‘Doença silenciosa’, AVC é 3ª maior causa de mortes no CE em 2023; veja sintomas e prevenção

Dia Mundial do AVC alerta para importância de controlar estresse e adotar hábitos mais saudáveis como prevenção

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Legenda: Praticar atividades físicas com regularidade é uma forma de prevenir o AVC
Foto: Camila Lima

Estar sentado vendo TV e, de repente, perder o movimento de um lado do corpo. O cenário súbito é preocupante, mas pode acontecer quando o assunto é Acidente Vascular Cerebral (AVC) – o popular “derrame”. Apesar de gravíssimo, ele pode ser silencioso.

No Dia Mundial do AVC, 29 de outubro, entra em pauta o alerta para a necessidade de saber quais os fatores de risco, quais os sinais e sintomas, o que fazer em caso de AVC e como prevenir esta que é a 3ª maior causa de mortes no Ceará, em 2023.

Neste ano, até setembro, 1.015 óbitos por AVC foram registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Estado, abaixo apenas dos infartos (2.640) e das pneumonias (2.374) fatais. É uma média de 112 por mês.

A soma engloba as vidas perdidas após AVC isquêmico, quando canais que levam sangue ao cérebro entopem; e hemorrágico, quando os canais se rompem.

Quais as causas do AVC

As causas do AVC são, na verdade, fatores de risco: hábitos que, juntos, de forma prolongada, expõem o corpo ao problema.

O neurologista Fabrício Lima, chefe da unidade de AVC do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), destaca que “eles são responsáveis por 90% dos casos” – o que significa que o AVC é uma doença quase totalmente prevenível.

O médico lista como principais fatores de risco a “pressão alta, diabetes, colesterol elevado, arritmias cardíacas, tabagismo, consumo de álcool em grandes quantidades, má alimentação, inatividade física e, hoje, o estresse”.

“O estresse permeia nossa vida, mas podemos impedir que essa condição leve a um sono e alimentação inadequados ou à falta de atividade física. Ele em si é um fator de risco importante, e, além disso, muitas vezes nos impede de ter um estilo de vida saudável”, ilustra Fabrício.

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O médico Bruno Cavalcante, clínico geral e professor universitário, reforça que “o AVC não dá sinais de que vai acontecer”, na maioria das vezes, e que, por isso, é preciso focar na prevenção.

É como se o vaso que leva o sangue pro cérebro fosse um cano, que com a má utilização, vai enchendo de gordura na parede. Até que entope e não consigo levar irrigação pro cérebro. Por isso é súbito: às vezes a pessoa está dormindo ou fazendo alguma atividade.
Bruno Cavalcante
Médico clínico geral

O neurologista Fabrício Lima acrescenta que “em uma parte das vezes, o AVC pode manifestar sintomas dias ou semanas antes de acontecer, mas na grande maioria das vezes ele acontece de forma repentina”.

Quais os sintomas ou sinais do AVC

Quando o AVC manifesta sintomas, estes “são facilmente reconhecíveis”, como descreve o neurologista do HGF. Ele sugere uma dica de testes que podem ajudar a identificar o acidente vascular: a chamada “escala Samu”.

  • S de sorriso: se a pessoa tem a boca torta, assimetria da face, pode ser um sinal; 
  • A de abraço: peça à pessoa para te abraçar, e se ela não consegue elevar um dos braços, pode ser um sinal;
  • M de mensagem: pela para a pessoa falar e te ouvir, se ela tiver dificuldade disso, então…
  • de urgente: ligue para o Samu 192 e busque atendimento médico.

Dor de cabeça muito forte e repentina, “como um trovão na cabeça”, também pode ser um sintoma do agravo, como orienta Fabrício Lima.

“O atendimento do AVC é muito dependente do tempo: quanto mais precoce, maiores as chances de recuperação. Uma vez que a pessoa é levada ao hospital, rapidamente realiza uma triagem e, depois disso, é desencadeada uma série de procedimentos para decidir o tratamento”, descreve o profissional de saúde.

Como prevenir o AVC

Médicos são unânimes ao afirmarem que a prevenção do AVC se dá, principalmente, por meio da adoção de hábitos mais saudáveis. O clínico Bruno Cavalcante frisa que “quanto mais comorbidades o paciente tem, mais é preciso redobrar a atenção e controlar de forma mais intensiva os níveis de colesterol”.

Fernando Guanabara, médico nutrólogo, alerta que “uma dieta composta por alimentos embutidos, industrializados e, principalmente açucarados, favorece o aumento do percentual de gordura, o que gera inflamação no corpo – principal fator de risco para o AVC”.

“O AVC está associado a um processo inflamatório crônico subclínico. Com alimentação anti inflamatória, conseguimos consumir nutrientes antioxidantes e, consequentemente, eles podem ajudar na prevenção”, situa.

“Atividade física é uma das principais formas de prevenção, principalmente associada a uma alimentação saudável. Além disso, ela favorece o controle do colesterol, da glicemia, promove um equilíbrio hormonal, e tudo isso contribui para a prevenção do AVC”, adiciona Guanabara.

No Ceará, 41,3% da população não pratica exercícios físicos de forma suficiente – entre os homens, são 36,8% sedentários; entre as mulheres, são 45,1% sem prática adequada de atividades.

Os dados são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que entrevistou 800 adultos de Fortaleza entre dezembro de 2022 e abril de 2023.

O levantamento aponta, porém, para uma esperança: um leve aumento do número de pessoas que praticam atividades físicas no tempo livre por, no mínimo, 150 minutos semanais. Em 2022, 38,1% dos fortalezenses se exercitavam; o que subiu para 39,8% neste ano.

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