Pneumonia causa média de 878 mortes por mês no Ceará; confira sintomas e quem pode tomar vacina
Embora os dados não tragam registros de alta no Ceará, este período de chuvas exigem mais alertas, devido à facilidade de proliferação de vários vírus
O governador Elmano de Freitas, a artista Ivete Sangalo e o ex-ministro José Dirceu foram internados já neste ano por causa da pneumonia. Os casos têm gerado alerta no Brasil, inclusive no Ceará: em 2023, houve, em média, 878 mortes por mês e 3.300 hospitalizações. Com públicos-alvos definidos, a doença tem vacina tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) como na rede privada.
Embora os dados não tragam registros de alta no Ceará, este período de chuvas exige mais alertas, devido à facilidade de proliferação de vários vírus. Apesar disso, os cuidados devem ser tomados o ano inteiro, como explica o Robério Leite, médico infectologista pediátrico e membro da Comissão de Guias e Consensos da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
No Estado, foram registradas 10.544 mortes por pneumonia em 2023. Em 2024, já são 1.404 mortes devido à infecção, até o momento – registro similar ao mesmo período do último ano. Os dados são do Portal da Transparência do Registro Civil, atualizados nessa quarta-feira (28).
Além disso, no último ano, houve 39.968 internações hospitalares por causa de pneumonia no Ceará. Fortaleza concentra os casos com 9.680 internações, seguida por Sobral (1.738), na Região Norte, e Brejo Santo (1.511), no Cariri. As informações são do Sistema de Informações Hospitalares do SUS, do Ministério da Saúde.
O que é pneumonia?
A pneumonia é uma infecção dos pulmões que pode ser causada por vírus, bactérias, fungos ou por reações alérgicas e afeta o sistema respiratório de forma severa. Febre alta, tosse, falta de ar, secreção amarelada e fraqueza costumam afetar os pacientes com a doença. Confira uma lista dos sintomas mais abaixo.
No Ceará, os vírus respiratórios circulam com mais intensidade durante o período chuvoso, entre fevereiro e maio. Contudo, desde a pandemia, a circulação viral vem aumentando desde dezembro.
“Isso acontece principalmente em indivíduos que têm maior suscetibilidade, crianças muito novinhas, prematuros, com problemas cardíacos, os idosos, pessoas com deficiência imunológica podem sofrer gravemente de uma infecção por esses vírus respiratórios”, analisa Robério Leite, médico infectologista pediátrico e membro da Comissão de Guias e Consensos da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
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Contudo, qualquer pessoa pode desenvolver quadros graves individualmente ou evoluir com uma infecção bacteriana secundária, acrescenta o médico.
“Todos nós temos bactérias colonizando a nossa via aérea superior, e uma vez implantado, por exemplo, um vírus que inflama aquilo, facilita a invasão da árvore respiratória em qualquer setor, levando, por exemplo, a uma pneumonia”, completa.
Por isso, o especialista defende uma preparação independente do período do ano: as vacinas. Tanto a vacina específica para a pneumonia, viral e bacteriana, quanto o imunizante contra a influenza são importantes para a proteção do sistema respiratório.
Existe vacina contra pneumonia
Quem faz o esquema vacinal ainda pode desenvolver pneumonia, mas está muito mais protegido contra as formas graves e de morte pela doença. Existem mais de 90 diferentes tipos de pneumococo conhecidos, com capacidade de provocar infecções que vão de leves a graves, conforme o Ministério da Saúde. As vacinas protegem contra os tipos mais circulantes e mais danosos à saúde. O tipo de imunizante varia conforme a indicação médica.
“A ideia da vacina é prevenir as complicações e mortes, os quadros graves, então quando a gente fala vacina para pneumococo, que é dado basicamente nas crianças, essa vacina previne as formas graves da doença pneumocócica, seja no pulmão, seja meningite também, por exemplo”, acrescenta Robério Leite.
As vacinas têm um papel muito importante, tanto na criança quanto no adulto quanto no idoso e a ideia principal é: existem vacinas que previnem de pneumonias virais e pneumonias bacterianas
Confira quem tem direito a vacina da pneumonia na rede pública:
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Pneumocócica 10v: disponível na rotina dos serviços públicos de vacinação para crianças de 2 meses a menores de 5 anos;
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Pneumocócica 13v: disponível para pessoas em condições clínicas especiais, descritas no Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais - CRIE;
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Pneumocócica 23v: disponível na rotina dos serviços públicos de vacinação para pessoas a partir de 60 anos, acamadas ou institucionalizadas.
Na rede privada também estão disponíveis imunizantes, que podem ser aplicados a partir dos dois meses de idade, e que protegem contra mais sorotipos da doença:
- Pneumo 13: a partir dos 2 meses de idade, proteção para 3 sorotipos a mais que a pneumo 10, que são o 3, 6 e 19 A, causadores de doença pneumocócica invasiva, e as formas mais graves de pneumonia com óbito;
- Pneumo 15: mesma indicação da 13, com maior proteção de sorotipos;
- Pneumo 23: indicada em situações específicas, a partir dos 2 anos, pacientes com pneumonia de repetição, que fizeram retirada de baço, pneumopatas, renal crônica e outros.
A médica pediátrica Vanuza Chagas, diretora da clínica Previne Vacinas, reforça como os pacientes com sistema imunológico em desenvolvimento ou já fragilizado precisam de atenção especial.
"Temos muita preocupação com as pneumonias causadas por pneumococo, que é a principal bactéria envolvida nas pneumonias e, entre elas, as graves que levam à internação. Principalmente nos dois extremos da vida: crianças e idosos", analisa.
Com o aumento da circulação viral, Vanuza também frisa a relevância de se proteger contra a influenza. "Estamos iniciando uma campanha de vacinação contra a gripe, tanto na rede pública quanto na rede privada, e é muito importante as pessoas se protegerem contra o vírus da influenza justamente porque vimos surtos da doença em anos anteriores", conclui.
Sintomas da pneumonia
A tosse produtiva com catarro purulento, a febre e a dor no peito são sinais de alerta para a pneumonia, principalmente se associados a uma “queda no estado geral, prostração e diminuição de apetite”, como explicam especialistas.
Outros sintomas possíveis da pneumonia são:
- febre alta;
- tosse;
- dor no tórax;
- alterações da pressão arterial;
- confusão mental;
- mal-estar generalizado;
- falta de ar;
- secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada;
- toxemia (danos provocados pelas toxinas carregadas pelo sangue);
- prostração (fraqueza).