Censo 2022: veja raio-x do que mudou na população do Ceará em 12 anos

Veja infográficos sobre aumento e redução de moradores nas cidades do Estado

Escrito por Nícolas Paulino e Thatiany Nascimento , ceara@svm.com.br
Legenda: População da capital encolheu, mas a de 113 cidades aumentou
Foto: Thiago Gadelha

O Censo Demográfico 2022, divulgado na última quarta-feira (28), revelou uma reconfiguração populacional em diversas cidades cearenses. Muitas tiveram crescimento expressivo na última década, outras passaram por um processo de esvaziamento e houve aquelas que permaneceram estáveis. Mas, afinal, o que esses números revelam sobre a realidade?

A capital Fortaleza, embora tenha perdido 1% de habitantes em relação ao Censo de 2010, é morada para 2.428.678 pessoas e se tornou a 4ª cidade mais populosa do País, além de maior do Nordeste.

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Em movimento contrário, a Região Metropolitana (RMF) teve um crescimento importante. Itaitinga teve o maior aumento percentual de habitantes do Ceará, com incremento de 80% (+28,8 mil), passando de 35,8 mil para 64,6 mil habitantes.

Eusébio, também na RMF, teve expansão de 60% no contingente populacional (+28 mil pessoas). Cidades próximas como Caucaia (+30 mil habitantes), Maracanaú (+25 mil) e São Gonçalo do Amarante (+10 mil) também atestam o crescimento da Região Metropolitana em detrimento da capital.

O geógrafo Alexandre Queiroz Pereira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e colunista do Diário do Nordeste, analisa que essa dinâmica consolida a metrópole num estágio superior da urbanização que leva em conta concentrações densas para além de municípios.

Assim, “essas cidades estão totalmente integradas a Fortaleza e não podem ser pensadas em separado”, pontua.

Legenda: Itaitinga teve destaque no ganho de moradores no Estado
Foto: Prefeitura de Itaitinga

Crescimento no Interior

A região do Cariri também passou por mudanças relevantes. Juazeiro do Norte teve o maior crescimento bruto de população do Ceará entre os Censos de 2010 e 2022: são 36,1 mil habitantes a mais, passando de 250 mil para cerca de 286 mil. Ali perto, Barbalha ganhou quase 20 mil moradores; no Crato, por sua vez, foram 9,6 mil.

Na região Norte, Sobral cresceu quase 8%, com mais 14,8 mil habitantes. Jijoca de Jericoacoara, conhecida internacionalmente pelo turismo, marcou incremento de 50%: passou de 17 mil para 25,5 mil habitantes. Aliás, todos os municípios com praia no Ceará - exceto Fortaleza - tiveram ganho de habitantes.

Cidades-polo das regiões de sertão também se fortaleceram. Quixeramobim ganhou 10,2 mil habitantes; Tauá, mais 5,5 mil, e Quixadá e Crateús, 3,5 mil cada.

O professor Alexandre destaca que as novas migrações têm ocorrido não mais no sentido campo-metrópole, mas “centros secundários ou cidades médias têm captado e chamado essas pessoas, numa transformação econômica própria desses lugares”.

O litoral ganha destaque porque, desde os anos 1990, vem aumentando seus habitantes, processo resultante de uma política de “turistificação dos lugares e urbanização dos espaços litorâneos” que leva à migração para atividades de lazer e turismo.

Além disso, o caso de Juazeiro do Norte é emblemático porque é “um dos principais adensamentos do Nordeste. “É uma cidade muito diversificada, com infraestrutura de acesso, aeroporto, mercado imobiliário, indústria, serviços e lazer”, destaca o geógrafo.

Cidades esvaziadas

O aumento populacional, contudo, não foi realidade para todos os municípios cearenses. Das 184 cidades do Estado, 71 registraram redução entre 2010 e 2022, conforme os dados oficiais. Fortaleza, por exemplo, ‘perdeu’ 23,5 mil residentes.

A cidade de Catarina, no Centro Sul, teve redução expressiva de 45,5% dos moradores, passando de 18,7 mil habitantes para apenas 10,2 mil. Em 12 municípios, a perda foi superior a 10% do total, exemplo de São João do Jaguaribe (cidade do Brasil com maior percentual de domicílios vagos), Caridade, Tarrafas, Palmácia, Potengi, Alto Santo e Mombaça.

Nesses casos, segundo o professor da UFC, há risco da criação de “desertos demográficos” em municípios que já são “muito frágeis economicamente”. Portanto, eles necessitariam de políticas indutoras dos Governos Estadual e Federal para se fortalecerem.

Entre as sugestões, estão mais possibilidades de deslocamento diário entre esses municípios, facilitando o acesso a serviços como saúde e educação, e a implantação de redes de internet, que permitem novas possibilidades de trabalho.

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