Setor energético deve ter soluções para o 'curtailment' em 2026, projeta Jonas Becker

Especialista aponta avanço regulatório e leilões de transmissão e baterias como caminhos para superar gargalo na rede

Escrito por
Victor Ximenes producaodiario@svm.com.br
Legenda: Jonas Becker.
Foto: Divulgação

A limitação da geração de energia renovável por falta de escoamento, fenômeno conhecido como curtailment, deve se tornar um problema menor em 2026. A avaliação é de Jonas Becker, presidente da Câmara Setorial de Energias da Adece e diretor do Sindienergia-CE.

Segundo ele, há uma combinação de fatores regulatórios e de infraestrutura que indica a construção de uma solução para o problema.

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“Minha visão é otimista. A Medida Provisória 1304 já resolveu parte do passado, e novos leilões previstos vão atacar os gargalos futuros”, afirmou Becker, que também é diretor da ONE, do Grupo Colibri Capital, e do Sindienergia-CE.

Em entrevista a esta Coluna, ele destaca que o governo federal prepara dois leilões relevantes para o primeiro trimestre de 2026, um voltado para expansão da rede de transmissão e outro para baterias. Essa agenda, segundo o especialista, mostra que o poder público está se mobilizando tanto na esfera regulatória quanto na infraestrutura.

Impacto financeiro

O curtailment tem causado perdas significativas aos empreendedores de energia renovável no Estado. “Tem parque com 50%, 60% de corte, tendo que comprar energia no PLD para cumprir contrato e pagar dívidas com receita reduzida. Isso é muito dolorido para o investidor”, relatou Becker.

Além do impacto financeiro direto, o problema afeta a atratividade de novos projetos e encarece o custo de capital. Para Becker, a solução passa também pelo avanço do armazenamento de energia, ainda incipiente no Brasil. “A China resolveu a questão com redes e baterias. Precisamos seguir por esse caminho”, defendeu.

Perspectivas

Com a abertura do mercado livre, o setor de energia renovável deve entrar em nova fase. Becker avalia que esse período será de transição, exigindo maturidade dos projetos e estruturação comercial robusta. “Não vai permitir erro. Os projetos terão que ser muito competitivos”, disse. Ele projeta uma retomada mais forte da expansão a partir de 2028.

No Ceará, há otimismo com relação ao pipeline de novos negócios. Projetos de hidrogênio verde, amônia e data centers devem demandar grandes volumes de energia, criando nova onda de investimentos. “O Estado pode se descolar nos próximos anos, se mantiver o ambiente de alinhamento entre setor produtivo e governo”, concluiu

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