Por que temos tantos índices de inflação? Entenda o que IPCA, IGP-M, INCC e INPC significam

Os indicadores visam medir a variação de preços na economia, mas cada um utiliza metodologias diferentes

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Legenda: Os diversos índices consideram diferentes escopos e metodologias
Foto: Shutterstock

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, é o indicador que mede a inflação oficial do país; ou seja, quanto os preços da economia variam mês a mês. Para além dele, outras siglas medem essa mesma variação, mas com foco em outros escopos e metodologias. 

Além do IPCA, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) são alguns dos mais conhecidos e utilizados, seja em análises macroeconômicas ou no dia a dia, para reajustes de contratos.  

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Por mais que se debrucem sobre um mesmo fenômeno – a inflação –, alguns índices medem a variação voltada para segmentos ou classes sociais específicos. A instituição que faz a coleta de dados também difere. 

Para o coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, Vladimir Fernandes Maciel, a existência de diversos índices possibilita uma fotografia mais ampla do cenário econômico atual e como cada pessoa percebe a pressão inflacionária. 

[A inflação] não é tudo a mesma coisa. A inflação é uma para cada pessoa, para cada empresa, porque depende do que você compra”
Vladimir Fernandes
Coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica

Convergência de resultados 

O professor de economia e finanças da UFC Sobral Marcel Moraes explica que, com vários indicadores, também é possível verificar se ocorre uma convergência nos resultados, ajudando a identificar se alguma pesquisa está enviesada. 

“A gente tem a USP, FGV, Dieese, calculando índices em locais diferentes exatamente para a gente verificar se há uma convergência de resultados. Não dá para dizer que a inflação é um dado mascarado pelo governo, porque outras instituições calculam esse índice e em geral os resultados convergem”, aponta. 

Vladimir pondera, contudo, que os índices podem divergir entre si de acordo com o escopo em que trabalham. No caso de índices voltados para setores específicos, como é o caso do INCC, não necessariamente os dados serão próximos ao do IPCA, já que os produtos acompanhados são outros. 

“Se eles forem preços ao consumidor e estiverem cobrindo as mesmas áreas, tendem a ser próximos. Mas se comparar o índice de São Paulo e Fortaleza pode diferir. Mas não dá para comparar se é próximo ou não se forem setores diferentes, para afirmar algo tem que avaliar a evolução ao longo do tempo e ver a tendência”, destaca. 

Segundo ele, a percepção do consumidor nem sempre vai ser exata ao índice, já que ele não necessariamente consome os mesmos produtos avaliados na cesta elaborada pela instituição que calcula o dado.  

O economista considera que, mais que um simples dado, os indicadores devem ser utilizados pela população como ferramentas. Ele exemplifica que, tendo essa percepção da inflação, é possível escolher índices mais adequados no momento de reajustar contratos.  

“As pessoas tem que entender o índice como uma ferramenta, como um termômetro que está dizendo para onde está indo. Você vai sentir os preços talvez maiores porque não consome exatamente a cesta. É para você acompanhar e sentir que o que está sentindo no bolso não é só com você, é uma situação da economia”, coloca. 

O que significa cada indicador? 

IPCA 

O IPCA é considerado o índice que mede a inflação oficial do país e é utilizado pelo governo como referência para as metas de inflação. Calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ele mede os preços de uma cesta de consumo relativa a famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos. 

O levantamento é realizado em 13 áreas geográficas: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande 

IGP-M 

O IGP-M é medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é normalmente utilizado para reajustar contratos de aluguel. Ele é formado por uma média ponderada dos Índice de Preços do Atacado – Mercado (IPA-M), Índice de Preços do Consumidor – Mercado (IPC-M) e pelo Índice Nacional de Custo da Construção - Mercado (INCC-M). 

O objetivo do índice é ser mais abrangente, revelando as fontes de pressão inflacionária e a evolução dos preços de produtos e serviços mais relevantes para produtor, consumidor e construção civil. 

Ele é medido em Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador e inclui os setores de Alimentação, Habitação, Vestuário, Saúde e Cuidados Pessoais, Educação, Leitura e Recreação, Transportes, Despesas Diversas e Comunicação, sob o ponto de vista do produtor e do consumidor e Materiais e equipamentos, serviços e mão-de-obra. 

INPC 

O INPC também é medido pelo IBGE. Ele tem por objetivo a correção do poder de compra dos salários, através da mensuração das variações de preços da cesta de consumo da população assalariada com mais baixo rendimento.  

Ele considera famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, cuja pessoa de referência é assalariada e pertencente às áreas urbanas de cobertura do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC). 

A área de abrangência corresponde às regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Distrito Federal, Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. 

INCC 

Também medido pela FGV, o INCC monitora a evolução dos preços de materiais, serviços e mão-de-obra destinados a construção de residências no Brasil. Por conta disso, ele normalmente é utilizado para reajustar contratos de financiamento imobiliário. 

Ele é medido mensalmente e coleta dados em Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. 

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