Heitor, o menino que lacra o preconceito na Internet

Essa é uma carta aberta ao meu mais novo mini-ídolo

Legenda: Meu ídolo, Heitor, ao lado da mãe, Bia Traunmuller
Foto: Foto: Milene Cristina

Oi, Heitor! Tudo bem?

Eu me chamo Silvero Pereira, sou artista, cearense e agora posso me considerar seu fã. Recentemente, assisti um vídeo seu falando sobre o preconceito que sua família sofre na internet com os haters e fiquei encantado com o seu jeito de falar e de defender sua mãe.

Sabe, Heitor, eu nasci em 1982, tenho 42 anos, mas quando te vi na rede social, me enxerguei em você. Quando eu era criança, eu também não gostava de brincar de futebol e se no meu tempo existissem Vingadores, provavelmente, eu também detestaria. Eu não conheço as músicas do Now United ou BTS, só ouvia Xuxa, você conhece? Eu brincava de coisas diferentes de você, mas também me diziam que bonecas não eram para mim.

Fui um menino muito tímido, Heitor, chorava por tudo. Meu apelido era “manteiga derretida”, de tanto que eu chorava. Naquele tempo, não existia celular no interior do Ceará, nem mesmo Instagram ou “caixinha de perguntas”. As pessoas se sentiam no direito de falar sobre o meu jeito e os meus gostos na rua mesmo, na cara da minha mãe ou na minha frente.

Heitor, eu sofria muito com isso, mas diferente de você, eu não sabia me defender. Eu não sabia dizer com tanta firmeza do que eu gostava de brincar, do que eu não gostava de fazer ou ter tanta clareza sobre o quanto sou amado pela minha família. Mas você sabe. Você e vários outros meninos hoje em dia estão crescendo livres e fortes. E como eu admiro isso, Heitor!

Tenho revivido muitas lembranças da infância ultimamente, algumas não são boas, mas encontrar o seu vídeo na internet fez carinho no meu coração. Eu concordo com você, as pessoas devem ter muita inveja de quem pode crescer em um lar cercado de amor, cuidado e respeito. Torço muito pra que sua mãe, Bia, não receba mais nenhum hate, mas quero seguir vendo você lacrar a internet sempre.

Você tem sorte! Sua família também.

Beijos nos gêmeos.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor



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