BNB deve aderir ao Desenrola para renegociações de dívidas do Crediamigo e Agroamigo
Importante instrumento regional para geração de emprego e renda, os programas de microcrédito têm linhas para empreendedores de baixo poder aquisitivo
O Banco do Nordeste (BNB) deve aderir ao Desenrola Brasil, programa do Governo Federal, para renegociação de dívidas dos microcréditos urbano (Crediamigo) e rural (Agroamigo). Contudo, segundo o presidente da instituição financeira, Paulo Câmara, as regras ainda estão em análise para definir a execução da medida.
O executivo concedeu coletiva de imprensa, na manhã dessa quarta-feira (14), durante a assinatura de contrato milionário com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Na ocasião, ele avaliou “que muita coisa do microcrédito se enquadra perfeitamente” ao escopo do órgão.
“Estamos só esperando ver as regras para ver como pode avançar. Também estamos muito atentos aos anúncios econômicos”, disse. Câmara enfatizou, ainda, a importância do programa para a retomada da economia.
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“Estamos saindo de uma pandemia, que trouxe resultados muito preocupantes, não apenas pelas mortes, mas houve toda uma recessão econômica e incertezas sobre o futuro”, apontou.
“Muita gente se endividou, neste período. A gente precisa, com o programa do Desenrola, dar oportunidade para pessoas se regularizarem e terem novamente acesso ao crédito”, completou.
Além do Governo Federal, acrescentou, a instituição financeira dialoga com os bancos públicos para cooperação conjunta em diversos municípios de atuação. Dentre eles, enumerou, estão os bancos das Nações de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS), do Brasil (BB), da Amazônia (Basa) e a Caixa Econômica Federal (CEF).
Em todo o País, vão poder participar do Desenrola pessoas físicas com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.604) e com débitos de até R$ 5 mil. Já os valores abaixo de R$ 100 deverão ser perdoados pelos bancos participantes.
Estima-se que, no Ceará, 3,1 milhões de consumidores estejam inadimplentes. Na esteira desses beneficiários em potencial, também poderão estar os empreendedores de baixo poder aquisitivo, grupo assistido pelo microcrédito.
O Diário do Nordeste solicitou os dados de inadimplência do BNB e aguarda retorno.
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Banco do Nordeste deve ampliar a carteira do microcrédito
O presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, lembrou que os programas de crédito para a população de baixa renda já ultrapassam duas décadas de atuação e devem passar por melhorias ao longo deste ano.
“O Crediamigo faz 25 anos. Estamos reestruturando a carteira. Estamos com um olhar para, em breve, termos anúncios novos de formas de ampliação do microcrédito”, disse.
Já o Agroamigo está chegando aos 18 anos, lembrou. Para o presidente, o lançamento do Plano Safra, previsto para o fim deste mês, também traz expectativas positivas.
“A gente também quer ampliar muito a nossa atuação, para termos um padrão de antedimento do microcrédito na zona rural tão forte como é na urbana”, observou.
BNB também estuda a criação de novas linhas de crédito
Questionado sobre a possibilidade de operações para atender às demandas para obras de infraestrutura dos estados onde atua, Paulo Câmara afirmou que a instituição avalia a possibilidade linhas alternativas.
“O banco tá pensando nisso. Nós já temos parcerias com outras instituições multilaterais, como Banco Interamericano de Desenvolvimento, que está fechando uma parceria de US$ 300 milhões, sendo justamente para gente ajudar na estrutura dos estados nordestinos”, disse.
“E há outras ações que estamos pensando também em fazer conjuntamente. Hoje, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) impede aportes diretamente aos entes públicos, mas essas linhas alternativas que estamos procurando podem justamente suprir essa lacuna”, afirmou.
Na manhã dessa terça (14), o presidente Paulo Câmara e a diretora regional da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), Laetitia Dufay, assinaram convênio de captação de 150 milhões de euros, equivalentes a cerca de R$ 790 milhões (cotação atual).
Os recursos devem ser usados para financiar projetos de infraestrutura sustentável, com foco em energia renovável e saneamento básico.