Ceará deve seguir na liderança de aportes do Crediamigo em 2023, diz presidente do BNB
Mais de 1 milhão de cearense se beneficiaram do programa ano passado, totalizando R$ 2,9 bilhões em contratações
O microcrédito no Ceará em 2022 avançou significativamente e colocou o Estado no topo do ranking de aportes do Crediamigo, programa de microcrédito urbano do Banco do Nordeste (BNB). Mais de 1 milhão de cearense se beneficiaram do programa ano passado, totalizando R$ 2,9 bilhões em contratações.
Em volume de recursos, a Bahia foi o segundo colocado, concentrado R$ 1,5 bilhão, quase a metade do volume destinado ao Ceará, onde está a sede do BNB.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o presidente do banco, Paulo Câmara, ressaltou que o Estado deve seguir na liderança do programa neste ano.
A previsão é que sejam aplicados R$ 12 bilhões em toda a área de atuação da instituição, que inclui os estados nordestinos e o norte de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Segundo o executivo, a adesão massiva dos empreendedores locais acontece devido à familiaridade que a população já possui com as linhas de crédito do banco.
A população conhece mais o produto, confia mais na forma de fazer esse financiamento. A população precisa ter o microcrédito para gerar renda, para ter a condição de empreender, para melhorar suas condições de vida. O Ceará está preparado (para receber os aportes de 2023) e a gente quer levar justamente essa experiência para outros estados".
Além do Crediamigo, o BNB deve destinar R$ 8 bilhões para o Agroamigo, programa de microcrédito rural, de forma que os pequenos empreendedores terão à disposição cerca de R$ 20 bilhões para contratações ao longo desde ano.
Até o fim de maio, 50 mil clientes já tinha realizado alguma operação de microcrédito em toda a área de atuação do BNB. Em valores, essas contratações somam R$ 4 bilhões.
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FNE e Plano Safra
Uma das fontes de recursos do microcrédito operado pelo BNB é o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNE). Conforme Câmara, a instituição terá R$ 38 bilhões do fundo para aplicação este ano, 10% a mais que em 2022.
"Isso pode fazer diferença nos diversos investimentos que queremos chegar, seja na área de infraestrutura, no agronegócio, na agricultura familiar, na indústria, no comércio, nos serviços, no turismo, nas energias renováveis, nas parcerias com estados nas concessões, nas parcerias público-privadas", afirmou.
Na semana passada, em parceria com o Governo Federal, o BNB também anunciou a aplicação de R$ 20 bilhões no Plano Safra, dos quais R$ 11,5 bilhões devem ser destinados ao agronegócio e os demais R$ 9,5 bilhões, à agricultura familiar.
"Vai ser o maior Plano Safra da história do Brasil. O agronegócio, que tem crescido muito no Nordeste, principalmente quem produz soja, milho, algodão, são produtos que estão crescendo no Maranhão, no Piauí, na Bahia, nós temos também uma experiência muito positiva da fruticultura irrigada no Vale do São Francisco", destacou.
O presidente também ressaltou a importância da agricultura familiar no Ceará e a necessidade do incentivo à produção de alimentos, especialmente para reduzir os preços e dar condições de vida melhores aos produtores.
Quem é pronafiano (beneficiário do Pronaf, Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar), por exemplo, que tem um ticket médio de R$ 6 mil de financiamento, vai ter agora R$ 12 mil. Isso mostra que nós queremos ampliar e ampliar com qualidade, chegando a mais pessoas, com mais crédito, dando condições de fazer diferença, gerar emprego, renda e dar condições de melhoria nesse ambiente do mundo rural"
Energias renováveis
O BNB também está fortalecendo o olhar sobre as energias renováveis. A previsão é que sejam destinados R$ 10 bilhões a esse segmento em 2023.
Com histórico de pioneirismo nessa atividade, o Ceará vem mantendo o destaque também nas contratações com o banco. No FNE Sol, por exemplo, linha de crédito para energia solar residencial, o Estado registou um crescimento de quase 80% no valor de operações no ano passado, saindo de R$ 16,1 milhões em 2021 para R$ 28,9 milhões.
Câmara também reforçou que a instituição está atenta ao desenvolvimento do mercado do hidrogênio verde, especialmente no Ceará, e que tem interesse de contribuir para a chegada e consolidação de mais essa energia renovável.
O que a gente tem visto conversando com diversos setores econômicos é uma organização muito grande em relação às energias renováveis. A discussão do H2V está muito forte aqui no Ceará. A gente tem acompanhado nos fóruns organizados pelo setor empresarial, recebendo diversas missões de empresários que vêm conversar com o banco, e nós não temos dúvida que vamos ser parceiros nesse processo. O banco quer estar junto, quer financiar a grande revolução que vai ser a chegada do hidrogênio verde".
"E o Ceará está muito organizado para isso. Eu vejo um aspecto muito positivo onde a gente vai chegar a ter, em um futuro muito próximo, a consolidação dessa base energética renovável e também a ampliação dos investimentos a partir da chegada desses empreendimentos para o hidrogênio verde", acrescenta.