‘Greve é quando não há diálogo’, diz Camilo sobre paralisação em Universidades Federais do Ceará

Servidores técnico-administrativos anunciaram suspensão das atividades a partir desta sexta-feira (15)

Escrito por Theyse Viana e Bruno Leite , ceara@svm.com.br
Jardins da Reitoria da UFC
Legenda: A data definida para retorno das aulas na UFC considerou uma reivindicação dos estudantes
Foto: Ribamar Neto/UFC

Os servidores técnico-administrativos das Universidades Federais do Ceará iniciam, nesta sexta-feira (15), uma greve por tempo indeterminado. Entre as reivindicações, estão reajuste salarial e revisão do plano de carreira.

Questionado sobre a paralisação, na manhã desta quinta-feira (14), o ministro da Educação, Camilo Santana, colocou que “greve é quando não há diálogo” e garantiu que o Governo Federal “está empenhado nisso”, pois “reconhece a importância dos servidores”.

A declaração foi dada em coletiva de imprensa para anúncio do programa Pé de Meia no Ceará, que beneficiará cerca de 185 mil estudantes do ensino médio da rede estadual de ensino.

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Sobre a greve, Camilo relembrou que “os servidores passaram 6 anos sem aumento, e no primeiro ano (de mandato) do presidente Lula, ele já deu 9% de aumento a todos”.

“Neste ano, abriu-se uma mesa de negociação, já tem 9% colocados pros próximos 2 anos. E os servidores técnico-administrativos das universidades e institutos federais estão reivindicando também questões de carreira”, citou o ministro.

O presidente Lula fez, no ano passado, uma recomposição de R$ 2,5 bilhões para as universidades e institutos federais. Anunciamos agora o PAC dos Institutos Federais, e vamos anunciar o PAC das Universidades, inclusive no Ceará.
Camilo Santana
Ministro da Educação

O Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do Ceará (SINTUFCe) deliberou, em assembleia geral na última segunda-feira (11), que a categoria entraria em greve nesta sexta (15). 

A decisão foi comunicada em ofício à UFC, o que assegura o direito de greve aos servidores. De acordo com o SINTUFCe, os técnicos do Ceará reivindicam pontos específicos:

  • Reajuste salarial para 2024; 
  • Revisão geral salarial de 9,0% para os servidores públicos federais, dividido em dois anos (4,5% em 2025 e 4,5% em 2026); e 
  • Reestruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE).

O Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), que representa os institutos federais (IFs), realizará plenária no próximo fim de semana para deliberar sobre campanha salarial e possível adesão à paralisação.

No dia seguinte à fala do ministro da Educação em Fortaleza, o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC) enviou nota à redação solicitando responder à declaração de Camilo Santana.  A instituição “contesta” a fala do gestor sobre diálogos e diz que a greve deflagrada pelos servidores técnicos administrativos nas universidades federais cearenses nesta semana é um debate “que também tem ocorrido nas bases docentes, encaminhando-se para uma greve unificada do setor da Educação”. 

“É fundamental lembrar que servidores federais estão há oito meses compondo uma Mesa Nacional de Negociação Permanente com o governo federal, que, na prática, tem atuado como simulacro: não tivemos respostas à altura das nossas reivindicações e o governo insistiu no reajuste salarial zero em 2024, o que gerou uma intensa insatisfação nas categorias, que já vêm com salários defasados há quase uma década”, acrescenta a nota. 

O documento enfatiza ainda que a mobilização da categoria “não é contra o governo Lula particularmente, pois há o reconhecimento de que as perdas salariais se aprofundaram especialmente em razão do congelamento salarial nos governos de Temer e Bolsonaro”. 

“Entretanto, justamente por termos eleito um governo democrático e comprometido com os direitos sociais, é impossível nos calarmos. No início do mandato, o presidente Lula convocou movimentos sociais e sindicais a reagirem e apontarem eventuais erros do governo. Então, cá estamos nós, servidores públicos federais, dizendo não ao inaceitável e em busca de um diálogo real”, conclui o sindicato.

 

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