Protagonistas do churrasco, carnes e cerveja ficam mais caras para o consumidor de Fortaleza
Enquanto no Brasil, no acumulado do ano, a média de aumento foi de 1,81%, em Fortaleza, o produto teve alta de 6,49% no mesmo período
Que o brasileiro gosta de churrasco, todo mundo sabe, inclusive o prato foi tema de promessa de campanha política. Porém, a famosa picanha (corte nobre) está longe de ser acessível para todos os domingos aqui em Fortaleza. Enquanto no Brasil, no acumulado do ano (de janeiro a outubro), a média de aumento foi de 1,81%, em Fortaleza, o produto teve alta de 6,49% no mesmo período.
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O levantamento de dados faz parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Almplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos mercados, nesta última semana, foi possível encontrar o quilo da peça entre R$ 65 e R$ 79 no produto nacional e até R$ 90 o preço do quilo do produto argentino. Para quem não abre mão do corte, mas não tem orçamento para comprar a peça inteira, é possível encontrar picanha fatiada por cerca de R$ 38.
O contrafilé é outro corte nobre que também teve o preço com aumento maior em Fortaleza (7,33%) do que a média do país (5,54%). Neste caso, os preços do quilo, na peça, variam de 48 a R$ 65.
Já a costela bovina (tradicional corte em outras regiões do país), dos pedaços propícios para churrasco, foi a que menos teve elevação no preço em Fortaleza (1,52%), contra 5,99% na média das outras capitais. Aqui vale ressaltar que cortes como maminha, fraldinha e cupim não são considerados pelo estudo do IPCA e, por isso, não aparecem no nosso “cardápio”.
Astros na brasa e com o preço mais em conta
No acumulado do ano, outros cortes que também fazem parte do churrasco tiveram menos aumento nos preços por aqui. Enquanto a carne de porco subiu 3,58 em Fortaleza, a média nas outras capitais ficou em 7,71%.
Já a linguiça teve deflação de 1,27% na Capital, enquanto no Brasil o preço se manteve estável. O frango em pedaços, conforme chamado na pesquisa, teve aumento de 4,32%, enquanto no resto do país fechou com uma média de 6,27%.
Segundo o economista Alex Araújo, o diferencial de preços regionais está na estrutura da cadeia de abastecimento, que inclui a proximidade de centros produtores de carne no Nordeste e a menor participação de intermediários. “Impactando positivamente os preços, dando uma vantagem para Fortaleza”.
Ele reforça que “o poder de compra médio mais modesto da população da região também leva os comerciantes a adaptar os preços, evitando aumentos abruptos para não perder consumidores”.
Já com relação aos cortes nobres, como picanha e contrafilé, Araújo afirma que é preciso levar em conta as pressões que o preço sofre, devido a fatores como a logística e a demanda específica para esses cortes.
“Muitas vezes, essas carnes são provenientes de grandes frigoríficos, localizados em outras regiões (centro-oeste, sudeste, sul), aumentando o custo com transporte. Além disso, cortes nobres têm um consumo relativamente elitizado em Fortaleza, o que possibilita que o mercado local pratique uma margem maior, pressionando o preço final”.
Sobre a composição do preço da carne, o economista Ricardo Coimbra comenta que o setor está passando por um momento de sazonalidade, principalmente com a redução do alimento do animal. “Em função do problema climático e da redução da quadra chuvosa nesse período, o custo da carne acaba subindo um pouco mais, então aqueles animais que precisam de uma engorda mais significativa para a produção da carne, você precisa ter um custo mais elevado na ração.
Ele ainda explica que no caso do uso da ração ultraprocessada, por ser mais seca, é preciso gastar mais também com água para o animal. “No caso do esteiro, do capim, o consumo de água é menor”.
Cerveja também está mais barata por aqui
Acompanhante do churrasco em muitos casos, a cerveja que se compra em mercados também teve um aumento menor em Fortaleza (2,65%) do que na média brasileira (4,28%), quando se considera o acumulado entre janeiro e outubro deste ano.
Para Coimbra, o fato do preço da bebida consumida aqui na região ser “um pouco mais acessível”, tem a ver com parte dos custos desses produtos estarem relacionados com o custo logístico.
“No caso da bebida, da cerveja, a gente tem uma grande unidade de produção de cerveja na nossa região, o que faz com que tenha um menor impacto no custo logístico. A lógica de preços tanto para a cerveja quanto para a carne deve estar relacionada com isso”.
Tendência é preço mais barato ser mantido
Sobre a possibilidade desses preços mais baixos se manterem até o final deste ano aqui em Fortaleza, Araújo destaca que pelo detalhamento do IPCA, a tendência é que se mantenham os reajustes menores do que a média brasileira, “pois estamos com uma estrutura de custos para alimentos mais favoráveis do que do resto do Brasil”.
Ele explica que essa vantagem deve durar até a confirmação de um bom período de chuvas, no estado, o que deve ocorrer entre fevereiro e março.