Enfermeira cearense é convocada para missão da Força Nacional do SUS no Rio Grande do Sul
Neiva Timbó, 54, atualmente, trabalha no Samu Ceará
Uma enfermeira cearense foi convocada para compor a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio Grande do Sul. Neiva Timbó, 54, trabalha, atualmente, no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do Estado, mas também tem experiência de quatro anos na Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer). Ela viaja até esta quinta-feira (16) para Brasília, e, de lá, segue para a região gaúcha em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), junto a outros profissionais da saúde.
Neiva é cadastrada como voluntária na Força Nacional do SUS desde 2012, pouco após o projeto ser lançado pelo Governo Federal, mas nunca havia sido, de fato, convocada para uma missão. A única outra vez em que foi acionada foi em 2013, na época do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, também, no RS, mas não foi mais preciso ir.
De acordo com o Ministério da Saúde, o grupo de voluntários é "voltado à execução de medidas de prevenção, assistência e repressão a situações epidemiológicas, de desastres ou de desassistência à população, quando for esgotada a capacidade de resposta do Estado ou do município". Desde a criação do programa, foram feitos:
- Apoio a situações de desastres naturais (enchentes e deslizamentos);
- Apoio à gestão de grandes eventos (Rio +20, Círio de Nazaré, Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016);
- Apoio a situações de desassistência (reorganização da rede de atenção à saúde, migração de haitianos e desassistência indígena);
- Apoio a tragédias (incêndio em boate em Santa Maria, RS).
"Primeiro, a gente sente o dever. Você foi capacitada, querendo ou não, o Governo investiu em você, o Ministério [da Saúde] investiu em você, então, esse é o momento do retorno [para a população brasileira]", diz a enfermeira. Em segundo lugar, ela afirma sentir "orgulho" de poder contribuir.
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Capacitação de voluntários
Os profissionais cadastrados na Força Nacional do SUS, segundo Neiva, passam por periódicas capacitações — tanto presencialmente como à distância. Ela já passou, por exemplo, por formações relacionadas à atuação em eventos químicos, radiológicos e biológicos, e em eventos de grande proporção como uma Copa do Mundo.
Por ter experiência profissional no Samu e na Ciopaer, a enfermeira se sente pronta para o trabalho em um cenário de enchentes e inundações, como é o caso atual do Rio Grande do Sul, que vem sofrendo as consequências de um volume intenso de chuvas e de problemas estruturais, como transbordamentos de diques e rompimentos de barragens.
"Na Ciopaer, a gente também vê muito a parte de água, de resgate em água, atuação em salvamento aquático", garante a enfermeira. Ela, porém, ainda não sabe qual exatamente será a sua missão no estado gaúcho. Os detalhes serão repassados aos convocados — enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros — em uma reunião com o Ministério da Saúde. "Só vou saber lá, não existe um grupo formado em que a gente ficar se comunicando", explicou a cearense.
Por ser um serviço voluntário, Neiva, que é servidora pública estadual, será cedida pelo Governo do Ceará para o Governo Federal. A previsão é de que a missão dure 15 dias, com retorno da profissional no próximo 29 de maio.
Outros profissionais do Samu Ceará que foram para o RS trabalhar na Força Nacional do SUS:
- Andreza Sérvula, médica
- Adriano Antunes, médico
- Miguel Enrique Duran, médico
- Samaronny Dias, enfermeiro
- Francisco Leonidas, enfermeiro
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Comunicado para a família e amigos
Neiva é mãe de cinco filhos, todos adultos e já formados — alguns, inclusive, na área da saúde. Ela contou que, logo que recebeu o comunicado do Governo, convocou a prole para uma reunião online. "Teve muito chororô, mas muito 'mãe, vai'", lembrou.
É missão. Mesmo com o coração apertado, com receio, que a gente também tem um pouco, por estar indo para uma área de risco, eu vou".
Além do apoio dos filhos, a enfermeira tem, também, o suporte dos amigos e companheiros de profissão. "De pronto, me abraçaram e estão me dando todo o apoio para ir", disse, citando gestores e colegas.
Tragédia no RS
O Rio Grande do Sul está há três semanas enfrentando enchentes, deslizamentos e inundações. Segundo balanço da Defesa Civil divulgado às 12 horas desta quarta-feira (15), foram registrados, até o momento:
- 149 mortos;
- 806 feridos;
- 538,2 mil desalojados;
- 108 desaparecidos;
- 449 municípios afetados.