Cearense é finalista do Prêmio Kindle de Literatura 2021; nordestinos dominam disputa

Autora do romance “A Filha Primitiva”, Vanessa Passos disputa a honraria com autores de Pernambuco, Bahia e Espírito Santo

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: Vanessa Passos concorre à honraria com o romance de estreia, “A Filha Primitiva”, livro sobre a história de uma geração de mulheres
Foto: Divulgação

Divulgada nesta segunda-feira (13), a seleção de autoras e autores finalistas do 6º Prêmio Kindle de Literatura conta com a presença de uma cearense. Vanessa Passos concorre à honraria com o romance de estreia, “A Filha Primitiva”, livro sobre a história de uma geração de mulheres, englobando avó, mãe e filha. Unidas pelo abandono e pela dor, elas carregam fissuras devido à fé, o ceticismo e os segredos presentes no íntimo.

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Juntamente à Vanessa, também integram a lista outros três nordestinos: a baiana Juciane Reis, autora de “Xirê das Águas”; e os os pernambucanos José Manoel Torres, com “Ciudad Augusta: Uma distopia latino-americana”, e Eduardo Soares, de “A Jurema: Sob o Céu do Sertão”. Além deles, disputa o prêmio Jeovanna Vieira, natural do Espírito Santo e residente no Rio de Janeiro, com o livro “Virgínia Mordida”.

Os finalistas foram escolhidos dentre as mais de 2.400 obras inéditas inscritas nesta edição, avaliados em critérios como criatividade, originalidade, qualidade de escrita e viabilidade comercial. 

Agora, eles passarão por um júri especial, composto por Sueli Carneiro, filósofa, escritora e ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro; Socorro Acioli, jornalista e escritora brasileira, colunista do Diário do Nordeste; e João Paulo Cuenca, escritor, cineasta e finalista do prêmio Jabuti. O trio será responsável por eleger a obra vencedora.

O autor ou a autora premiada receberá R$50 mil – um prêmio em dinheiro de R$40 mil e um adiantamento de direitos autorais de R$10 mil pelo contrato de publicação da versão impressa do livro pelo Grupo Editorial Record, em um dos selos editoriais. 

Além disso, os títulos dos finalistas receberão versão em audiobook, que estará disponível no Audible para milhões de membros em mais de 180 países em todo o mundo. Também receberão destaque nas comunicações da Amazon.

O Prêmio Kindle de Literatura já premiou os escritores Gisele Mirabai, por “Machamba”; Mauro Maciel, por “O memorial do desterro”; Eliana Cardoso, por “Dama de paus”; Barbara Nonato, por “Dias Vazios”; e Marília Arnaud, por “O Pássaro Secreto”. Todas as obras inéditas foram publicadas de forma independente através do Kindle Direct Publishing, ferramenta de autopublicação da Amazon.

Tantas mulheres

Primeira narrativa de teor longo assinada por Vanessa Passos, “A Filha Primitiva” ultrapassa questões de sangue. A narrativa, ambientada em Fortaleza, se interessa sobretudo naquilo que ilumina e obscurece o caminhar das mulheres.

O encorpado painel de reflexões e análises tecidos pela autora fez com que o livro priorizasse, nas linhas e entrelinhas, o tema da maternidade, focando principalmente na difícil e intrincada relação entre mãe e filha: uma avó negra que esconde quem é o pai da filha; uma mãe branca que escreve para saber quem é e rejeita a maternidade; uma filha que recebe a raiva da mãe e já nasce sentindo a dor de ser mulher. 

Legenda: O romance "A Filha Primitiva", da cearense Vanessa Passos
Foto: Divulgação
Legenda: Livro “A Jurema: Sob o Céu do Sertão”, do pernambucano Eduardo Soares
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Legenda: Livro “Ciudad Augusta: Uma distopia latino-americana”, do pernambucano José Manoel Torres
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Legenda: Livro "“Virgínia Mordida”, da capixaba Jeovanna Vieira
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Legenda: Lvro “Xirê das Águas”, da baiana Juciane Reis
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Em entrevista ao Verso, Vanessa dá mais detalhes sobre a trama. “Minha protagonista tem raiva da mãe, dos homens, do mundo e de si mesma. Para alguns, ela pode parecer odiável, mas eu entendo seus motivos e isso é lindo. Nós, escritoras, escrevemos também com o corpo e com a memória, e nossas vivências também estão ali, de algum modo, mesmo o texto não sendo autobiográfico”, contextualiza.

Assim, a escritora está presente no romance tanto no momento do parto normal quanto na extrema dificuldade financeira que já vivenciou, além da desconfiança em relação à presença masculina. “Há um pouco de mim em tudo e, ao mesmo tempo, não há. É ficção, é história – não vivida, mas sentida em cada palavra escrita”, resume.