Biblioteca laboratório da UFC é invadida e depredada durante madrugada; motivação é desconhecida

O equipamento foi alvo de ato de vandalismo durante o feriadão de Páscoa

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 16:30)
A Universidade espera um relatório da Polícia Federal, que esteve no local
Legenda: A Universidade espera um relatório da Polícia Federal, que esteve no local
Foto: Foto: Reprodução/Instagram/UFC

A Biblioteca Laboratório Profª. Ivone Bastos Bomfim Andrade (LABIB), do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará (UFC), teve parte de seu espaço destruído ao ser invadida e sofrer um ataque de vandalismo na madrugada da última sexta-feira (18).

“Um ato de covardia que seguimos indignados em anunciar. A destruição registrada evidencia marcas de ignorância. Lamentamos que, em um contexto de intolerância crescente, até mesmo ambientes dedicados ao conhecimento e à cultura tenham se tornado alvos”, diz uma nota publicada pelo perfil oficial da LABIB no Instagram. 

Palco para capacitação

O equipamento foi reinaugurado no ano de 2023, após o período de pandemia, com o auxílio de parte do corpo docente e de sete alunos voluntários. Hoje, tem mais de dois mil itens, entre coleções especiais, conta com uma bibliotecária exclusiva, e é palco para disciplinas técnicas, defesas de trabalhos e estágios supervisionados. 

Luiz Allan, de 28 anos, foi um dos primeiros bolsistas do projeto. Formado em outubro do ano passado, ele ainda frequenta a LABIB. “Tenho um sentimento e um carinho muito grande por ela”. “Quando soube da notícia fiquei arrasado. Especialmente por ser alguém que participou desde o início dos trabalhos, que estava presente todos os dias organizando as estantes, cuidando dos livros e do espaço. Ver a LABIB naquele estado, do jeito como foi deixada, foi devastador. É difícil até de descrever”, desabafou o recém bibliotecário.

Ato grave e doloroso

A professora e coordenadora da LABIB, Áurea Montenegro, disse ainda não acreditar no acontecido. “Estamos totalmente desolados. Hoje pela manhã estive lá. É estarrecedor. Tudo foi jogado no chão. Sobraram de pé uma ou duas estantes, que talvez a pessoa não tenha tido mais força de derrubar. Foi muito grave e doloroso. Foi terrorismo, entre aspas, claro. Mas podemos dizer que foi”, disse.

Áurea salienta que ainda não existem respostas para o que pode ter motivado o ato. “Nos perguntamos se foi um homem, uma mulher, uma pessoa ou duas. Não temos a menor ideia. Penso que na terça (retorno das aulas) os alunos devem fazer um manifesto. Não vai ficar assim. Somos um curso pequeno mas muito forte e unido”, defendeu.

Falta de segurança

De acordo com o professor do curso, Luiz Tadeu Feitosa, desde 2010 câmeras de segurança são solicitadas para entradas no prédio: “Ninguém quis porque ‘ninguém pode vigiar o outro’, mas o outro pode vir e fazer uma barbárie dessas”, argumentou.

“No dia do memorial cristão da entrega de Cristo pela redenção dos humanos, eis que a barbárie de todos os dias se mantém presente. Vergonha, tristeza, nojo... Mas, os algozes não sobrevivem ao amor. Apesar de urgente e necessário, a mim não importa as punições legais, porque a cultura sempre se reinventa e sufoca os que os imbecis e as imbecilidades desejam”, acrescentou o docente.

Em nota enviada ao Diário do Nordeste, a Universidade narrou que o segurança do local ouviu barulhos e então acionou o protocolo de emergência na tentativa de interceptar o invasor, que conseguiu fugir. 

Segundo a UFC, a Polícia Federal foi acionada imediatamente e esteve no local na manhã de sexta-feira para realizar levantamentos técnicos. Um relatório vai ser enviado pela PF à administração da Universidade para que as devidas providências sejam tomadas. 

“Até o momento, não há indícios de furto ou roubo de materiais — os danos se restringiram a depredação do patrimônio. A equipe de limpeza já está trabalhando no local, e os reparos estruturais, incluindo a substituição da porta danificada, serão providenciadas pela UFC Infra. A estrutura da biblioteca já está sendo restabelecida para garantir a continuidade de uso por alunos, servidores docentes e técnicos-administrativos”, reforçou a Universidade. 

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