Crise eleva desigualdade econômica no Estado

O Índice de Gini, que mede a diferença de renda, marcou 0,553 pontos em 2016, ante 0,472 no ano anterior

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Fortaleza/Rio. A desigualdade entre ricos e pobres piorou no Ceará entre 2015 e 2016, de acordo com o Índice de Gini, divulgado ontem (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador mede a desigualdade de renda - numa escala de 0 a 1, quanto maior, pior é a distribuição dos rendimentos. No ano passado, o Índice ficou em 0,553, enquanto que em 2015 estava em 0,472. O número mostra que a crise econômica dos últimos dois anos agravou a situação de renda, apesar da relativa melhora em 2017.

Segundo Lauro Chaves, reduzir as desigualdades significa aumentar o mercado e as oportunidades. "Em termos sociais, essa desigualdade é mais grave ainda porque mantém boa parcela da população em condições que fazem com que a qualidade de vida seja sempre baixa", explica.

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O Índice de Gini mostrou ainda que, no País, o Estado que tem a menor desigualdade é Santa Catarina (0,429), seguido de Mato Grosso (0,457), Goiás (0,474), Rondônia (0,478) e Mato Grosso do Sul (0,481).

Já as Unidades da Federação que possuem os piores resultados são: Distrito Federal (0,583), Pernambuco (0,578), Acre (0,575), Sergipe (0,572) e Amazonas (0,572). De acordo com o IBGE, o Brasil, que tinha um Índice de 0,485 em 2015 também piorou e fechou 2016 em 0,549. "Nós temos que reforçar ações para diminuir essas desigualdades, trabalhando mais fortemente em educação, infraestrutura e habitação para a população", acrescenta Chaves.

O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, destaca que "quanto mais desigual a região, mais alto é o Índice de Gini. Então a região mais desigual é o Nordeste, sem dúvida, como já vinha sendo mostrado pela Pnad".

Bolsa Família

Quase um terço (29,3%) dos domicílios localizados no Nordeste recebe Bolsa Família, segundo dados da Pnad Contínua. Foi a primeira vez que o órgão investigou especificamente as condições dos domicílios que recebem transferências de renda.

Do total de 69,2 milhões de domicílios registrados na Pnad Contínua em 2016, 14,3% recebiam o Bolsa Família. Outros 3,4% recebiam o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que entra na conta da Previdência. No Nordeste, além do porcentual mais elevado de lares que recebem Bolsa Família, 5,4% dos domicílios recebiam o BPC. No Norte, 27,2% recebiam o Bolsa Família e 5,3%, o BPC.

Na outra ponta, apenas 5,4% dos lares do Sul recebiam o Bolsa Família. No Sudeste, o porcentual foi de 6,9%, enquanto no Centro-Oeste foi de 9,4%. Já no caso do BPC, o Sudeste tinha 2,3% dos domicílios recebendo o benefício. Os porcentuais foram de 2,1% no Sul e de 3,6% no Centro-Oeste.

A pesquisa aponta também que o rendimento médio domiciliar per capita de lares com o Bolsa Família era de R$ 331 em 2016, contra R$ 1.242 para o Brasil como um todo. Já o rendimento médio domiciliar per capita de lares com o BPC foi de R$ 683. "Tem diferenças expressivas na vida de quem recebe Bolsa Família e de quem não recebe", disse Azeredo.

Momento político

A região Nordeste concentra ainda 44% do total de 15,788 milhões de pessoas que recebem renda classificada como "outros rendimentos", segundo dados da Pnad Contínua de 2016 do IBGE. O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE negou que a decisão do órgão de não informar dados comparáveis com outros anos sobre o rendimento de todas as fontes em 2016 tenha relação com o momento político. Mais cedo, o IBGE informou que o rendimento médio de todas as fontes ficou em R$ 2.053 em 2016, conforme dados da Pnad Contínua.

Por causa de uma mudança no questionário da pesquisa, não foi possível comparar os dados de 2016 com anos anteriores. Com isso, não é possível medir os efeitos da recessão econômica sobre a renda dos brasileiros nem sobre a desigualdade. O IBGE informou apenas os Índices de Gini por Estados e regiões, mas sem comparação com anos anteriores.

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