Fundação Edson Queiroz amplia investimentos em ciência no Ceará
Projetos trazem avanços para áreas como saúde, gestão pública e democracia
A Fundação Edson Queiroz tem ampliado de forma consistente seus investimentos em ciência aplicada e inovação, consolidando a Universidade de Fortaleza (Unifor) como um dos principais polos de produção de conhecimento voltados a soluções concretas para a sociedade.
Os aportes se refletem na ampliação de linhas de financiamento a pesquisadores, na modernização do parque tecnológico e na criação de novos laboratórios. Parte dos recursos é proveniente de parcerias com instituições de fomento como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação Cearense de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).
Os resultados dessas iniciativas têm impacto direto no desenvolvimento social, econômico e tecnológico do Ceará, com pesquisas que ultrapassam fronteiras e influenciam políticas públicas e práticas profissionais.
Na área de gestão pública, por exemplo, uma pesquisa com inteligência artificial tem contribuído para tornar os processos de arrecadação mais transparente. Coordenada pela professora Vládia Pinheiro, do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada (PPGIA), o projeto “Tributação 4.0” é desenvolvido em parceria com a Secretaria Municipal das Finanças (Sefin).
A iniciativa criou robôs de inteligência artificial capazes de automatizar o atendimento e a fiscalização tributária, identificando inconsistências e prevenindo fraudes em impostos como ISS e IPTU. Um caminho para tornar a arrecadação mais justa e com maior transparência na gestão dos recursos públicos.
Inovação em saúde
Na área da saúde, pesquisas conduzidas pelo professor Alexandre Libório, do curso de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Unifor, foram determinantes para a atualização internacional dos critérios de diagnóstico da lesão renal aguda neonatal (AKI).
Os estudos foram realizados em parceria com hospitais de referência do Ceará e comprovaram que o volume urinário é um marcador precoce de risco em recém-nascidos. Os achados foram incorporados à nova diretriz mundial de nefrologia neonatal, apresentada em conferência internacional nos Estados Unidos, em 2024.
A mudança amplia a precisão e a rapidez nos diagnósticos, contribuindo para a redução de complicações e da mortalidade infantil.
Outra pesquisa de destaque na área da saúde acompanhou crianças nascidas com sífilis congênita e foi reconhecida com o Prêmio Walter Takahashi de Melhor Tema Clínico, no BRAVS Meeting Retina 2025.
Sob a coordenação da professora Maria Alix Leite de Araújo, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, um estudo realizado em parceria com a Universidade de Harvard acompanhou crianças nascidas com sífilis congênita em 2015, período marcado pela escassez mundial de penicilina.
A pesquisa analisou possíveis sequelas oftalmológicas, pediátricas e neurológicas em crianças tratadas com medicamentos alternativos. O trabalho resultou em importantes descobertas clínicas e ampliou o acesso a atendimentos de alta qualidade por meio do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI).
Outro projeto de pesquisa da Unifor que se destaca é o TsetFall, desenvolvido sob a liderança da professora Andréia Formico, do Mestrado em Informática Aplicada. Ela criou um banco de dados público inédito para detecção automática de quedas humanas.
Utilizando inteligência artificial e visão computacional, a ferramenta reconhece quedas em tempo real, com aplicações em hospitais, lares de idosos e residências inteligentes. O projeto já foi apresentado em conferências internacionais como a IEEE SeGAH (Grécia) e o BRACIS 2025 (Brasil).
Prêmio Capes
Uma pesquisa na área do Direito conferiu à Unifor o feito de primeira instituição do Nordeste a vencer o Prêmio Capes de Tese 2025, na área jurídica. Quem conquistou o título foi a doutora Thaís Araújo Dias, egressa do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional (PPGD) da Unifor
Sua pesquisa, intitulada “Ditadura legalizada: uma teoria constitucional autoritária brasileira dos atos institucionais”, analisa como o Direito foi instrumentalizado durante o regime militar (1964–1979) para legitimar práticas autoritárias.
Orientada pelo professor Martonio Mont’Alverne Barreto, a tese contribui para a compreensão crítica do passado e reforça o compromisso democrático da ciência jurídica.