Por mais de uma década, Fortaleza concentrou 89 áreas de risco, ou seja, territórios em diferentes bairros passíveis de serem atingidos por processos naturais e/ou induzidos que causem efeito adverso, como deslizamentos, inundações e alagamentos. Essa quantidade foi revista e, desde 2023, após uma filtragem feita pela Prefeitura, passou a ser considerado que a cidade tem 66 áreas, em 39 bairros, enquadradas nessa classificação.
Em agosto deste ano, a gestão municipal e o Serviço Geológico do Brasil, empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, deverão começar um trabalho que irá apontar quantas áreas, de fato, são consideradas de risco na Capital. Nessa revisão da situação de cada área, esse número pode crescer ou diminuir.
O titular da Secretaria Municipal da Segurança Cidadã, coronel Heraldo Maia Pacheco, explica que a definição do número de 89 áreas de risco de Fortaleza é de 2012, quando houve a produção do Plano Local de Habitação de Interesse Social de Fortaleza (PlisFor) e também no levantamento do Serviço Geológico do Brasil, à época.
“Quando eu cheguei na Defesa Civil, nós fizemos dois cursos com o Serviço Geológico do Brasil, com os nossos agentes, e conseguimos atualizar as áreas de risco de Fortaleza. A diminuição de 89 para 66 foi dentro da percepção do nosso serviço de monitoramento, mas nós pedimos ao Serviço Geológico para atualizar juntamente conosco (esse número) para termos as áreas dentro do protocolo do Serviço Geológico do Brasil prevê”.
Ele acrescenta que a quantidade de 89 áreas de risco registradas no PlisFor incluiu também os territórios vulneráveis socialmente, enquanto no trabalho da Defesa Civil são considerados especificamente os riscos hidrológicos e geológicos.
A partir de agosto deste ano será iniciada a revisão feita pela Defesa Civil de Fortaleza e o órgão vinculado ao Governo Federal. “Esse número (de áreas de risco) pode diminuir, como pode aumentar dependendo da definição do Serviço Geológico do Brasil para área de risco”.
Conforme o Coronel Heraldo, a solicitação dessa revisão com a participação do Serviço Geológico é de 2023 e só em 2024 deve ser tornar realidade, após o órgão do Governo Federal incluir nas atividades.
Quais são as áreas de risco em Fortaleza?
Em Fortaleza, conforme levantamento da Defesa Civil Municipal, há 66 áreas de risco em 39 bairros distintos, com risco de: soterramento, inundação, desmoronamento, deslizamento e alagamento. Mas a predominância é de risco de inundação, com 48 das áreas risco sendo suscetíveis a essa situação.
Alguns bairros como Barra do Ceará, Bonsucesso, Granja Portugal, Mucuripe e Passaré têm áreas de risco com mais de uma ameaça como, por exemplo, territórios suscetíveis à inundação e alagamento. O Vicente Pinzon lidera a lista de áreas de risco com 4 pontos com risco de deslizamento.
Conforme já abordado pelo Diário do Nordeste, áreas com ocupação de margens de rios e córregos são caracterizadas como vulneráveis a inundações. Na lista de áreas de risco há comunidades que moram nas proximidades da Lagoa do Urubu, Lagoa do Mela Mela, Lagoa da Libânia, Lagoa Azul, Riacho Maceió, Riacho das Pedras, Rio Ceará e Maranguapinho, além das margens de canais.
O geólogo do Serviço Geológico do Brasil, Julio Lana, em entrevista ao Diário do Nordeste também reiterou que o mapa na qual constam as áreas vulneráveis a inundações em Fortaleza, disponibilizado online pelo Serviço Geológico, é fruto de um mapeamento feito em 2012.
Ele acrescenta que “Como as áreas de risco são dinâmicas e mudam em função das mudanças urbanas, ele precisa ser atualizado de tempos em tempos. Em agosto deste ano iniciaremos a atualização desse mapeamento.” O trabalho a ser feito, afirma Julio, inclui a coleta de indícios de risco, como histórico de deslizamentos e inundações passadas, casas em locais íngremes ou na margem de cursos d’água.
Classificação de riscos
Segundo o Serviço Geológico do Brasil as pessoas que habitam as áreas de risco “estão sujeitas a danos à integridade física, perdas materiais e patrimoniais”. No aspecto conceitual é considerado que as áreas de risco unem “a suscetibilidade e a vulnerabilidade, potencializadas pela probabilidade dos eventos climáticos”.
A classificação de risco adotada pelo Serviço Geológico do Brasil é a seguinte:
- Muito alto: As evidências de instabilidade são expressivas e estão presentes em grande número e/ou magnitude (trincas no solo, em moradias, em muros de contenção, proximidade da moradia em relação ao córrego, etc..). Mantidas as condições existentes, é muito provável a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas;
- Alto: Observa-se a presença de significativas evidências de instabilidade. Mantidas as condições existentes é perfeitamente possível a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas;
- Médio: Observa-se a presença de alguma evidência de instabilidade (encostas e margens de drenagens), porém incipientes. Mantidas as condições existentes, é reduzida a possibilidade de ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas;
- Baixo: Não há indícios de desenvolvimento de processos destrutivos em encostas e margens de drenagens. Mantidas as condições existentes, não se espera a ocorrência de eventos destrutivos.