Poupança por assinatura: o que é, como funciona e saiba se vale a pena

O serviço pode atende quem tem dificuldade em guardar dinheiro, mas traz riscos para quem não faz bom uso do cartão de crédito

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
pessoa colocando moeda em cofrinho de porco
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Foto: Shutterstock

Poupar dinheiro mostrou-se ainda mais importante na pandemia e é uma vontade de grande parte dos brasileiros – segundo pesquisa da consultoria Schroders, 58% dos entrevistados pretendem poupar mais. Mas, nem todos conseguem guardar parte dos rendimentos todos os meses. 

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Foi pensando nessa dificuldade que surgiu a poupança por assinatura. Hoje no Brasil apenas uma fintech chamada Monis oferece o serviço, que possibilita debitar do cartão de crédito uma quantia pré-estabelecida para ser poupada. 

A assinatura da poupança cai automaticamente no cartão de crédito como uma assinatura de outros serviços, como Netflix ou Spotify. O dinheiro cobrado pode ser posteriormente resgatado com rendimento de 100% do CDI, segundo a Monis. 

Como funciona a poupança por assinatura? 

De acordo com o CEO e fundador da Monis, André Vilar, a ideia da fintech é ajudar as pessoas a conseguirem guardar dinheiro sem precisar se preocupar diretamente com isso.  

“As pessoas sabem da importância de guardar dinheiro e não conseguem fazer isso. É um serviço que não depende de uma mudança de comportamento”, aponta. 

A assinatura da poupança da Monis é gratuita, sendo necessário cadastrar o número de celular no site para começar. Vilar conta que em breve a empresa também oferecerá um aplicativo para facilitar o processo. 

O usuário define um objetivo como uma compra ou viagem, delimitando quanto se quer juntar e qual o valor pode ser descontado semanalmente. E, então, cadastra o cartão de crédito que será debitado. 

A transferência dos valores poupados pode ser feita para uma conta pessoal por meio de PIX ou TED a partir de 30 dias e o dinheiro cai em até um dia útil.  

A empresa chama atenção para vantagens como a comodidade e a possibilidade de acumular milhas com a poupança a depender do cartão de crédito utilizado.  

Afinal, vale a pena? 

A educadora financeira da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Cintia Senna, considera a poupança por assinatura um serviço arriscado. 

Dado o nosso perfil de não termos o hábito de poupar e observando qual que o principal tipo de dívida dos brasileiros é o cartão de crédito, digo que não é uma vantagem dado que a gente pode fazer a mesma coisa de outras formas e sem qualquer risco
Cintia Senna
educadora financeira da Abefin

O perigo da poupança por assinatura está em, por algum problema financeiro, a pessoa não conseguir pagar a fatura do cartão de crédito. Isso porque os juros rotativos do cartão são os mais altos que existem no mercado, chegando a até 350% ao ano. 

“O risco maior é criar um hábito de poupar, mas pagar juros que vão ser muito maiores que qualquer retorno financeiro”, coloca. 

Melhores formas de poupar 

Cintia destaca que as instituições financeiras costumam oferecer opções de poupança programada, em que parte do dinheiro que cai na conta é direcionado de forma automática para a poupança e sai do débito. Essa é uma opção mais segura, já que não incorre juros caso a conta corrente esteja sem dinheiro. 

O pontapé inicial para quem quer guardar dinheiro deve ser ter em mente um sonho. É atrás desse objetivo que todo o planejamento para poupar será feito. 

Ela incentiva que a poupança pode ser feita a partir de qualquer valor; mesmo que sejam valores pequenos, o que mais importa é a disciplina em realizar aportes frequentes. 

“Poupar é importantíssimo. Ninguém consegue progredir, se não com um golpe de sorte sem poupar. Temos que começar a poupar mesmo quando está difícil, encontrar brechas. A construção da riqueza vem aos poucos e temos que correr atrás dela”, reforça o coordenador do MBA de gestão financeira da FGV, Ricardo Teixeira. 

Ele indica que se tente guardar pelo menos 10% dos ganhos mensais, inicialmente para formar uma reserva de emergência e, posteriormente, pensando em aposentadoria.  

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