Relatos inéditos de pilotos sobre Ovnis no Ceará são divulgados pelo Arquivo Nacional; veja detalhes
Avistamentos não indicam a presença de extraterrestres, mas geram relatórios oficiais sobre o tema
Vários pontos luminosos já riscaram o céu do Ceará sem que se saiba a origem, gerando curiosidade e histórias populares, mas novos relatos de pilotos sobre objetos não identificados foram registrados pelo Arquivo Nacional, recentemente. No último ano, dois relatórios referentes ao Estado foram feitos com informações do Comando de Operações Aeroespaciais, da Força Aérea Brasileira (FAB).
Cerca de 30 novos relatórios, de 2023, abrangem estados como Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, por exemplo, e no Ceará, onde dois casos foram notificados. Além disso, o acervo também possui recortes de jornais, fotografias brasileiras e áudios, dentre outros materiais.
Os registros são do Fundo Objeto Voador Não Identificado, do Arquivo Nacional, que possui 974 arquivos públicos, sendo 11 documentos ou recortes de revistas e jornais ligados ao Ceará.
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A primeira ocorrência do acervo é datada de 1952 e, antes da atualização, a mais recente era de 2016. O Arquivo Nacional aponta que os chamados Objetos Voadores Não Identificados (Ovnis) não indicam a existência de discos voadores ou extraterrestres.
Ednardo Rodrigues, professor de Astronomia e colunista do Diário do Nordeste, explica que o termo Ovni está obsoleto e o mais correto é Fenômenos Aéreos Não identificados. "Geralmente são casos de pouco interesse aqui, em países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) são motivos de preocupação com espionagem, mas não temos isso aqui", resume.
Avistamentos no Ceará
Dia 21 de novembro de 2023, às 6h24, uma terça-feira comum. Um avistamento foi registrado na Região Sul de Fortaleza, pelo Comando de Operações Aeroespaciais: um objeto no formato de caneta, de cor amarela, mas com dimensões entre 30 e 40 km.
O objeto brilhante estava "voando em formação", como detalha o relatório sobre o comportamento. O detalhamento foi feito por um piloto com conhecimentos técnicos sobre aviação, meteorologia e sobre Ovnis.
"Da mesma forma que apareceu, desapareceu", resumiu o piloto, após o avistamento que durou entre cinco e 10 minutos.
O outro registro aconteceu dois meses antes, no dia 18 de setembro, quando mais de 10 pontos coloridos foram vistos na Praia de Uruaru, em Beberibe, no Litoral Leste. Dessa vez, a situação foi observada entre 22h até o sol raiar. Os pontos tinham brilho variando, sumindo e voltando a aparecer.
"É uma ocorrência que está acontecendo há uns 15 dias, por volta das 22h até o amanhecer do dia. O observador tem por volta de uns 50 anos e tem o costume de observar o céu", detalha o relatório.
Mas, afinal, o que pode explicar isso? Ednardo Rodrigues aponta que uma hipótese pode ser um fenômeno natural chamado raio bola. "São bolas de plasmas, com 5 mil graus Celsius e que se formam devido à carga de nuvens. É como um resquício de um raio e que podem ocorrer até sem nuvens pela ionização da atmosfera", detalha.
Geralmente são esquecidos, são totalmente fora do padrão método científico, não tem evidências e são esquecidos por falta de conclusão. Já vi concluírem que eram satélites em órbitas, raios bola, drones...
“Velocidade supersônica”
O Arquivo Nacional registra vários avistamentos relatados no Ceará. Um deles aconteceu em Quixadá, no Sertão Central, – município conhecido por relatos de extraterrestres. Por lá, um relatório registra uma observação de apenas três segundos no dia 24 de janeiro de 2014.
O objeto era grande, de cor branca e com velocidade supersônica, em movimento de zigue-zague. A trajetória era de leste para oeste, sendo observado por, pelo menos, três pessoas.
O documento indica que a aeronave estava em descida para Fortaleza, quando o objeto foi visto. "O mesmo reportou que fez manobra evasiva para evitar colisão e que o objeto estava bastante veloz, passando aproximadamente 300 pés da aeronave", completa.
Nesse caso, há um carimbo do Comitê de Implantação do Comando de Operações Aeroespaciais, apontando "informação desclassificada", mas sem detalhar os critérios.
Naquele mesmo ano, no dia 12 de julho, às 23h, um piloto estrangeiro notou uma luz vermelha, abaixo de uma branca, "que se assemelhava a luz de beacon (sinalização) de avião", em Fortaleza. A luz foi vista por 15 minutos e permaneceu parada ou com movimentação lenta.
Já no dia 23 de setembro de 2010, foi registrado um objeto "maior do que o tamanho aparente de Vênus" e com velocidade próxima a de um jato por cerca de um minuto, em Fortaleza.
Com uma iluminação forte, o objeto se deslocava de sudoeste para nordeste. A ocorrência foi observada num voo que fazia a Rota Belém-Ceará.
Áudios de pilotos
Neste mês, o colunista Igor Pires, mostrou que pilotos da Azul reportaram a visualização de ovnis nos céus do Ceará. A situação aconteceu em 7 de julho deste ano, quando foram vistas luzes brilhantes por pilotos que se deslocavam de Campina Grande para Fortaleza.
Áudios dos pilotos foram divulgados na internet e confirmados pela FAB. “Algumas informações, como a cor do objeto, trajetória e altitude, ficaram incompletas antes da transferência do tráfego, foi necessário realizar uma coordenação entre os controles de área Recife e Terminal Fortaleza”, completou.
Registros antigos
O arquivo mais antigo, de 1985, é de um jornal sobre o avistamento feito pela escritora cearense Rachel de Queiroz. No dia 13 de maio de 1960, na fazenda "Não me Deixes", em Quixadá, um objeto no formato de "disco voador" apareceu por volta das 18h30.
"Minha tia Arcelina viera da sua fazenda Guanabara me fazer uma visita e conversávamos as duas na sala de jantar, quando um grito de meu marido nos chamou ao alpendre, onde ele estava com alguns homens na fazenda", relatou na época.
Todos ficaram olhando para o céu, pouco acima do horizonte, para a luz que brilhava como uma estrela grande e de luz alaranjada. “Era essa luz cercada por uma espécie de halo luminoso e nevoento, como uma nuvem transparente iluminada, de forma circular", detalhou.
O que são Ovnis?
Anteriormente chamado de Objetos Voadores Não Identificados (Ovnis), a nomenclatura está ligada aos avistamentos feitos no céu por pilotos, estudiosos ou mesmo pela população os quais não se conhece a origem.
Conforme o Arquivo Nacional, a denominação serve para designar qualquer objeto voador que não teve sua origem identificada de maneira imediata. Ou seja, podem ser satélites, drones, balões, fenômenos naturais, entre outros.