Pitaya: benefícios, como plantar e como comer

Também conhecida como fruta do dragão, ela atua na prevenção de doenças crônicas e auxilia na perda de peso

Exótica, e com uma casca em formato de escama, a pitaya é uma fruta rica em benefícios para saúde do organismo. Também conhecida como fruta do dragão, ela atua na prevenção de doenças crônicas, como diabetes e câncer, além de combater o envelhecimento precoce. 

O alimento é o fruto de algumas espécies de cactos e é nativo do continente americano. De polpa úmida, suculenta e repleta de sementes, as características físicas diferentes chamam a atenção em comparação às frutas tropicais comuns.    

O que é 

A pitaya é uma planta originária da América e possui diversos tipos, conforme a nutricionista Tatyane Costa*. Pertencentes à família Cactaceae, as espécies comerciais são principalmente duas: a de casca vermelha, chamada Hylocereus undatus, e a de casca amarela, Selenicereus megalanthus.  

A palavra "pitaya" é indígena e significa fruto de escama. Ela é conhecida mundialmente como fruta do dragão.   

Do ponto de vista nutricional, o insumo tem uma composição semelhante a outras frutas tropicais, como o kiwi, e se destaca principalmente pela textura da polpa e a grande quantidade de sementes.  

Úmida, a fruta contém poucos lipídios — moléculas formadas pela associação entre ácidos graxos e álcool, tais como óleos e gordura —, e quando consumida com outros alimentos pode auxiliar para uma dieta equilibrada, lista a especialista.  

Ela ainda é rica em betalaínas — espécie de pigmento que compõe diferentes cores em flores e frutos —, que possui a propriedade de combater radicais livres — responsáveis por doenças degenerativas e o envelhecimento e morte celular —, por serem um forte antioxidante natural.  

É possível encontrar o alimento em estabelecimentos especializados na venda de hortaliças e frutas, além de supermercados. 

Qual é o gosto da pitaya? 

De polpa úmida e suculenta, com textura firme e macia, repleta de sementes, Tatyane Costa descreve o sabor da fruta como doce e destaca que ela possui um alto valor nutricional. 

Tipos 

 

Existem vários tipos de pitaya, porém, as mais facilmente encontradas são a amarela e a vermelha, explica a nutricionista, que lista quais são as principais características de cada uma.    

Pitaya amarela: A Selenicereus megalanthus é originária das regiões da Colômbia ou Equador, e, como já indica o nome, possui casca na cor amarela, enquanto a polpa varia entre branco e translucida com sementes maiores do que as encontradas na versão vermelha. 

A Selenicereus setaceus é um fruto comumente encontrado no Brasil, conhecida como pitaya do cerrado. Ele se apresenta como pequenas frutas com espinhos.    

Pitaya vermelha: Hylocereus undatus possui cerca de 25 espécies do gênero, e é nativa do México, Guatemala, Costa Rica e El Salvador. Tem a casca em tons de vermelho e polpa branca, além de sementes menores.

 A fruta de casca e polpa vermelha é a Hylocereus emairei. 

Quais os benefícios da pitaya?

O consumo regular da fruta pode trazer diversos efeitos positivos para o organismo, segundo Tatyane Costa. O alimento é associado a prevenção de doenças crônicas, combate ao envelhecimento precoce, entre outros.  

Estudos indicam que um dos principais benefícios da inclusão da pitaya na alimentação é a redução do risco de mortalidade devido às doenças cardiovasculares. Alguns pesquisadores também associam a ingestão do alimento à quimioprevenção do câncer — uso de agentes químicos naturais ou sintéticos na reversão, bloqueio ou prevenção do surgimento da doença.     

Por ser rica em betacianina, ela também atua como antioxidante e combate os radicais livres. A fruta também possui propriedades anti-inflamatória e efeitos antidiabéticos

Combate a anemia  

Os indivíduos que ingerem uma porção insuficiente de ferro podem desenvolver carência do mineral, apresentando estágios de anemia.  

Essas fisiopatologias começam quando a quantidade consumida não é suficiente para suprir as funções do organismo, gerando uma diminuição progressiva das reservas corporais da substância, resultando na anemia por deficiência de ferro — anemia ferropriva.   

Segundo a especialista, pesquisas indicam que o consumo da pitaya pode aumentar os níveis de concentração de ferro e de hemoglobina no sangue. E além do mineral, ela possui outro nutriente importante na composição que combate a doença: a vitamina C, que atua facilitando a absorção de ferro pelo indivíduo.

 

Controla a diabetes   

Caracterizada pela alta quantidade de açúcar no sangue, a diabetes é um grupo de doenças crônicas em que o corpo não produz ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. 

Conforme a nutricionista, a ingestão regular da fruta é associada por estudos à estabilização dos níveis glicêmicos do organismo. Ela também auxilia na inibição dos picos de açúcar que acontecem após comer alimentos com alto índice glicêmico. 

Melhora a pele  

Devido à alta capacidade antioxidante e às vitaminas E, C e do complexo B presentes na composição, o consumo regular do alimento contribui para a saúde da pele, das unhas e dos cabelos. Ele é rico em minerais como potássio, sódio, cálcio, ferro e fósforo, que também são benéficos para essas regiões do corpo.  

Os ácidos graxos presentes nas sementes ainda são eficientes para reduzir a caspa, além de regular o equilíbrio da oleosidade da pele, lista a profissional.  

Solta o intestino 

O consumo frequente da fruta auxilia no funcionamento correto do intestino, pois ela possui uma composição abundante em água e fibras, que atua na regularização do trânsito do sistema digestivo. Cada 100g de pitaya vermelha fornece cerca de 11,35g de fibras.    

As sementes dela possuem um efeito laxante e ajudam a combater a prisão de ventre. Já os oligossacárideos, também presentes na pitaya, aumentam a produção de probióticos que ajudam na digestão e no tratamento de infecções intestinais.    

O alto teor água do insumo além de ajudar no funcionamento do intestino melhora digestão, absorção de nutrientes, filtração renal e hidratação do organismo.   

Ajuda a emagrecer  

Por ser rica em fibras, a pitaya atua na estabilização dos níveis de açúcar no sangue e auxilia na regulação do intestino. Devido a essas propriedades, explica Tatyane Costa, ela ajuda na sensação de saciedade, contribuindo para o controle do apetite e auxiliando processos de perda de peso.   

A presença da tiramina é outro fator classificado como importante pela especialista, pois a monoamina ativa o Glucagon, estimulando o corpo a utilizar as reservas de gorduras, além de ainda atuar na inibição do apetite.  

No entanto, a profissional ressalta que nenhum alimento, por mais natural e saudável que seja, consegue promover o emagrecimento por si só. Portanto, se o indivíduo deseja emagrecer, é importante aliar atividade física com uma alimentação equilibrada. 

Como comer  

A pitaya, assim como as outras frutas, deve fazer parte da rotina alimentar, devendo ser incluída com frequência nas refeições. A nutricionista recomenda que o consumo de frutas seja de três a cinco porções no dia, devendo ser variadas, para atingir a recomendação de vitamina, minerais e fibras diárias.  

É possível comer o fruto in natura, mas também através do suco, sorvete, saladas, geleias e doces.  

Sorvete de Pitaya 

Ingredientes: 

  • 1/2 xícara de iogurte grego 
  • 1 banana bem madura congelada  
  • 1 pitaya congelada 
  • Adoçante natural a gosto 

Modo de Preparo: 

  • Congele a pitayae a banana de um dia para o outro. 
  • Bata no liquidificador o iogurte, a polpa da pitaya congelada, a banana picada já congelada e o adoçante. 
  • Sirva como preferir, com frutas, granola, castanhas, chocolate amargo, etc. 

Como fazer suco de pitaya 

 

Ingredientes 

  • 200g de polpa de pitaya 
  • 1 copo de água ou água de coco 
  • Suco de ½ limão 

Modo de preparo 

  • No liquidificador, adicione a pitaya, a água ou água de coco e o suco de limão; 
  • Bata até ficar homogêneo; 

A nutricionista recomenda que se adicione a água gradualmente, tentando usar o mínimo possível, pois assim a bebida fica consistente e ainda mais saborosa. 

Como plantar pitaya  

A pitaya é uma planta que apresenta capacidade de adaptação a condições ambientais distintas, podendo ser encontrada em regiões quentes e úmidas até em zonas altas e mais frias. 

No Brasil, o cultivo é recente e a Região Sudeste é a principal produtora com produção dos frutos nos meses de dezembro a maio. No entanto, o Ceará também é um estado produtor de pitaya, destacando as regiões da Chapada do Apodi nos municípios de Limoeiro do Norte e Quixeré com produção de frutos o ano inteiro.

De modo geral, a cactácea prospera em ambientes com temperaturas médias entre 18 °C e 27 °C e precipitações pluviométricas anuais relativamente baixas, detalha a professora e pesquisadora de Ciência e Tecnologia de Frutos Tropicais da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciana de Siqueira**. 

Apesar de ser pouco exigente em relação à qualidade do solo, a especialista explica que a planta requer uma adubação rica em matéria orgânica e nutrientes, como nitrogênio, potássio e fósforo. Por ser uma cactácea, é bastante resistente a condições de estresse hídrico. 

Outro ponto importante para a manutenção da saúde do vegetal é o sombreamento, que se faz necessário para evitar que os ramos sofram insolação direta e também para aumentar a taxa de frutificação. Contudo, ele não pode ser excessivo.

O plantio da pitaya pode ser realizado com a utilização das sementes, estacas ou a compra direta de mudas. É possível cultivar a cactácea no interior da casa/apartamento ou no quintal/varanda, conforme a bióloga Rayane Ribeiro***. Ela frisa que o local destinado para a planta deve possuir espaço para o crescimento dela, principalmente em altura, já que pode atingir alguns metros na vertical.   

Por ser uma planta de hábito trepador, a especialista indica que sejam utilizados suportes, como estacas de madeira ou bambus, ao longo do crescimento da estrutura vegetal. Podem ser usados barbantes para realizar as amarras ao suporte, mas mantendo o cuidado de não machucar a planta. 

Plantio da semente da pitaya 

  • Após o consumo da pitaya, retire as sementes da polpa, podendo até usar uma peneira para separá-las;  
  • Em seguida, lave as sementes em água corrente e as plante. Inicialmente, é possível utilizar um copo plástico como vaso. O recipiente deve ter substrato/terra e furos no fundo. No entanto, após o crescimento da muda é necessário repassar a planta para um local maior;   
  • As sementes germinam com facilidade, mais ou menos, entre 8 e 12 dias após o plantio;
  • A rega deve ser constante, mas não é necessário encharcar o substrato.  

Além das sementes, a especialista diz que também é possível usar pedaços do caule de uma pitaya adulta para o plantio.  

Manutenção da planta

Em relação aos cuidados com a planta, Rayane Ribeiro indica que ela fique exposta ao sol, de preferência, no período da manhã, até as 10h. Não é recomendável que a cactácea fique sob forte exposição à luz solar.  

Alguns meses após a transferência das mudas do copo para um recipiente maior é necessário o plantio em um vaso grande ou em um canteiro, que deve ter, no mínimo, 50 cm de profundidade para garantir o espaço necessário para o crescimento da planta.  

 

*Tatyane Costa Lima é nutricionista, graduada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Possui pós-graduação em Nutrição Clínica e Fitoterapia Aplicada, aperfeiçoada em Bioquímica e Metabolismo. Atua em consultório particular em Fortaleza – CE, promovendo atendimento e acompanhamento nutricional para adultos e idosos com foco na nutrição preventiva, mudança de hábitos e melhora da qualidade de vida. 

**Luciana de Siqueira Oliveira é professora adjunta da Universidade Federal do Ceará (UFC) onde também atua como pesquisadora na área de Ciência e Tecnologia de Frutos Tropicais, sendo Doutora em Bioquímica pela UFC, Mestre em Bioquímica pela UFC e Bacharel em Engenharia de Alimentos pela UFC. 

***Rayane de Tasso Moreira Ribeiro é Bióloga (UFC), Mestra (USP), Doutora e Pós-Doutora em Botânica (UFRPE). Além disso é professora (SEDUC-CE) e Assistente da Iniciativa de Guias de Campo do Museu Field de História Natural (Keller Science Action Center, Chicago, EUA).