Líder de paróquia na Barra do Ceará recebeu ‘votos perpétuos’ de novo papa Leão XIV; veja história

Ao compartilhar detalhes do encontro com o novo papa, padre Alexandre Escame diz, esperançoso, que a Igreja está 'em boas mãos'

Escrito por
Raísa Azevedo raisa.azevedo@svm.com.br
foto de padre Alexandre Escame com o papa Leão XVI
Legenda: Padre Alexandre Escame em encontro com o papa Leão XVI, celebração em que foram recebidos os votos perpétuos de castidade, pobreza e obediência
Foto: Arquivo pessoal

"Um homem formidável, muito acolhedor, de muita simplicidade, humildade e fraternidade”, definiu assim o padre Alexandre Escame, líder religioso da Paróquia São Pedro, no bairro Barra do Ceará, em Fortaleza, a personalidade irreverente do novo papa Leão XIV.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, padre Alexandre relembra com entusiasmo o momento em que recebeu os votos perpétuos do cardeal agostiniano eleito o novo líder da Igreja Católica.

Paranaense da cidade de Londrina, o religioso atua há 5 anos no Ceará, quando assumiu missão na paróquia da Capital. Ao compartilhar detalhes do encontro com o novo papa, ocorrido em 6 de dezembro de 2012, na cidade de Mário Campos, em Minas Gerais, padre Alexandre disse, esperançoso, que a Igreja está “em boas mãos”.

Recebimento de votos

A reunião com Robert Francis Prevost, o agora papa Leão XIV, aconteceu durante a admissão de padre Alexandre à ordem de Santo Agostinho. Ele explica que, durante o processo formativo, há um momento primordial em que são recebidos os votos perpétuos de castidade, pobreza e obediência.

foto de padre Alexandre Escame abraçando o papa Leão XIV
Legenda: Padre Alexandre descreve o novo papa como um homem acolhedor, de muita simplicidade, humildade e fraternidade
Foto: Arquivo Pessoal

Normalmente, esta celebração é presidida pelo superior da província, ou também pode acontecer, como neste caso, pelo superior geral da ordem no mundo, à época Frei Robert Prevost.

“Ele estava fazendo uma visita ao Brasil e, como coincidiu com os votos durante a visita, ele presidiu a celebração. Para nós, foi de extrema alegria porque, além de ser um momento muito importante, nós concluímos nosso processo formativo de entrada à vida religiosa definitivamente pelo nosso superior geral, como esse pastor maior nos acolhendo e reconhecendo toda a nossa dedicação e entrega à ordem”, celebra o padre.

“O Frei Robert Prevost é um homem formidável, de muita simplicidade, humildade e muito acolhedor. Não foi à toa que ele foi escolhido para ser o nosso superior geral. Tê-lo como irmão, como confrade, já era para nós de uma grande alegria. E como o superior, então, realizando este momento tão importante, nos marcou profundamente”, afirmou.

Para ele, o abraço fraterno representa o que é o papa Leão XIV, um homem da fraternidade, alegria e amizade. 

"Para nós, agostinianos, é uma alegria muito grande tê-lo como esse grande representante, o primeiro papa agostiniano trazendo esse carisma tão bonito para a nossa igreja”, complementou.

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Acolhimento

Padre Alexandre contou que, para além dos votos, houve um momento de acolhimento do líder que o marcou profundamente.

"Ele nos deu palavras fraternas, de amizade e de gratidão pelo nosso sim, pela nossa disponibilidade de estar presente na ordem de Santo Agostinho, mas algo que nos tocou foi a forma como ele falou com as nossas famílias, por ter gerado vidas para o serviço na Igreja. A forma que ele trouxe a família para a celebração, dando este lugar também de importância, de responsabilidade no nosso processo. A família não somente participa, mas ela também começa a fazer parte da ordem”, detalhou o padre.

foto de encontro de papa Leão XIV com líderes religiosos no Brasil, em 2012
Legenda: Encontro do papa Leão XIV com líderes religiosos ocorreu em 6 de dezembro de 2012, na cidade de Mário Campos, em Minas Gerais
Foto: Arquivo pessoal

"Essa foi uma característica dele, este olhar não só para os religiosos, mas também para a família, para os leigos que estavam ali, todo mundo apaixonado pelo nosso atual papa Leão, pela forma carinhosa dele de acolher”, afirmou padre Alexandre sobre o dia que, em suas palavras, tornou-se uma data histórica, que ficará para sempre na memória. 

Expectativa para mandato do novo papa

O pároco vê com muita esperança e entusiasmo o legado que papa Leão XIV inicia como Bispo de Roma, com um olhar humano, próximo ao povo, mas sem desconsiderar temas importantes na igreja que precisam de posicionamento, dando continuidade ao trabalho realizado por papa Francisco.

Conhecendo um pouco do nosso confrade, ele tem um coração agostiniano, de ser igreja no segmento de Jesus. Acredito que ontem ele já deu algumas pistas de como será o trabalho dele, construindo pontes, a unidade. É muito bonito quando ele agradece o papa Francisco, reconhece o trabalho, para continuar aquilo que já tem sido feito na igreja. Ser essa força, mas, ao mesmo tempo, este coração capaz de acolher a todos
Alexandre Escame
Padre

A personalidade e o carisma de Leão XIV também são características que devem se sobressair durante o legado do líder do Vaticano, acredita padre Alexandre.

“Papa Francisco nos encantou com aquele jeito irreverente, o sorriso, o olhar, um papa que quebrou protocolos e que deixou para nós tanta saudade. O papa Leão não será diferente, com certeza sua personalidade, a sua forma de ser igreja, de ser humano, nos tocará profundamente e o marcará como este papa, apresentando também a ordem de Santo Agostinho, a forma que nós vivemos e o nosso carisma na igreja e no mundo. Estou muito feliz, muito esperançoso. Que o nosso povo tenha certeza de que estamos em boas mãos”, destacou o religioso.

Trabalho no Ceará

Atuando há cinco anos na Paróquia de São Pedro, na Barra do Ceará, padre Alexandre faz uma reflexão sobre os desafios da igreja diante de um cenário de escalada de violência na região, como o que aconteceu recentemente com a chacina.

“É um trabalho com muitos desafios, que a gente vê a importância da nossa presença, essa igreja que está sempre de portas abertas, uma igreja viva, devota para confortar o coração das famílias. Essa é a nossa missão, como religioso, como igreja, de ser esse lugar de conforto, de acolhimento, diante tantos desafios que nós vivemos. A igreja se torna esta mãe que tranquiliza, que fala sobre o amor, o diálogo, a caridade. Eu amo estar aqui porque a gente vê o quanto que o povo precisa de nós”, assinalou.

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