UFC rompe acordo de intercâmbio com universidade de Israel
Decisão responderia a um apelo da comunidade universitária e é motivada pelo repúdio ao "genocídio em curso" na Faixa de Gaza
A Universidade Federal do Ceará (UFC) cancelou o acordo de intercâmbio e colaboração acadêmica com a Universidade Ben-Gurion, de Israel. O Conselho Universitário afirmou que a decisão, tomada na segunda-feira (6), acontece em solidariedade ao povo palestino e foi motivada pelo repúdio ao "genocídio em curso" na Faixa de Gaza.
O rompimento acontece após outras instituições brasileiras, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), anunciar o fim de convênios com universidades israelenses.
Em moção, o Conselho explicou que a decisão é realizada em um momento no qual "não é mais possível tolerar a continuidade do genocídio e da violação das normas internacionais pelo Estado de Israel".
Na ocasião, o órgão ainda se comprometeu com a promoção de atividades de conscientização quanto à realidade dos palestinos.
Impacto do rompimento
Em nota ao Diário do Nordeste nesta quarta-feira (8), a UFC detalha que o cancelamento não impacta os estudantes, já que a parceria com a Universidade Ben-Gurion não promove atividades há mais de dois anos, e nem resultou em intercâmbio.
Firmado em dezembro de 2022, o acordo promoveu ações interdisciplinares na área de inovação, de empreendedorismo, de soluções tecnológicas sustentáveis e de economia criativa.
Durante o período, houve uma primeira edição de um curso e uma hackathon virtual — espécie de evento com programadores, designers e outros profissionais ligados ao desenvolvimento de software. Porém, ambos foram concluídos em julho de 2023.
Uma segunda edição deveria ter ocorrido ao longo de 2024, mas foi suspensa logo após a deflagração dos confrontos na região.
Clamor da comunidade universitária
Na moção, o Consuni ainda destacou que o cancelamento atende ao apelo da comunidade universitária.
Na última quinta-feira (2), dezenas de estudantes realizaram um protesto no Campus do Benfica, em Fortaleza, chegando a interromper brevemente o fluxo de veículos na Avenida da Universidade. Entre as demandas, o grupo exigia que a instituição rompesse relações com Israel.
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Solidariedade a Luizianne Lins
Na manifestação, os universitários também exigiam a libertação da docente e deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), que estava em posse de Israel após ser interceptada ao tentar levar ajuda humanitária à Gaza a bordo de uma flotilha com diversos ativistas, entre eles a sueca Greta Thunberg.
Nesta quarta, a UFC disse que já monitorava institucionalmente a temática, mas demonstrou apreensão com a intercepção da política brasileira, professora licenciada da instituição. "Desse modo, a Universidade solidarizou-se com o sofrimento do povo palestino e somou-se à mobilização internacional em prol da libertação dos tripulantes brasileiros e estrangeiros da iniciativa humanitária."
Luizianne foi liberta na última segunda, mesma data da decisão sobre o rompimento do convênio de intercâmbio, e desembarcou no Brasil nessa terça-feira (7).