Após dois dias sem linhas de ônibus, passageiros tentam retomar a rotina

Operação integral dos ônibus em Fortaleza retornou nesta quarta-feira (1º)

Escrito por
Renato Bezerra e Ana Alice Freire* producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 09:43)
Terminal da Parangaba
Legenda: A movimentação foi intensa no terminal da Parangaba
Foto: Ismael Soares

Após dois dias de impacto à população, as 25 linhas de ônibus suspensas em Fortaleza voltaram a circular, nesta quarta-feira (1º). O retorno da operação integral foi anunciado na terça-feira (30).

No Terminal da Parangaba, considerado um dos mais movimentados de Fortaleza e ponto-chave de integração para diferentes regiões da Cidade, a circulação se manteve intensa logo no começo da manhã. Muitos usuários, no entanto, se mostraram mais aliviados com a frota normalizada. 

É o caso do universitário Miqueias Marques, 20, que usa diariamente a linha 513 - Parangaba/Uece/Luciano Carneiro, uma das rotas suspensas. Enquanto esteve fora de operação, o jovem disse que precisou recorrer a outra linha para ir à faculdade, bem mais lotada. 

"Provavelmente essa linha só tem uns dois ônibus. Já era ruim em termos de quantidade, mas foi péssimo [a retirada]. Afetou tanto os estudantes como passageiros para outros lugares e para a faculdade [Uece]. E embora tenha voltado, acho bom rever o número de ônibus", sugeriu. 

Com expectativas de volta da vida normal, também estava o assistente administrativo Alexsander Furlan, 21, na plataforma a espera do ônibus 352 - Solar das Águas/Green Park/Parangaba. O jovem utiliza a rota diariamente para se deslocar até o trabalho, no bairro Cazajeiras, e conta que, na segunda (29) e na terça (30), precisou recorrer a outra linha e acordar mais cedo para não se atrasar. 

"Foi complicado, pois tive que pegar o 41 e descer bem longe e ir andando para o trabalho. Tive receio em relação à segurança, porque precisei passar por dentro de uma comunidade, e é complicado por ser um espaço que você não conhece", comenta. 

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Diálogo entre Prefeitura e Sindiônibus

retorno integral dos ônibus foi anunciada pelo prefeito Evandro Leitão, durante evento, no fim da tarde dessa terça. A suspensão de 25 linhas e redução de 29 ocorreu na última segunda. O Sindiônibus alegou que o atual repasse financeiro da Prefeitura não é suficiente para manter a operação. 

Sindicato chegou a ser notificado extrajudicialmente pela Prefeitura, em documento que exigiu que as 25 linhas de ônibus suspensas na segunda-feira, e as outras 29 com frotas reduzidas, voltassem a funcionar de forma integral dentro de 24 horas. 

Após anúncio do prefeito, o presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, disse que não houve repasse financeiro extra ou avanço nas negociações com o Município para fazer as mais de 50 linhas alteradas voltarem à normalidade. Ao Diário do Nordeste, ele disse que o retorno é fruto de um esforço das empresas para "melhorar o ambiente" de tratativas do déficit financeiro. 

"Me reuni com todas as empresas para convencer todo mundo de fazer esse esforço adicional, justamente para melhorar o ambiente para se negociar com a Prefeitura. As negociações vinham andando muito lentas", explicou Barreira. 

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Situação financeira ainda é frágil, diz Sindiônibus 

Segundo Dimas, "não é fácil fazer esse esforço", pois a "situação financeira é muito frágil". No entanto, o presidente do Sindiônibus espera que a garantia da continuidade do serviço venha com o avanço das tratativas. 

"Nós ainda não sentamos com a Prefeitura, vamos voltar a negociar. A partir de amanhã vou conseguir marcar um horário", disse o gestor, que espera se reunir com o prefeito Evandro Leitão. 

Veja nota sobre o retorno 

"O Sindiônibus informa que, a partir desta quarta-feira, 1º de outubro, a operação dos ônibus em Fortaleza voltará a seguir os parâmetros definidos pela Etufor para cada linha. A decisão é fruto de um esforço adicional envidado pelas empresas de transporte para que o diálogo seja retomado, mesmo diante das dificuldades financeiras que impactam o setor, especialmente no cumprimento dos compromissos  salariais com colaboradores e fornecedores essenciais, como combustível.

A entidade reforça a urgência em ampliar o diálogo sobre o transporte coletivo, de forma a construir soluções conjuntas que garantam a continuidade e a qualidade da mobilidade urbana em nossa capital.

Na última segunda-feira (28), em caráter emergencial, foi necessária uma readequação operacional. A medida integrou um conjunto de ações voltadas a viabilizar a manutenção do serviço em meio ao atual cenário de desequilíbrio financeiro. O estudo que embasou a decisão considerou fatores como dimensionamento da frota, análise de rotas e demanda de passageiros, sempre com base em critérios técnicos.

O Sindiônibus permanece à disposição para prestar esclarecimentos adicionais". 

*Estagiária sob supervisão da jornalista Mariana Lazari

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