"A pandemia é um acelerador de processos na vida das pessoas", explica o psicoterapeuta Tom Trajano

Cada vez mais presente nos meios digitais, o psicólogo clínico estreia coluna no Diário do Nordeste, nesta sexta-feira (16)

Escrito por Felipe Azevedo , felipe.azevedo@svm.com.br
Legenda: Tom Trajano: psicólogo e psicoterapeuta, ele passa a assinar coluna semanal no Diário do Nordeste
Foto: Thiago Gadelha

A pandemia deu mais trabalho ao psicólogo clínico e psicoterapeuta Tom Trajano. Os atendimentos aos  pacientes se intensificaram, em sua clínica, em Fortaleza, ou mediado pelas telas, em formato online. Trajano já vinha ampliando a sua presença nos meios digitais. Reflexões sobre a vida, entrevistas e palestras sobre espiritualidade fazem parte do repertório que agora também está disponível em canais online.

Nesta semana, o discurso terapêutico de Tom Trajano ganha mais um canal. Nesta sexta-feira (16), ele estreia uma coluna semanal no Diário do Nordeste. A proposta é tratar de questões profundas – e também sobre o que “seu coração mandar”. “Estou motivado, aceitei o convite porque vejo verdade no projeto”, diz, durante entrevista no terraço de sua casa. 

Legenda: Trajano: "O coração é que aponta nossos caminhos"
Foto: Thiago Gadelha

“Vou trazer aquilo que meu coração apontar, eu vou escrever. Isso pode ser desde temas na órbita do noticiário, ou não. O coração é que aponta nossos caminhos. 'Onde tiver o teu coração, ali estará o tesouro' (a citação é do Evangelho de Mateus): isso, para mim, é muito importante”, detalha.  

Morte e vida  

De fala calma e compassada, Trajano reflete sobre o comportamento humano no momento em que o mundo vive a pandemia da Covid-19.  Na conversa, multiplicam-se questões: o que podemos aprender com a crise sanitária? O que a morte nos mostra? As pessoas mudam ao ter contato com a finitude? Indagações que o leitor encontrará em suas colunas.

Para o psicólogo clínico, lidar com a morte pode transformar o comportamento humano. “Ela sensibiliza uns; outros, não. É muito sábio você aprender quando passa por uma experiência, mas é muito mais sábio quando você aprende com a experiência alheia”, pondera.

Mesmo passando por problemas parecidos, pessoas encaram de forma diferente as consequências drásticas causadas pelo vírus, ensina Tom Trajano.  Enquanto alguns passam a ter mais empatia e se tornam mais solidários após a experiência traumática de aproximação com a morte, outras pessoas continuam indiferentes. "Essas não têm nada que podemos dizer que está errado, é apenas algo possível. As pessoas aprendem à medida que elas têm olhos de ver”, pontua.  

“Eu ajudo as pessoas no processo de autoconhecimento para o fortalecimento da identidade, para encontrar uma melhor versão de si mesmo”, explica Tom Trajano. Ao falar sobre o que tem ouvido dos pacientes sobre o impacto da crise no trato social, Antônio Trajano crava que “a pandemia é, na verdade, um acelerador de processos internos e externos”. 

As mudanças, explica, ocorrem nos âmbitos familiar, social e dos relacionamentos. O valor material das coisas, por exemplo, muda de significado à medida que as pessoas vão tendo contato com a morte, com a finitude, aponta o psicólogo.

A morte é um grande parâmetro para a vida. As pessoas começam a pensar ‘o que eu estou fazendo da minha vida, como estou utilizando meu tempo?”’, explica Tom Trajano.

São questões como essa que aproximam o seu lado espiritual de um público que não parou de crescer nos últimos anos.

Convergir, não divergir 

Espírita, ele é presidente do Grupo Paz e Bem, que no ano passado arrecadou cerca de R$ 550 mil em alimentos para ajudar famílias carentes durante a pandemia em Fortaleza. “Quando estamos nesse caminho de busca e melhoria interna, nos reconhecemos com defeitos e virtudes – sentimos naturalmente a necessidade de compartilhar aquilo que temos”, reflete.

O credo pessoa não o distancia de outras vivências da espiritualidade. “Eu fluo fácil com católicos, evangélicos, budistas, com umbandistas e diversas expressões", conta o psicólogo. "O meu foco sempre é o que converge, não é o que diverge", afirma.