Com dúvidas, pacientes vão a César Cals em busca de informações sobre exames, consultas e remédios
Só entre exames de imagem e laboratoriais, mais de 250 procedimentos foram remanejados.
A rotina de pacientes que tinham vínculo de consultas, exames e retirada de medicações no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), em Fortaleza, foi quebrada após o incêndio que atingiu uma subestação do local, na última quinta-feira (13). Até a manhã de hoje (17), vários deles ainda buscavam a unidade no Centro em busca de orientações.
Uma delas era Liana, prima de um paciente renal de 42 anos, morador de Itapajé, município a 125 km de Fortaleza. Operado no HGCC, ele tinha uma consulta de retorno marcada para a próxima segunda-feira (23), mas ainda não sabe se e quando será realizada.
“A recepcionista disse que estão entrando em contato pra informar qual vai ser o procedimento. Mas a priori ela disse que estão transferindo lá pro Hospital Universitário (HUC), no Itaperi”, declarou. Diante da demanda, contudo, o contato “pode ocorrer ou não”.
“Disseram que como são muitos retornos, pode ocorrer a ligação ou não. Com ou sem isso, informaram que o paciente tem que ir pro Hospital Universitário informando que é acompanhado por aqui. Mas hoje mesmo ele (primo) tinha exame pra receber”, acrescenta Liana.
Quem também aguarda por orientações é uma paciente que tinha agendado um exame de colonoscopia para 14 de novembro no HGCC, dia seguinte ao incêndio. Devido ao ocorrido, ela nem chegou a comparecer. À reportagem, ela relatou ter sido informada de que “o exame vai ser realizado no HUC”, mas que precisaria ir até lá “para saber o que fazer”.
Uma técnica de enfermagem que preferiu não ser identificada também compareceu ao HGCC, na manhã de hoje, em busca das medicações que a mãe de 80 anos recebe para tratar o Alzheimer. Não conseguiu.
“Ela é acompanhada aqui no ambulatório, e vim me informar. Tenho que ir receber (a medicação) no Hospital Universitário. É muito difícil, porque é distante. E ela tem consulta a cada 6 meses com a geriatra. Agora vamos nos organizar”, pontua.
Outra usuária do Hospital César Cals também procurou a unidade para repor medicamentos de uso contínuo para o Alzheimer da mãe, e foi orientada a se encaminhar ao Hospital Universitário do Ceará. Segundo ela, antes mesmo do incêndio, a consulta da idosa de janeiro de 2026 já estava agendada para o HUC.
A distância do HUC, localizado no complexo da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no bairro Itaperi, e a “dificuldade” de realizar o percurso por transporte público coletivo é uma reclamação frequente entre os pacientes.
em média separam os dois hospitais. De carro, o percurso leva cerca de 25 minutos. Ce ônibus, 40 minutos, com passagem por um terminal de integração, conforme simulação feita pelo Diário do Nordeste.
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Pacientes encaminhados
De acordo com Lino Alexandre, superintendente da Região de Saúde de Fortaleza, mais de 350 ligações já foram feitas para contatar e informar pacientes do HGCC sobre os próximos passos em relação a procedimentos marcados.
Só para exames de imagem (como ultrassonografias e tomografias, raios-x e mamografias) e laboratoriais (hemogramas, urina e outros), são cerca de 255 pacientes remanejados a outras unidades de saúde. Segundo Lino, os encaminhamentos têm sido feitos da seguinte forma:
- Ultrassom e tomografia de tórax: Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza;
- Exames laboratoriais (hemograma, ureia, creatinina, sódio e potássio): Hemoce;
- Raio-x: Hospital da Polícia Militar do Ceará;
- Mamografias: Instituto de Prevenção do Câncer.
O superintendente garante ainda que “se o paciente tem o exame marcado para hoje e não atendeu a ligação, pode se dirigir ao HUC, porque há uma equipe recepcionando as pessoas pra dirigi-las, em van ou carro, aos locais de serviço onde estão sendo realizados os exames”.
É também no Hospital Universitário do Ceará, informa Lino, onde estão sendo efetivadas as consultas ambulatoriais, a exemplos de atendimentos em psicologia, pequena cirurgia, ginecologia e pediatria.