PF faz operação contra esquema de compra de votos e cumpre mandado na sede da Prefeitura em Maracanaú
A gestão municipal, por meio de nota, disse desconhecer o motivo da operação e reforçou não ter "vínculo com supostos crimes eleitorais"
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A Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão, na manhã desta quinta-feira (27), no município de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza. Um dos locais visitados pelos agentes foi uma sala localizada no prédio da Secretaria das Relações Institucionais, situada na sede da Prefeitura. A Operação Vale Voto investiga crimes eleitorais ocorridos durante o primeiro turno das eleições municipais de 2024. Os policiais também estiveram em um imóvel residencial no bairro Pajuçara, suposto local onde ocorreu a prática ilegal no ano passado.
A gestão municipal, por meio de nota, disse desconhecer o motivo da operação e reforçou não ter "vínculo com supostos crimes eleitorais". O Município acrescentou ainda que, "pelas informações disponíveis", o alvo das investigações é um vereador. Conforme apurou o PontoPoder, o alvo da operação seria o vereador Cristiano de Almeida Lima (MDB), atual secretário de Relações Institucionais.
No auto circunstanciado de busca e apreensão, os agentes da PF relataram que "o vereador Cristiano de Almeida Lima não possui sala específica na Prefeitura de Maracanaú". "Não foi possível a realização da busca, pois não tem como se arrecadar bens e documentos específicos", informaram.
Investigações
De acordo com o delegado da PF Igor Conte, as investigações começaram a partir de denúncias recebidas no dia da eleição relatando intensa movimentação de eleitores em uma residência no bairro Pajuçara. À época, equipes da Polícia Federal, com apoio da Polícia Militar, realizaram diligências no local e constataram indícios da prática de compra de votos. Durante as abordagens, eleitores confirmaram ter recebido valores em troca do voto.
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Informações colhidas no local, aliadas a depoimentos posteriores, reforçaram os indícios de um esquema estruturado de corrupção eleitoral. "As investigações prosseguiram, novos elementos foram coletados e foram solicitadas novas medidas ao Poder Judiciário para o aprofundamento das investigações. Os materiais foram recolhidos, encaminhados para a sede da Superintendência e serão analisados no momento oportuno", informou o delegado.
Na operação desta quinta-feira, a PF apreendeu celular e um montante em dinheiro vivo.
Os investigados poderão responder pelos crimes de compra de votos (art. 299 do Código Eleitoral), associação criminosa (art. 288 do Código Penal) e transporte irregular de eleitores (art. 302 do Código Eleitoral). As penas somadas podem chegar a até 13 anos de reclusão, além das sanções eleitorais cabíveis.
O que diz a Prefeitura
Em nota enviada ao PontoPoder, a Prefeitura de Maracanaú informou que não houve "arrecadação de qualquer bem" no prédio público durante a operação.
"A Prefeitura de Maracanaú, por meio desta nota, vem informar que, até a presente data, não tem conhecimento do teor meritório da busca e apreensão ocorrida hoje, 27, na Secretaria das Relações Institucionais. Esclarecendo também que a Administração Municipal não tem nenhum vínculo com supostos crimes eleitorais, que por ventura ocorreram nas municipais de 2024. Vale ressaltar que, pelas informações disponíveis, os procedimentos são voltados à pessoa física de um candidato a vereador, nas eleições de 2024. Acrescenta ainda que não houve nenhuma determinação prisional, tratando-se exclusivamente de mandado de busca e apreensão", diz o texto.
O secretário Cristiano de Almeida Lima foi procurado pela reportagem, mas não foi localizado.