Filme 'Virgínia e Adelaide' narra o encontro de duas mulheres pioneiras da psicanálise no Brasil

O drama tem estreia prevista para o primeiro semestre de 2025

Escrito por Diego Benevides* , verso@svm.com.br
Sophie Charlotte e Gabriela Correa interpretam Adelaide Koch e Virgínia Bicudo em longa-metragem inédito
Legenda: Sophie Charlotte e Gabriela Correa interpretam Adelaide Koch e Virgínia Bicudo em longa-metragem inédito
Foto: Divulgação

Exibido fora de competição do último Festival de Cinema de Gramado, o drama nacional “Virgínia e Adelaide” resgata a memória de Adelaide Koch, psicanalista alemã que vem ao Brasil em 1936 para escapar da perseguição nazista aos judeus. No ano seguinte, ela conhece Virgínia Bicudo, uma jovem pesquisadora negra que se tornaria a sua primeira paciente e a primeira psicanalista brasileira.

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No filme, Virgínia e Adelaide são duas mulheres cultas que, a partir de realidades tão distantes, estabelecem uma relação de trabalho que se transforma em uma amizade imersa em solidariedade e respeito mútuos. Formada em Medicina, Adelaide concorda em atender Virgínia como possibilidade de melhorar sua fluência na língua portuguesa e se reencontrar na profissão, enquanto Virgínia, que trabalha como professora universitária, é motivada a discutir o seu próprio lugar como mulher negra na sociedade.

O roteiro, assinado por Jorge Furtado com colaboração Yasmin Thayná, se estabelece a partir da repetição de sessões de psicanálise em que as duas podem exercer amplamente os seus papéis como pensadoras contemporâneas. A obra também trabalha com inserções de imagens de arquivo e encenações adicionais em que elas performam diante da câmera, dispositivos que ajudam a construir um panorama mais abrangente das personagens.

Encontro de gerações

Furtado e Thayná também dividem a direção de “Virgínia e Adelaide” e representam duas gerações distintas de cinema. O gaúcho, que foi homenageado pelos 40 anos de carreira no 52º Festival de Cinema de Gramado, se estabeleceu como um dos grandes nomes da cinematografia nacional, sendo autor de obras audiovisuais como “Meu Tio Matou um Cara” (2004) e “Rasga Coração” (2018), além de vasta experiência na televisão.

Já Thayná se destacou no circuito de mostras e festivais de cinema ao realizar obras premiadas como “Kbela” (2015) e “Fartura” (2019), que discutem relações sociais e étnicas no Brasil. Thayná foi considerada pela revista Forbes como um dos 90 nomes brasileiros abaixo de 30 anos mais brilhantes em sua área de atuação e pela revista Wired como uma das 50 pessoas que transformam a criatividade no Brasil. “Virginia e Adelaide” marca a primeira experiência da cineasta carioca no formato de longas-metragens.

Jorge Furtado e Yasmin Thayná dividem a direção e o roteiro de Virgínia e Adelaide
Legenda: Jorge Furtado e Yasmin Thayná dividem a direção e o roteiro de “Virgínia e Adelaide”
Foto: Divulgação

“É um grande prazer e uma honra poder contar a história destas duas mulheres extraordinárias. Este filme conta a história deste encontro e é o resultado de um encontro, meu com a Yasmin, uma jovem e muito talentosa diretora. Aprendi muito com ela neste processo, demos o melhor de nós, espero que a gente volte a trabalhar juntos logo que possível”, afirma Furtado.

O encontro de duas gerações de realizadores resulta em um filme que prioriza o formato narrativo mais clássico, utilizando-se de poucas locações, dos muitos e longos diálogos e das comprometidas atuações das atrizes Sophie Charlotte e Gabriela Correa. O resultado não exclui a inserção de pequenos gestos de experimentação das imagens, mas sem perder de vista a centralidade da relevância de duas mulheres que marcaram a história o país. A previsão de estreia em circuito comercial é para o primeiro semestre de 2025.

*Colaboração especial para o Verso do Festival de Gramado

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