Qual o impacto para o consumidor cearense com a construção do Arco Metropolitano? Entenda
Segundo o Núcleo de Infraestrutura da Fiec, o frete deve ficar pelo menos 30% mais barato com o tráfego de veículos de carga pela futura rodovia
Empresários da indústria pesada e de outros segmentos ligados ao escoamento da produção por meio do Porto do Pecém avolumam o interesse na construção do Arco Metropolitano de Fortaleza. Segundo Heitor Studart, coordenador do Núcleo de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o frete convencional deve ficar pelo menos 30% mais barato com o tráfego de veículos de carga pela futura rodovia.
Esses eixos estruturantes do Estado têm de ser conclusos para dar suporte a toda essa demanda que se projeta dos próximos 10, 20 anos, inclusive com a chegada do hub de hidrogênio verde.
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Representantes do setor empresarial estiveram reunidos nesta terça-feira (7) na sede da Fiec para participar de palestra, em conjunto com o Governo do Estado através da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), que apresentou o estágio atual do projeto do Arco Metropolitano de Fortaleza. Ao todo, devem ser investidos R$ 1,26 bilhão em obras de construção e manutenção.
O projeto é composto por seis fases antes do início da licitação e, de acordo com Liana Fujita, secretária-executiva de Obras da Seinfra, a pandemia atrasou o cronograma dos estudos da nova rodovia, retomados principalmente a partir deste ano após determinação do governador Elmano de Freitas.
Ela acrescentou que, caso o projeto transcorra conforme previsto no cronograma atualizado, o edital para concessão do Arco Metropolitano, que será a primeira rodovia estadual construída e administrada pela iniciativa privada, seja lançado em 2024, com obras iniciadas no mesmo ano e previsão de entrega de toda a estrada já em 2026 — último ano do mandato atual de Elmano de Freitas.
“A gente acredita que em algum momento do ano que vem a gente lança o projeto e mais dois anos para a construção do Arco Metropolitano. Dentro dessa gestão, a gente consegue concretizar, mas a gente vai apresentar o projeto para a Casa Civil e para o governador. É um projeto com um potencial muito grande”, ponderou a secretária-executiva.
Esse será o preço total de investimento do Arco Metropolitano de Fortaleza ao longo de 30 anos
EMBRIONÁRIO E DESEJADO
Os prazos revelados por Liana Fujita dão conta de um projeto que está na iminência do início das obras, mas a situação atual mostra outro cenário. Os dados apresentados pelo consultor técnico da Seinfra, engenheiro Cyro Regis, aos empresários nesta terça-feira evidenciam que o Arco Metropolitano está ainda na fase de atualização dos estudos de demanda. Antes de o Governo lançar o edital para as empresas interessadas no projeto, são necessários outros seis trâmites legais:
- Atualização dos estudos de demanda;
- Atualização da modelagem financeira;
- Encaminhamento ao grupo técnico da Seplag para exame;
- Submeter a aprovação do Comitê Gestor do Estado;
- Encaminhar para o Tribunal de Contas do Estado (TCE);
- Audiência e consulta pública;
Do ponto de vista ambiental, o Arco Metropolitano encontra-se com a licença prévia autorizada, válida até maio de 2027. A concessão da via para a iniciativa privada tem prazo total de 30 anos, sendo dois anos de construção da nova estrada e mais 28 anos de administração, com cobrança de pedágio em três pontos — o que não ocorre mais em rodoviais estaduais.
A nova via deve funcionar como alternativa ao Quarto Anel Viário, cuja duplicação se arrasta há mais de 13 anos nas cidades da Região Metropolitana de Fortaleza. Ao contrário dessa obra, o Arco Metropolitano deverá ser custeado sobretudo pela iniciativa privada, entre construção e manutenção.
Além disso, a via ficará mais distante da Capital, priorizando o tráfego do Porto do Pecém e desviando para áreas menos populosas o grande fluxo de veículos de carga pesada.
“O objetivo é ligar a BR-116 ao Pecém e cortar as CEs e BRs que convergem para Fortaleza, se tornando opção de fluxo”, afirmou Liana Fujita.
A secretária-executiva de Obras da Seinfra, contudo, pontua que a principal reivindicação dos empresários na Fiec, a de que o Arco Metropolitano já seja entregue duplicado, deve encarecer consideravelmnte a obra.
O projeto foi apresentado com pista simples no trecho entre a BR-116 e a BR-222, tem 88,7 km de extensão, sendo a parte a ser construída. O restante, pouco mais de 20,1 km, é correspondente a CE-155, que liga a BR-222 ao Porto do Pecém, já existente e com duas faixas em ambos os sentidos.
OUSADIA NO INVESTIMENTO
Conforme a apresentação de Cyro Regis aos empresários, a nova estrada seria construída já com bases prontas para uma futura duplicação, caso necessária com o aumento da demanda. A previsão dos técnicos da Seinfra é que, em 20 anos, o Arco Metropolitano salte de 40 para 85 mil veículos trafegando por dia pela via.
A reclamação dos empresários é endossada por Heitor Studart. Na esteira de grandes empreendimentos, sobretudo com a consolidação do hub de hidrogênio verde no Pecém, o coordenador do Núcleo de Infraestrutura da Fiec afirmou que a rodovia deveria nascer já inteiramente duplicada.
“Temos de fazer o projeto completo, pista dupla e se possível em pavimento rígido de concreto, não se pode ter as experiências passadas de deixar para se fazer depois, tanto na transposição de São Francisco, duplicações dos sifões do Eixão das Águas, o próprio Anel Viário que começou em pista simples, hoje está parado, tentando se duplicar. Hoje o preço do concreto está praticamente o mesmo do asfalto, temos que pensar logo na obra completa”, defendeu.
Outro ponto destacado por Studart está no ecossistema econômico criado nas imediações do Arco Metropolitano de Fortaleza, favorecendo a instalação de empresas que optaram por não se estabelecer no Quarto Anel Viário em virtude do atraso nas obras pela duplicação.
“Várias empresas atacadistas, centros de distribuição, deixaram de se instalar, deixaram de fazer seus CDs aqui em torno do Anel Viário em função do estado precário da rodovia. Veja que só esse benefício indireto de geração de emprego e renda é muito significativo, esse potencial social será de combate a fome, de emprego, de renda”, explicitou.
"O Arco Metropolitano cruza ainda duas vezes a Transnordestina isso gerará um polo intermodal de carga e descarga, portos secos, zona alfandegária. Isso tudo traz interiorização do desenvolvimento, fixando o homem ao campo com condições plenas de emprego e melhor renda", acrescentou
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Ceará (Sinconpe-CE), Dinalvo Diniz, celebrou a apresentação e a aproximação entre o Governo do Estado e o setor industrial, mas alertou para possíveis mudanças na infraestrutura do futuro Arco Metropolitano.
“Geralmente, ao longo das rodovias se desenvolvem parques industriais, são uma indutora de desenvolvimento e esse deve ser também o caso. A nossa preocupação é que o Governo do Estado tenha o cuidado de reservar áreas e que não torne essa rodovia uma avenida, tornar um arruamento diferente da sua concepção”, frisou.