Morre, aos 76 anos, a artesã cearense Dona Zefinha, Mestra da Cultura

Falecida neste domingo (2), ela deixou um grande legado para o artesanato do Estado a partir do cuidado que depositava em cada trabalho

Escrito por Redação ,
Legenda: O ofício de Dona Zefinha foi aprendido com a mãe, dona Helena, que também fazia redes
Foto: Divulgação

Faleceu, neste domingo (2), aos 76 anos, a artesã cearense Josefa Pereira de Araújo, conhecida como Dona Josefa (ou Zefinha). Reconhecida em 2013 com o título de Tesouro Vivo da Cultura, do Governo do Estado do Ceará, ela tinha no artesanato a ocupação principal, confeccionando redes de dormir de renda de bilros.

Nascida em 15 de setembro de 1943 em Santana do Cariri, mudou-se ainda criança para Potengi, onde residia. Dona Zefinha ficou famosa pelo esmero depositado em cada trabalho. O ofício foi aprendido com a mãe, dona Helena, que também fazia redes.

Legenda: Zefinha tinha como desejo ensinar a jovens gerações para manter a tradição da rede de almofada no Cariri
Foto: Patrícia Araújo

A dedicação à feitura de uma almofada de mais de um metro de comprimento, por exemplo, a fazia manipular 120 pares de bilros de macaúba; por sua vez, para tecer uma rede de dormir, necessitava de 20 novelos de linha e de nada menos que 70 dias de trabalho, aproximadamente. A peça não tinha qualquer emenda, simbolizando um fazer belo e delicado.

Sua história ficou registrada no livro “Mãos que fazem história - a vida e a obra de artesãs cearenses”, publicado pelo Diário do Nordeste, em 2012, com autoria das jornalistas Germana Cabral e Cristina Pioner. Na obra, Zefinha dá lições sobre o minucioso processo do fazer manual e sobre a vida, em todas suas delícias e adversidades. 

Legenda: Na rede, punhos, mamucabas e corpo formam uma peça única. A varanda, em crochê, é fixada por último
Foto: Patrícia Araújo

A Mestra da Cultura também foi uma das perfiladas no especial "Fios de Tradição", publicado pelo Diário do Nordeste em 2016. Na reportagem, ganha destaque, entre outros detalhes, o fato de quatro filhas da artesã terem aprendido o ofício da mãe, sabendo fazê-lo muito bem. 

Pesar

A Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE) emitiu uma nota de pesar pelo falecimento de Dona Zefinha, enfatizando que "o Ceará em luto, mas também em gratidão, agradece pela vida, a obra e o legado belíssimo de Zefinha. Nosso muito obrigada!".

Também sublinha que a Secult Ceará celebra a vida da artesã, almejando "que ela encontre um caminho de luz, agradece sua arte e deseja aos familiares e amigos serenidade nesse momento de dor e partida". 

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#NotaDePesar - O Ceará agradece e se despede da Mestra da Cultura Dona Zefinha A vida tão delicada e bela como cada varanda de bilro traçada pela Mestra da Culltura, a artesã Dona Zefinha, que fez sua passagem no domingo, dia 2 de agosto, na cidade de Potengi. O Ceará em luto mas também em gratidão agradece a vida, a obra e o legado belíssimo de Zefinha. Nosso muito obrigada! Conhecida pelo capricho em cada peça, era dedicada em seu trabalho de artesã e com bastante habilidade fabricava obras em renda, as redes eram sua marca e amor. A tradição deu a Dona Zefinha o Titulo de Tesouro Vivo da Cultura, do Governo do estado do Ceará. Dona Zefinha Josefa Pereira de Araújo, Dona Josefa (ou Zefinha), nasceu em 1943. Reside em Potengi, região do Cariri. Tinha no artesanato sua ocupação principal, confeccionando rede de dormir de renda de bilros. Aprendeu essa arte com a mãe, Dona Helena, que também fazia redes. Trabalhando numa almofada de mais de um metro de comprimento, manipulando 120 pares de bilros de macaúba. Para tecer uma rede de dormir, necessitava de 20 novelos de linha e de nada menos que 70 dias de trabalho, aproximadamente. A peça não tinha qualquer emenda, um fazer tão delicado e belo. A Secult Ceará celebra a vida de Dona Zefinha, almeja que ela encontre um caminho de luz, agradece sua arte e deseja aos familiares e amigos serenidade nesse momento de dor e partida. Viva Dona Zefinha! Obrigada! Nota de pesar Secult Ceará

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