Indústria reclama: demanda é insuficiente e falta gente

Sondagem da CNI indica, também, que que os juros elevados e a alta carga tributária são as grandes preocupações dos industriais

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 03:56)
Legenda: De acordo com a Sindagem Industrial da CNI, a demanda da indústria segue insuficiente
Foto: José Rodrigues Sobrinho / Diário do Nordeste

De acordo com a Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a demanda interna insuficiente foi o problema que, no primeiro trimestre deste ano, mais aumentou para os empresários industriais. No quatro trimestre de 2024 (outubro, novembro e dezembro), esse entrave ocupava a quinta posição no ranking dos principais problemas enfrentados pela indústria. Agora, ele divide a segunda colocação da lista junto com as taxas de juros elevadas.

Mas é a alta carga tributária que segue sendo apontada como a principal preocupação dos empresários industriais. 

Segundo o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a queda da procura por bens industriais é consequência de fatores como a alta taxa de juros e a diminuição dos gastos públicos. Ele diz que o problema pode impactar a tomada de decisão dos industriais.  

“A alta demanda é o que sustenta a atividade industrial, porque ela requer mais produção, emprego e investimentos. Quando o empresário percebe uma menor demanda, ele fica mais receoso em fazer esses movimentos”, explica Marcelo Azevedo. 

Antes mencionada por 30,6% dos empresários, a elevada carga tributária foi agora citada por 33,3% dos industriais como um dos três principais problemas enfrentados. A preocupação com a taxa e juros Selic saltou de 25% para 27,1% do total de empresas, enquanto o problema da demanda interna insuficiente cresceu 4,8 pontos percentuais, de 22,3% para 27,1% do total de empresas. 

A falta e o alto custo de trabalhadores qualificados e de matéria-prima fecham a lista dos cinco principais obstáculos citados pelos empresários. 

Na passagem do quatro trimestre do ano passado para o primeiro trimestre deste ano, o índice de satisfação com a situação financeira caiu 2,1 pontos, de 50,9 para 48,8 pontos. O resultado indica que a percepção dos empresários sobre as condições financeiras das empresas passou de positiva para negativa. Já o indicador de satisfação dos industriais com o lucro operacional dos próprios negócios caiu de 45,8 pontos para 43,8 pontos, tornando-se ainda mais negativo.

Enquanto isso, o capítulo cearense do Instituto Brasileiro dos Executivos Financeiros prepara-se para promover hoje, quarta-feira, 24, em parceria com a PwC Brasil, a segunda edição do bate-papo “Tendências do Setor de Varejo e Consumo no Brasil”. O evento, que se realizará no auditório do edifício BS Design,  reunirá líderes e especialistas do setor para discutir as mudanças que estão moldando o mercado e a importância da confiança nas marcas em tempos de crise financeira e tecnológica.

Recente pesquisa da PwC, que ouviu mais de 4,7 mil CEOs em mais de 100 países, incluindo o Brasil, apurou que a carência de mão de obra qualificada se destaca como a maior ameaça para esses executivos do setor de Varejo e Consumo. A pesquisa revela que 41% dos entrevistados apontam essa carência como um desafio crítico para os próximos 12 meses. Apesar desse obstáculo, 62% dos CEOs acreditam em uma aceleração da economia local nos próximos 12 meses.

Em contrapartida, a pesquisa também destaca que 63% dos líderes relatam ganhos de eficiência no uso do tempo dos funcionários graças à implementação da Inteligência Artificial Generativa, e 64% planejam investir na integração da IA para desenvolver competências e aprimorar a força de trabalho, sinalizando uma busca por inovação e adaptação em meio aos desafios enfrentados.

A moderadora do evento de hoje será, Luciane Sallas, vice-presidente no Ibef-Ceará e diretora Executiva de M. Dias Branco, enfatiza a necessidade de adaptação às novas demandas do consumidor.

“A evolução do consumidor brasileiro exige uma reinvenção constante das estratégias de varejo e consumo. Nosso evento trará à tona insights valiosos das pesquisas mais recentes, destacando a crescente confiança na Inteligência Artificial para tarefas cotidianas e a importância de experiências de compra integradas”, disse ela.

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