60% do território do Ceará tiveram chuvas abaixo da média em 2025; veja mapa
Quadra chuvosa deste ano, de fevereiro a maio, teve distribuição desigual das precipitações
As chuvas dentro da média entre fevereiro e maio no Ceará não banharam todos os territórios igualmente: cerca de 60% do Estado tiveram precipitações abaixo da normal histórica, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
O balanço da quadra foi divulgado na manhã desta quarta-feira (4), na sede da Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH), e confirmou o cenário já adiantado pelo Diário do Nordeste: mesmo com chuvas 15% abaixo da média para o período, o acumulado de fevereiro a maio ficou dentro do esperado.
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De acordo com Eduardo Sávio, presidente da Funceme, as áreas mais próximas ao litoral cearense tiveram precipitações acima da média. Caucaia, aliás, foi o município onde mais choveu nos quatro meses analisados, mais de 60% acima da média. Fortaleza aparece em segundo lugar.
Além do litoral, “a região mais próxima ao Orós, o que foi responsável pela sangria do açude”, também teve precipitações positivas. “Mas o restante do Estado, em torno de 60%, é de áreas que ficaram na categoria abaixo da média”, complementa Eduardo.
O presidente explica que a variabilidade é natural da região, e reforça que, por esse motivo, é importante “ter um sistema de recursos hídricos ativo e atento às possíveis crises que podem ocorrer num ano com essa variabilidade espaço-temporal das chuvas”.
Esse cenário de diferenças geográficas de distribuição das precipitações ao longo dos anos, bem como a previsibilidade delas, preocupa ainda mais diante das mudanças climáticas em curso – não apenas no Ceará, mas no mundo –, exigindo maior monitoramento.
“Essa é outra preocupação do sistema de meteorologia do Estado: que esses eventos mais críticos, tanto de máxima quanto de mínima, no caso de secas, vão ficar mais frequentes e mais severos. Precisamos estar sempre investindo em inovação, para estarmos atentos a isso”, destaca Eduardo Sávio.
Regiões com falta d’água
Outro retrato que evidencia as chuvas irregulares é a situação das bacias hidrográficas do Ceará: enquanto regiões como Litoral e Alto Jaguaribe estão mais de 90% preenchidas, as de Sertão de Crateús e Banabuiú amargam volumes próximos ou abaixo de 30%.
Fernando Santana, titular da Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH), destaca que o aporte aos açudes neste ano foi menor do que em 2024, “e não tivemos o acúmulo esperado” – embora áreas como a de Orós, por exemplo, tenham surpreendido.
Assim, algumas cidades ficam sob alerta para a indisponibilidade de água. “Temos cidades que já entram em situação crítica: Ipaumirim, Baixio e Umari têm um problema muito sério hoje, já estamos buscando paliativos. Milhã também que preocupa muito”, resume.
A falta d’água nas torneiras, contudo, deve ser evitada. “Temos obras que garantem, hoje, segurança hídrica à população. Estamos correndo pra que finalizem, como o Cinturão das Águas, no Cariri; o Malha D’água, no Sertão Central, que capta água do Banabuiú e leva água para 9 municípios; o Ramal do Salgado; e a duplicação do Eixão das Águas, trazendo água do Castanhão”, frisa Santana.