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Rodrigo Pacheco elogia 'declaração à nação' do presidente Jair Bolsonaro; veja repercussões

Em nota publicada nesta quinta-feira (9), Bolsonaro disse que as ameaças contra o STF '"decorreram do calor do momento"

Escrito por Folhapress e Diário do Nordeste ,
Pacheco falando
Legenda: Após Bolsonaro publicar nota recuando das declarações antidemocráticas, o presidente do Senado disse que é "disso que o Brasil precisa"
Foto: Marcos Oliveira / Agência Senado

Uma hora após a divulgação da nota em que Jair Bolsonaro (sem partido) recua de seus ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que a manifestação do chefe do Executivo vai ao encontro do que a maioria dos brasileiros espera. 

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Em "declaração à nação" publicada nesta quinta-feira (9), Bolsonaro disse que as ameaças contra o STF '"decorreram do calor do momento" (ver nota na íntegra abaixo).

Até a publicação desta matéria, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não tinha se manifestado sobre o assunto.

Por outro lado, adversários declarados do presidente da República aproveitaram o recuo para criticá-lo. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chamou Bolsonaro de "rato".

Nota de Bolsonaro

Na nota, Bolsonaro recua dois dias após atacar o STF e afirma que nunca teve "nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes".

"A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar", afirmou o presidente.

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Na terça-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não cumpriria decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Manifestações sobre nota

Pacheco foi um dos primeiros a se manifestar sobre a nota oficial do presidente da República, elogiando a postura de Bolsonaro:

"A declaração à nação do presidente Jair Bolsonaro, afirmando inclusive que a 'harmonia entre os Poderes é uma determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar', vai ao encontro do que a maioria dos brasileiros espera", escreveu o presidente do Senado, em suas redes sociais.

"Respeito entre os Poderes, obediência à Constituição e compromisso de trabalho árduo em favor do desenvolvimento do país. É disso que o Brasil precisa e que vamos continuar defendendo", completou.

Assim como os chefes dos outros poderes, os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do STF, Luiz Fux, Pacheco havia criticado no dia anterior a escalada das tensões, após os atos de 7 de Setembro e as falas de Bolsonaro.

​Pacheco havia feito pronunciamento para falar que o Brasil era um país em "crise real" e que a solução não estava em "autoritarismo" e nem em "arroubos antidemocráticos".

Também nas redes sociais, o ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que o gesto de Bolsonaro, ao divulgar a nota, demonstra que "estamos unidos no trabalho".

"A harmonia e o diálogo entre os poderes compõem as bases nas quais se sustenta nosso país. O gesto do presidente Jair Bolsonaro demonstra que estamos unidos no trabalho pelo que mais importa, a recuperação do nosso país e o cuidado com os brasileiros", escreveu Nogueira.

Nos bastidores, aliados de Lira afirmam que a mudança do tom do presidente atende também a pedidos do presidente da Câmara e do ministro da Casa Civil. Ambos vinham pedindo ao mandatário que ele cessasse os ataques aos Poderes.

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Para esses interlocutores, Bolsonaro colocou em risco votos de eleitores moderados em meio a um cenário de inflação em alta, crise hídrica e aumento dos preços de combustíveis. Por isso precisava reagir.

Ministros do STF avaliam que o presidente da República percebeu que seu isolamento chegara a um nível inédito e precisava recuar sob o risco de ter perdas eleitorais.

Adversários e aliados criticam Bolsonaro 

Já os adversários de Bolsonaro aproveitaram o recuo para atacá-lo. João Doria, também nas redes sociais, escreveu que o presidente virou um rato. "O leão virou um rato. Grande dia", escreveu o governador de SP.

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Aliado do presidente, o pastor Silas Malafaia também criticou o recuo do presidente da República e disse que o ministro Alexandre de Moraes "continua a ser um ditador".

"Continuo aliado, mas não alienado! Bolsonaro pode colocar a nota que quiser, Alexandre de Moraes continua a ser um ditador da toga que rasgou a Constituição e prendeu gente inocente. Minhas convicções são inegociáveis", escreveu em redes sociais.

Ao jornal Folha de S.Paulo, Malafaia diz ainda não falou com o presidente a respeito, mas fez uma suposição. "Como Temer é quem indicou Alexandre, quer dizer, tem uma comunhão muito grande – estou supondo, hein? –, pode ser um acordo: Bolsonaro dá um passo atrás para Alexandre de Moraes encerrar esses inquéritos. Estou supondo, tá? Se não for isso, aí vou dizer pra você que o presidente vai ficar em maus lençóis com a base dele."

O blogueiro bolsonarista Allan Santos foi outro aliado a se manifestar nas redes sociais: "A realidade: a nota foi horrorosa e uma confissão de bravata. A mentira: que desejo ver o presidente fora do poder. A lição: não defenda seu sentimento contra a realidade, mesmo que isso custe caro, cumpra o que você promete".

Vice-presidente da CPI da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), tantas vezes atacado por Bolsonaro, se mostrou cético sobre as intenções do presidente ao divulgar a nota: "Torço para que isso seja refletido na prática, e que não sejam apenas palavras ao vento. Continuaremos vigilantes", afirmou.

O presidenciável do PDT Ciro Gomes também comentou o recuo do presidente nas redes sociais. Segundo ele, a nota "é a rendição mais ridícula e humilhante de um presidente em toda história mundial. E a prova de que ele não tem mais autoridade política nem moral de governar o país".

Leia nota de Bolsonaro na íntegra:

No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.

2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.

6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.

7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.

8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.

9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.

10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.

DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA

Jair Bolsonaro

Presidente da República federativa do Brasil

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