"A pandemia é um acelerador de processos na vida das pessoas", explica o psicoterapeuta Tom Trajano
Cada vez mais presente nos meios digitais, o psicólogo clínico estreia coluna no Diário do Nordeste, nesta sexta-feira (16)
A pandemia deu mais trabalho ao psicólogo clínico e psicoterapeuta Tom Trajano. Os atendimentos aos pacientes se intensificaram, em sua clínica, em Fortaleza, ou mediado pelas telas, em formato online. Trajano já vinha ampliando a sua presença nos meios digitais. Reflexões sobre a vida, entrevistas e palestras sobre espiritualidade fazem parte do repertório que agora também está disponível em canais online.
Nesta semana, o discurso terapêutico de Tom Trajano ganha mais um canal. Nesta sexta-feira (16), ele estreia uma coluna semanal no Diário do Nordeste. A proposta é tratar de questões profundas – e também sobre o que “seu coração mandar”. “Estou motivado, aceitei o convite porque vejo verdade no projeto”, diz, durante entrevista no terraço de sua casa.
“Vou trazer aquilo que meu coração apontar, eu vou escrever. Isso pode ser desde temas na órbita do noticiário, ou não. O coração é que aponta nossos caminhos. 'Onde tiver o teu coração, ali estará o tesouro' (a citação é do Evangelho de Mateus): isso, para mim, é muito importante”, detalha.
Morte e vida
De fala calma e compassada, Trajano reflete sobre o comportamento humano no momento em que o mundo vive a pandemia da Covid-19. Na conversa, multiplicam-se questões: o que podemos aprender com a crise sanitária? O que a morte nos mostra? As pessoas mudam ao ter contato com a finitude? Indagações que o leitor encontrará em suas colunas.
Para o psicólogo clínico, lidar com a morte pode transformar o comportamento humano. “Ela sensibiliza uns; outros, não. É muito sábio você aprender quando passa por uma experiência, mas é muito mais sábio quando você aprende com a experiência alheia”, pondera.
Mesmo passando por problemas parecidos, pessoas encaram de forma diferente as consequências drásticas causadas pelo vírus, ensina Tom Trajano. Enquanto alguns passam a ter mais empatia e se tornam mais solidários após a experiência traumática de aproximação com a morte, outras pessoas continuam indiferentes. "Essas não têm nada que podemos dizer que está errado, é apenas algo possível. As pessoas aprendem à medida que elas têm olhos de ver”, pontua.
“Eu ajudo as pessoas no processo de autoconhecimento para o fortalecimento da identidade, para encontrar uma melhor versão de si mesmo”, explica Tom Trajano. Ao falar sobre o que tem ouvido dos pacientes sobre o impacto da crise no trato social, Antônio Trajano crava que “a pandemia é, na verdade, um acelerador de processos internos e externos”.
As mudanças, explica, ocorrem nos âmbitos familiar, social e dos relacionamentos. O valor material das coisas, por exemplo, muda de significado à medida que as pessoas vão tendo contato com a morte, com a finitude, aponta o psicólogo.
“A morte é um grande parâmetro para a vida. As pessoas começam a pensar ‘o que eu estou fazendo da minha vida, como estou utilizando meu tempo?”’, explica Tom Trajano.
São questões como essa que aproximam o seu lado espiritual de um público que não parou de crescer nos últimos anos.
Convergir, não divergir
Espírita, ele é presidente do Grupo Paz e Bem, que no ano passado arrecadou cerca de R$ 550 mil em alimentos para ajudar famílias carentes durante a pandemia em Fortaleza. “Quando estamos nesse caminho de busca e melhoria interna, nos reconhecemos com defeitos e virtudes – sentimos naturalmente a necessidade de compartilhar aquilo que temos”, reflete.
O credo pessoa não o distancia de outras vivências da espiritualidade. “Eu fluo fácil com católicos, evangélicos, budistas, com umbandistas e diversas expressões", conta o psicólogo. "O meu foco sempre é o que converge, não é o que diverge", afirma.