Professores recusam proposta de reajuste de Sarto e mantêm paralisação
Categoria está paralisada desde terça-feira (30) e reivindica reajuste de 10,09% para adequar salário ao mínimo definido pelo Governo Federal para 2024
O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), e a secretária municipal da Educação (SME), Dalila Saldanha, apresentaram a professores da rede municipal uma proposta de reajuste parcelado do piso salarial da categoria — o valor mínimo definido pelo Governo Federal para 2024 foi de R$ 4.580,57. De acordo com a oferta, seriam pagos pela Prefeitura 3,62% neste mês, retroativos ao último janeiro, e o restante seria acrescentado apenas a partir de junho, de duas formas diferentes (veja abaixo).
Os valores foram repassados pelo Executivo em reunião com o Sindicato União dos Trabalhadores em Educação (Sindiute) na manhã desta sexta-feira (2), no Paço Municipal. No entanto, os profissionais, que demandam o reajuste imediato de 10,09% para adequar o salário ao piso nacional, recusaram a proposta e decidiram manter o estado de paralisação — iniciado na última terça-feira (30) — até a próxima quarta-feira (7), pelo menos, quando deve ocorrer outra assembleia da categoria.
Segundo a proposta da Prefeitura, o pagamento do reajuste seria feito da seguinte forma:
- 3,62% retroativo a janeiro de 2024;
- 4,62% (adicional de 0,965 ao percentual de 3,62%) a partir de junho;
- Incorporação de 5,5% da regência (gratificação que todos recebem) a partir de junho de 2024 (o percentual da nova regência passa a ser de 14,5%);
- Piso inicial do Magistério Nível 1 - Ensino Médio: R$ 4.592,61 (o reajuste seria de 10,37%, acima do piso nacional, que é de R$ 4.580,57).
Para a presidente do Sindiute, Ana Cristina Guilherme, o prefeito ofereceu no acordo o suficiente para cobrir a inflação, mas não atendeu aos outros anseios dos professores. "Ele incorporou uma gratificação que a gente tinha [a chamada regência]. Eu tinha 20%, ele tirou 5% e botou 5% lá em cima. Não sou contra incorporar, mas queria que ele incorporasse 20%, aí não precisava dar nada [além]. Tirava os 20% da gratificação e colocava lá. Por quê? Porque esses 20% estão ameaçados pela Reforma Administrativa [em tramitação no Congresso Nacional]. Se a Reforma vem, eu tenho uma redução de salário de 20%. Dá uma insegurança gigantesca", explicou a representante.
Dentre as outras propostas apresentadas pela Prefeitura aos professores, estão:
- Aumento do ADI (Adicional de Dedicação Exclusiva) de R$ 15,00 para R$ 16,50 (reajuste de 10%);
- Valor mensal a ser pago da pecúnia definido até o fim de fevereiro.
"Estamos atendendo a pontos importantes da pauta de reivindicações apresentada. Inclusive, concedendo reajuste do piso superior ao índice estabelecido pelo MEC [Ministério da Educação], além de vários outros avanços para a carreira", alegou o prefeito Sarto em comunicado publicado nas redes sociais sobre o assunto.
Veja também
Reunião com o prefeito
Professores e professoras da rede municipal de Fortaleza se reuniram no Paço, na manhã desta sexta-feira (2), com o prefeito José Sarto, para tratar, principalmente, do pagamento do piso nacional do magistério, que significa um reajuste salarial de 10,09%. "Em ano eleitoral, existe um impedimento na legislação eleitoral no reajuste em abril. Então, a gente tem pressa para resolver a pauta financeira relativa ao reajuste. Estamos pedindo apenas, e muito apenas, a implementação do piso nacional aqui, em Fortaleza. [...] Estamos sem esse valor desde 2017", comentou a presidente do Sindiute, Ana Cristina Guilherme.
Veja também
Sarto prometeu reajuste 'razoável'
Nessa quinta, na reabertura dos trabalhos na Câmara Municipal de Fortaleza, Sarto afirmou que apresentaria uma proposta "bem razoável" para o reajuste salarial de professores e professoras. A categoria está paralisada desde a última terça-feira (30), um dia depois de anunciar o estado de greve.
"Eu vou reafirmar aqui o que já tinha afirmado antes: nós garantimos o piso, que é indiscutível. É lei e eu não posso fugir da lei e nós vamos avançar. Nós vamos avançar. Eu acho que vamos fazer uma proposta bem razoável, até onde a gente pode com responsabilidade e com sensibilidade", disse o prefeito. A categoria pede reajuste de 10,09%.