Planejamento financeiro é a melhor estratégia para evitar imprevistos

Ter o orçamento em rédea curta e fazer um reserva de emergência pode evitar inadimplência. Desemprego, problemas de saúde e até divórcio colocam as finanças em risco

Escrito por Redação ,

Crise econômica, desemprego, problemas de saúde... Inúmeros são os riscos que podem colocar em xeque a saúde financeira das famílias. Para evitar maiores danos ao orçamento, a regra é agir como em um jogo de xadrez: sempre pensar no que pode acontecer na próxima jogada. É consenso entre especialistas em educação financeira que fazer uma reserva de emergência é a melhor forma de passar por momentos de crise com mais facilidade.

Rozana Ventura, planejadora financeira pela Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), ressalta que as pessoas devem fazer um planejamento independentemente do cenário de crise ou não.

Ela frisa que as pessoas têm de olhar com mais cuidado para o orçamento e realmente colocar em prática as premissas básicas da educação financeira, como realizar o controle de ganhos e gastos, separar as despesas essenciais das desnecessárias, cortar o que não for prioritário e pensar bem antes de adquirir novas dívidas.

"É preciso racionalizar e realmente ter reflexões que a gente vai deixando para depois. A família realmente precisa de dois carros? O ar condicionado precisa ficar ligado o dia todo? Preciso comprar roupa todo mês?", adverte Ventura.

A planejadora financeira, que considera a disciplina o ponto-chave, tranquiliza que é difícil seguir as recomendações apenas durante a fase de adaptação na nova rotina. "Tem que ter disciplina e continuar aplicando tudo isso no dia a dia. É aquele ditado: sobrevive em tempos difíceis quem se adapta", afirma sobre como lidar na adaptação.

"As pessoas têm dificuldade de parar e pensar na vida financeira. Esse assunto tem que deixar de ser um tabu. Eu costumo dizer que o dinheiro é o instrumento pelo qual a gente alcança nossos sonhos. Então porque o instrumento é tão sofrido?", acrescenta.

Rotina

Uma das dicas da especialista para facilitar a constituição da reserva de liquidez mês a mês é separar o dinheiro que será guardado, numa espécie de fundo particular, assim que receber o salário. "Não deixa para separar no fim do mês, com o que sobrar. Quando você separa logo, passa a contar apenas com o dinheiro restante. Depois, isso vai acabar sendo natural e automático", orienta.

Rodrigo Alexandre, técnico e representante da Proteste Associação de Consumidores, aponta que o ideal seria se a pessoa pudesse juntar uma reserva que desse conta dos gastos fixos do orçamento por um período de seis a 12 meses. A tática seria pensando justamente em períodos de apertos, para quando vierem "as ondas mais fortes". Ele ainda ressalta que, se possível, é que seja separado 10% da renda para esta reserva.

"A gente sabe que a realidade do brasileiro é bem dura. O salário acaba antes do fim do mês. Se os 10% não forem viáveis, a orientação é que os indivíduos guardem o que for possível. O importante é não deixar de fazer esse planejamento".

Pontos críticos

A diretora do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Darla Lopes, lista as principais situações que podem comprometer o orçamento e que são pontos de alerta para a saúde financeira. O primeiro deles é o imediatismo, que faz com que os indivíduos assumam dívidas que não têm condições de arcar no momento. O desemprego também é um sinal vermelho, uma vez que a pessoa deixa de receber o salário todo mês.

Doenças e problemas de saúde também podem trazer riscos ao orçamento, uma vez que acontecem de forma inesperada e podem durar longos períodos. "Além desses, o divórcio também é um ponto muito observado que pode causar desequilíbrio. Porque as contas eram divididas e, quando há a separação, às vezes a pessoa não estava preparada para arcar com todas as despesas sozinha", alerta Lopes.

Próximos movimentos

Feita a análise do "jogo" do seu orçamento, é tempo de definir a melhor estratégia para os seus próximos movimentos. A diretora do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Darla Lopes, esclarece que é preciso identificar o perfil de investidor de cada um.

"Fazer essa reserva não deixa de ser um investimento, porque nós temos de colocar esse recurso em algum lugar que ele esteja coberto pela inflação, ou seja, garantindo que ele não irá perder dinheiro e que esteja aumentando", explica. Ela detalha que, caso o indivíduo não esteja muito disposto a correr riscos, ele deve procurar produtos mais conservadores.

Já se ele aceitar maiores riscos em troca de uma maior rentabilidade, ele pode ser considerado um investidor mais agressivo. Sabendo disso, ele vai procurar produtos que sejam mais compatíveis com o perfil dele.

Outro ponto a se ficar atento na hora de definir onde colocar a reserva de emergência, segundo Darla, é a liquidez do investimento, que nada mais é do que o tempo que terá de ser esperado para a retirada do dinheiro. "Para reservas de emergência é necessário produtos de alta liquidez, porque emergências acontecem a qualquer momento. Alguns produtos têm um prazo maior para essa retirada, então se acontecer um imprevisto e eu só puder sacar esse dinheiro daqui a três meses eu corro o risco de ficar inadimplente, que é o que a gente quer evitar com uma reserva", explica.

Ela acrescenta que opções com um prazo maior podem ser boas opções para quem já possui uma reserva e quer investir em um novo produto. "É importante também escolher uma instituição em que você confia para realizar o investimento, seja com banco, corretora, consultor de investimentos. Quem não tem muita familiaridade com o assunto deve pesquisar um pouco antes de chegar à instituição", aponta a diretora do Ibef adiantando um pouco do conteúdo da nossa próxima edição.

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