteros registrados no Ceará, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Um desafio para o segmento, de acordo com Paulo, é o crescimento no número de destinos operados por companhias aéreas no interior do estado, o que gera competitividade e inviabiliza o negócio de aeronaves de asa fixa por empresas cearenses.
“O crescimento de asa fixa está muito limitado às empresas de fora, que só entram no período bom para eles. Restringe muito para a gente. A empresa optou de fazer esse segmento de asa rotativa, a atuação do setor de helicóptero gera uma expectativa de crescimento com o turismo e a retomada da economia”, diz.