Cearense conquista aprovação em três mestrados no exterior e faz 'vaquinha' para realizar sonho
Ex-estudante da UFC quer aprofundar conhecimento e retornar ao Ceará para ampliar debate da economia ecológica após período na Central European University
Sabe aquela inquietação por não saber qual caminho seguir? O cearense Gabriel de Castro, de 26 anos, vivenciou essa experiência até encontrar na Economia Ecológica – graduação realizada na Universidade Federal do Ceará (UFC) – a certeza de contribuir para um mundo menos desigual. O próximo destino já está certo.
O economista foi aprovado em 3 programas de mestrados internacionais e optou por cursar a especialização em Estratégias Ambientais Preventivas nos Setores Público e Privado, na Europa, com duração de 2 anos.
Com o início das aulas previsto para setembro, o jovem faz uma campanha para arrecadar R$ 25 mil destinados para o aluguel, transporte, passagens, vestuário de frio e custos iniciais da viagem, que deve passar por 3 países. Para encontrar apoio, o jovem também criou um site.
Gabriel pretende se manter no exterior com uma bolsa já garantida, mas que só será repassada com o início das aulas (caso você queira e possa ajudar, veja as informações no fim deste material)
Educação sempre foi a grande ambição da minha vida, eu não sonhava com grana, porque venho de uma família modesta e percebo até uma ansiedade dos meus pais em relação a isso, mas minha percepção de sucesso é conseguir a melhor educação que eu puder
O Mestrado em Ciências Ambientais, Política e Gestão é realizado numa parceria em 3 universidades: Central European University (Viena, na Áustria), University of the Aegean (Lesbos, na Grécia) e Lund University (Lund, na Suécia).
“Muitos dos nossos problemas sociais requerem um olhar diferenciado que a economia ecológica consegue ter”, defende o economista. Após processos seletivos que exigiram domínio da língua, análise curricular e entrevistas, Gabriel foi aprovado em 3 programas:
- Mespom: Masters in Environmental Sciences, Policy and Management
- Merged: Programme in Global Environment and Development
- Epog: Economic Policies for the Global Transition
Os interesses do jovem passam por 2 grandes áreas: sustentabilidade e dados. A ideia é unir esses mundos para análise de políticas públicas e definição de soluções para desafios sociais.
“A Central European University é referência internacional nas áreas de Filosofia, Política, Relações Internacionais e Administração, trazendo a expertise nessas áreas em tudo que se relaciona às questões de meio ambiente”, descreve sobre a primeira instituição pela qual deve passar.
Já na University of the Aegean há “uma expertise mais técnica focada em Sistemas de Informações Geográficas e Modelagem de Ecossistemas”, observa. “Como será um período de 3 meses na Ilha de Lesbos, estaremos realizando uma imersão contínua em trabalhos práticos de campo”, completa.
O segundo ano do mestrado, na Lund University, será em uma das 100 melhores universidades do mundo e uma das 10 mais prestigiadas na área da sustentabilidade. “Lá teremos uma experiência mais direta nos setores de energia, água e tratamentos de resíduos, agricultura e outros”, explica Gabriel.
Apesar dos planos de sair do País, Gabriel enxerga o futuro de voltar para contribuir com pesquisas e atuação na área. “Eu também pretendo cursar doutorado no exterior e a primeira grande meta (no retorno) é estabelecer essa comunidade de economia ecológica no Brasil, ajudar a solidificar essa perspectiva, não só dando aulas, mas produzindo pesquisas para mostrar a utilidade prática”.
Trajetória acadêmica
O primeiro passo para a aprovação nos mestrados internacionais foi dado quando Gabriel de Castro publicou um artigo, em 2021, contando a vivência como estudante do curso de graduação e “dando pitacos” sobre a formação, como lembra.
“Submeti esse artigo durante um encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica e foi publicado. Depois, recebi o convite para ser candidato na Sociedade Internacional de Economia Ecológica”.
Dentro da organização, fez parte dos comitês de “comunicação” e de “construção de comunidades” para dar suporte a iniciativas em curso relacionadas à área. Foi na experiência que recebeu uma das cartas de recomendação para a pós-graduação.
“Por causa dessa experiência na sociedade, eu acabei testemunhando que o debate (lá fora) tem muito mais vivacidade e dinamismo. Como estou nessa etapa formativa, concluí que seria muito mais produtivo e percebi que essa exposição seria necessária”, avalia.
Foi aí que começou o processo de entrar em contato com as universidades, enviar documentos e participar de entrevistas para comprovação do domínio do inglês e das aptidões para a pós-graduação.
“Desde o início da graduação eu sabia o que eu queria, já tinha pensado e levado a sério o que eu queria fazer. Temos o curso de graduação aqui, mas os programas de pós ainda não são muito abundantes, então eu já fui me preparando para ir ao exterior”, detalha.
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A distinção acadêmica Summa Cum Laude (Com a Maior das Honras, em latim), conquista na graduação da UFC, foi importante para anexar ao currículo. “A bolsa que eu ganhei é muito disputada”, frisa.
Mas esse não foi o primeiro destaque de Gabriel. Durante o ensino médio no Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE), em 2016, foi chamado por uma escola privada de Fortaleza para participar de uma turma olímpica.
“Eu tinha um chamado para estudar, me esforcei para fazer a prova do IFCE e entrei para mecânica industrial, fui me interessando por ciências exatas e alguns colegas participavam de olimpíadas científicas, eu me submeti a um teste e colégios me ofereceram bolsa”, lembra.
No início, a engenharia parecia ser o rumo certo a seguir, mas logo sentiu a necessidade de lidar com temas diversificados relacionados às ciências humanas. “Eu decidi fazer engenharia na Unicamp para ter uma vivência mais interdisciplinar, tive a experiência de conhecer pessoas diferentes, mas ainda sem atender às minhas ansiedades”, pondera.
Eu tinha fome de entender sobre coisas diversas e reuni-las de forma que fizesse sentido para mim
Relevância da área
A coordenadora do curso de Economia Ecológica da UFC, Maria Inês Escobar comemora a conquista de Gabriel, como uma “expressão da qualidade da Universidade Pública, do esforço coletivo dos trabalhadores da educação e de toda a comunidade acadêmica, que precisa ser valorizada e ter reconhecida sua excelência”.
Mas você leitor conhece a profissão? Maria Inês, agrônoma e doutora em Educação, explica que a graduação “desafia a lógica disciplinar tradicional das Ciências Agrárias e a tradição neoclássica da Economia”.
O perfil profissional em Economia Ecológica nasce da necessidade em dar respostas, aos alertas sobre as mudanças irreversíveis nos ecossistemas da Terra, que podem fazer o planeta entrar em colapso e tornar impossível a vida de inúmeras espécies – incluindo a humana
Como egresso, essa perspectiva também está nítida para Gabriel, ainda no início da carreira. “Eu entrei na UFC porque eu queria fazer o curso e sinto muito orgulho de fazer parte dessa experiência tão inovadora que nasceu lá. É um ato corajoso manter um curso desse porque a gente oferece uma visão de mundo que não é palatável para certos interesses que temos na sociedade”.
Num contexto de mudanças climáticas, consumo desenfreado e diversas manifestações de desigualdade social, os profissionais buscam encontrar soluções econômicas, como defende a professora.
“A Economia Ecológica se sobressai como uma área de estudo urgente, uma inovação no campo socioambiental, cujo objeto de investigação são as relações entre ambiente, economia e sociedade e os impactos ecossistêmicos gerados pelas atividades humanas sobre a natureza.
A atuação profissional acontece na busca da sustentabilidade em diferentes setores, como:
- Agropecuária
- Mobilidade
- Infraestrutura
- Tecnologia
- Geração de energia
- Comunicação
- Habitação
- Saúde
Os egressos do curso podem atuar em agências, órgãos governamentais, organizações não governamentais, prefeituras, empresas ligadas às pautas de meio ambiente, como líderes, como integrantes de equipe ou consultores.
“A função pode incluir o desenvolvimento de pesquisas, projetos e elaboração de pareceres técnicos que irão embasar a tomada de decisões em uma instituição pública, organização civil ou empresarial”, completa Maria Inês.
Como ajudar Gabriel
O mestrando criou uma campanha para arrecadação de R$ 25 mil para conseguir arcar com os custos iniciais da viagem. Caso queira apoiar a iniciativa, confira os dados bancários de Gabriel de Castro:
PIX: gabrielcastronaeuropa2024@gmail.com
Banco do Brasil - Agência: 4439-3 / Conta: 38442-9
Bradesco - Agência: 693 / Conta: 49847-5
PayPal - gabriel.f.decastro97@gmail.com
Wise - @gabriela4938
Para dúvidas ou solicitações de transparência, Gabriel disponibiliza um contato de e-mail: gabrielcastronaeuropa2024@gmail.com.