Besouros metálicos atacam árvores sumaúmas que têm quase 50 anos nos jardins da Reitoria da UFC
A espécie é exótica e está entre as mais vulneráveis aos danos do inseto que pode até derrubar plantas
Parte do cenário da vivência de milhares de universitários e visitantes ilustres, duas árvores históricas, com quase 50 anos de existência, são ameaçadas pelo besouro metálico nos jardins da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza. As informações foram divulgadas pela Instituição, que definiu um protocolo para manter as sumaúmas em pé.
O besouro metálico (Euchroma gigantea), uma espécie invasora e sem predador natural em Fortaleza, foi identificado na capital cearense há cerca de 3 anos, sendo responsável pela derrubada de algumas dezenas de árvores na cidade. As larvas do inseto enfraquecem as estruturas.
Na UFC, esse invasor foi encontrado em 2022 e, nas últimas semanas, os técnicos de infraestrutura da Universidade realizaram uma nova análise para atualizar o laudo de avaliação de risco. Apenas as sumaúmas foram afetadas pelo besouro, mas outros casos foram vistos e são monitorados.
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Nas árvores contaminadas, as larvas estão degradando o interior, causando o desprendimento da casca, pequenos furos no tronco e a perda intensa de folhas. Por isso, foi atestada a necessidade de intervenção com podas, retiradas de galhos e o fortalecimento da nutrição das árvores.
Serão feitas podas corretivas para o reequilíbrio das copas e a retirada de galhos secos e de plantas trepadeiras que estão no topo das sumaúmas para diminuir o peso. Também serão retirados os pregos e hastes colocados nessas árvores. Todas as medidas são para reduzir o risco de queda das sumaúmas e aumentar o tempo de vida da espécie
Lamartine Oliveira, professor de silvicultura e assessor técnico em manejo da arborização da UFC, detalha que também será feita a endoterapia nas sumaúmas – procedimento no qual são injetados nutrientes nos vasos condutores das plantas para fortalecê-las.
“Também vamos aplicar a técnica de mulching vertical, que consiste em perfurar o solo a 20 centímetros de profundidade e adicionar composto orgânico, que tanto é rico em nutrientes como em fungos e bactérias benéficos ao solo”, acrescenta sobre os procedimentos.
Em geral, as árvores contaminadas pelo inseto invasor são cortadas, principalmente, as plantas em estágio avançado de deterioração devido ao risco de acidentes e chances de propagar o besouro para outras espécies.
Porém, os técnicos identificaram a possibilidade de manter as sumaúmas da reitoria de pé e atuam para essa preservação devido à importância ambiental e social.
“Quando encontramos uma espécie de importância ambiental e social muito grande, que está presente ali há muito tempo e é um símbolo daquele espaço, como as sumaúmas, tentamos segurar ao máximo”, refletiu.
O que é o besouro metálico
O besouro metálico tem uma população crescente por causa do plantio de uma árvore nativa da Amazônia brasileira, a mungubeira. Como também não há uma substância para conter o invasor, e nem um predador natural no Ceará, a população do inseto aumenta com facilidade e já afeta até áreas protegidas como o Parque Adahil Barreto.
Quando chega às árvores, o besouro metálico deposita ovos nos troncos e as larvas degradam a madeira. Ao destruir a base das plantas, estruturas de até 10 metros de altura podem cair por completo e causar acidentes. Contudo, a espécie invasora não ameaça a saúde direta do ser humano.
Já as árvores mais vulneráveis, além da munguba, são a sumaúma e o baobá – as 3 espécies também não são nativas do Estado, mas estão disseminadas em Fortaleza. Os ambientalistas analisam o risco para espécies naturais do Ceará, como a paineira e o xixá.
As larvas podem atingir de 12 a 14 centímetros de comprimento e corroem a madeira próxima das raízes, como detalhou ao Diário do Nordeste Lamartine Oliveira.
“O inseto adulto tende a se alojar na copa e desce até a base da planta, próximo às raízes, deposita seus ovos. Ao eclodirem, as larvas migram para dentro da madeira e começam a se desenvolver abrindo diversas galerias", detalha.
As árvores afetadas apresentam sinais como uma desfolha mais intensa, a copa fica rala e com folhas pequenas e amareladas. Na base do tronco também começa a aparecer gomose, que é uma substância amarronzada ou avermelhada.
Outra característica é que há o desprendimento de casca e os pedaços soltos esfarelam com facilidade. Ainda não existe um levantamento oficial de quantas árvores foram derrubadas ou são afetadas pelo besouro metálico.
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No momento, a Autarquia de Urbanismo e Paisagismo de Fortaleza (UrbFor) suspendeu o plantio de novas mudas de munguba após detectar a presença do besouro metálico em vistorias feitas por equipes técnicas.