De Quixadá ao Pará, os OVNIs assustam e encantam o Brasil

Escrito por
Xico Sá producaodiario@svm.com.br
Legenda: Quixadá, no Interior cearense, se destaca pelos relatos envolvendo Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs)
Foto: Divulgação

Ali para as bandas de Quixadá, todo mundo já viu ou verá em breve. Até a ilustre e cética Rachel de Queiroz confessou em uma crônica, na década de 1960, ter visto um objeto luminoso e não-identificado, nas terras de Não Me Deixes, a fazenda da família naquele município do sertão central.

Lembrei do espanto da escritora ao ouvir o podcast “Operação Prato”, produzido pela Globo, que conta sobre o caso ufológico no norte do Brasil conhecido como fenômeno do “chupa-chupa”. O acontecimento extraordinário envolveu até a política nacional.

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No final da década de 1970, durante a Ditadura Militar, um contingente da Força Aérea Brasileira foi encarregado de investigar a aparição de OVNIs nos céus do Pará. Vinte anos depois, o capitão Uyrangê Hollanda, um dos líderes daquela expedição, afirmou que os dados de sua pesquisa foram censurados e que, na realidade, seus homens foram atacados por seres espaciais.

“Oi?”, indagará o leitor diante do enunciado. Calma. Tudo começou em dezembro de 1977, com relatos de estranhos objetos voadores sobre a região de Colares, uma pequena cidade paraense localizada na Ilha do Marajó.

As pessoas afirmaram ter visto, inicialmente, coisas luminosas vagando no espaço sideral. Depois, confessaram ter sido atacadas por raios — alguns habitantes foram hospitalizados com marcas de queimaduras que ficaram conhecidas como “chupa-chupa”.

A repercussão do caso levou a FAB a abrir investigações, no final de 1977. No comando de uma equipe de 20 militares, Uyrangê Hollanda foi intenso e analisou ondas de OVNIs que foram relatadas desde a Baixada Maranhense até a divisa com o estado do Pará. Havia um registro, próximo à Ilha dos Caranguejos, a 30 km de São Luís, de um homem morto por queimaduras.

O inquérito foi encerrado em 5 de dezembro, sem ter encontrado qualquer evidência de visitas alienígenas na região.

Vinte anos depois, no entanto, Hollanda decidiu voltar ao tema. Em uma entrevista para a revista UFO, ele revelou que sua equipe viu sim a presença de gigantescas espaçonaves multicoloridas maiores que um prédio de trinta andares, além de objetos em formato de pratos em um local chamado Baia do Sol.

As declarações do capitão provocaram um rebuliço na FAB. Dois meses depois da entrevista, ele foi encontrado morto em sua casa, na região dos Lagos, estado do Rio. O acontecimento gerou muitas teorias da conspiração, entre elas a de queima de arquivo e a possibilidade de que o militar tenha forjado a sua morte para fugir do Brasil.

O laudo policial constatou, porém, que ele havia se enforcado com a corda de seu roupão.

É uma história de arrepiar, com muito mais drama e complexidade do que este meu simples e apressado resumo.

O tema é sempre instigante e carregado de mistérios. E se quiser ter mais ideia sobre Ets (ou quase isso) nos sertões do Ceará, veja o filme  “Área Q”, produzido por Halder Gomes, baseado em relatos populares. Tem também, na mesma geografia afetiva, o documentário “Labirinto”, dirigido por Margarita Hernández e Tibico Brasil. Ô riqueza!

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.