Marvioli se dedica ao bloco "Concentra, Mas não Sai" e é sinônimo de energia
O cearense de 63 anos, dedica-se há quase duas décadas ao bloco e, em meio ao amor pelo Carnaval, contaminou também os filhos, idealizadores do "Luxo da Aldeia"
Quase duas décadas dedicadas de corpo e alma ao Carnaval são lembradas com carinho pelo cearense Marcus Vinicius de Oliveira, ou só Marvioli, como é chamado por amigos próximos, colegas de folia e até mesmo familiares.
Dos seus 63 anos de idade, muitos deles foram de mão na massa para transformar a festa em Fortaleza uma realidade. O estímulo veio logo após se encantar, ainda no período da faculdade, com os cortejos e animações vivenciados lá em Recife e Olinda. "Quando começou o pré aqui na Capital, ia como folião mesmo com o pessoal", explica tranquilamente ao lembrar como se integrou, aos poucos, no grupo dos realizadores fortalezenses.
Hoje, Marvioli é uma das referências citadas quando o assunto gira em torno dos responsáveis por iniciarem os festejos de Carnaval antecipado em solo fortalezense. Ele é um dos criadores do "Concentra, Mas não Sai", bloco que existe há 19 anos, e atualmente apresenta-se na Praça do Ferreira, aos sábados; além de idealizador, ao lado dos filhos Mateus e Bruno, do "Luxo da Aldeia", realizado no mesmo local às sextas-feiras. A paixão pelo Carnaval, afinal, atravessou gerações.
"É uma coisa muito doida ver esses 'filhos' crescendo e ver que nenhum deles é mais meu, que foram ganhando corpo e mais gente nesse caminho", comenta, fazendo um paralelo entre a criação e o contexto atual do bloco dos meninos.
Se no Luxo o papel que assume é de apenas apoiador dos filhos, no Concentra é a figura principal há muito tempo, quando buscou inspiração em blocos como o "Quem é de Benfica" e "Cheiro".
"Ele surgiu da união de cerca de quinze amigos e a gente sempre se concentrava em uma praça perto da minha casa no Cocó. Desde aquela época, nós fomos tradicionais e não inovamos nada. É até engraçado, não temos novidade. Temos nossas marchinhas, frevos e sambas-enredo antigos, com um público que sempre uniu todas as faixas etárias", diz.
Da energia transmitida por ele ainda existe bastante, mas o momento também é de renovação. "Muita gente que fundou o Concentra agora está em casa descansando, não quer mais saber de Carnaval. Agora também temos gente nova, já que a idade também pesa, então enxergamos nisso a oportunidade de deixar o bloco em outras mãos".
Em 2005, o grupo assumiu de vez a Praça do Ferreira como polo e Marvioli continua sendo a figura principal do mesmo. "Chegamos ali porque o público aumentou muito. O espaço que ocupamos é ideal, central e democrático para todo mundo participar", relata.
Do pai para os filhos
Entre um ciclo carnavalesco e outro, há 13 anos ele também fortaleceu o elo com a festa na figura dos filhos. Não bastasse organizar o "Concentra, Mas não Sai", deu a ideia a Mateus e Bruno: colocar um bloco na rua no qual as músicas cearenses fossem valorizadas.
"Fomos aprovados no edital logo depois de eu dar essa ideia a eles. Tudo começou ali no Benfica e eles acabaram chegando na Praça do Ferreira também, onde ocorre o Concentra", comenta Marcus. Segundo ele, os filhos já tinham essa tendência ao Carnaval desde cedo, quando viram nele o sentimento folião.
Para Mateus Perdigão, um dos "meninos", a imersão dele e do irmão, assim como a criação do Luxo, foi algo orgânico, resultado das vivências e admiração pelo pai. "Nós víamos ele e minha mãe brincando há anos. Quando adolescentes não tínhamos noção de que poderíamos fazer parte daquilo junto com eles e isso aconteceu com o tempo", acredita.
A partir daí, a relação com a música e a ideia concedida por Marvioli deu lugar à vontade de cada um dos integrantes do Luxo. "Ele participa muito. Nós fazemos o trabalho, claro, mas a figura dele é de conselheiro". Mateus finaliza dizendo que enxerga no pai o papel de um grande criador.
Energia
Tanto tempo depois daquele início, Marcos não visualiza o momento de parar. Ainda que a presença do cansaço já seja uma realidade, ele faz questão de ressaltar a rotina corrida entre os meses de janeiro e fevereiro.
"Saio sexta, sábado e domingo. Agora está mais fácil por conta da mudança de horários, então dá tempo de sair do nosso e ainda chegar em outros blocos depois", diz aos risos, como quem anseia pela crescente da festa a cada fim de semana.
Mesmo afirmando sentir a energia "diminuindo", Marvioli não dá sinais de cessar tão cedo entre as figuras ícones do Pré-Carnaval em Fortaleza. "É uma coisa mais leve hoje em dia, mas minha animação é grande. Gosto de tudo isso", encerra ao deixar a certeza de que o importante mesmo é carnavalizar.